~ 1991 | 1.2 ~

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Dumbledore chamou a atenção dos alunos depois que a seleção acabou. Provavelmente irá fazer um discurso antes do banquete começar.

Papai sempre disse que Dumbledore era um velho caduco. Não deveria ouvir uma palavra sequer que aquele homem dizia. Porém, acho que ele não era assim. Tinha um rosto que resplandecia inteligência, foco e... lealdade, talvez?

- Sejam bem-vindos! - disse ele alto, fazendo eu sair de meus pensamentos - Sejam bem-vindos para um novo ano em Hogwarts! Antes de começarmos nosso banquete, eu gostaria de dizer umas palavrinhas: Pateta! Chorão! Destabocado! Beliscão! Obrigado.

"Oras! Que malu..." Por um segundo, minha mente parou. Tinha conhecimento de magia, é claro, mas nunca vi algo assim acontecer: num instante os pratos estavam vazios, no outro, estavam cheios com diversos tipos de comida. Minha barriga roncou ao ver o banquete.

Levantei a cabeça e quando me dei conta, olhava para a mesa da Grifinória. Hermione Granger estava sentada de costas para a parede - de frente para mim. Olhava abismada tudo aquilo, mas com um brilho nos olhos diferente. Não pude deixar de sorrir ao ver sua cara de espanto e felicidade ao mesmo tempo.

Um menino moreno que estava sentado ao meu lado, me acordou dos meus devaneios:

- Logo no primeiro dia, você já está gostando de uma Grifinória? - zombou ele.

- Quem disse que estou gostando dela? E quem disse que deixei você falar comigo?

- Prazer, Blásio Zabini. - ele, que estava com as mãos como sinal de rendição, abaixou os braços e sorriu.

- Malfoy. Draco Malfoy. Esses são Crabbe e Goyle. - indiquei meus "amigos" que estavam sentados na minha frente.

-•-•-

O banquete acabou depois das diversas opções de sobremesas sumirem da mesa. Dumbledore iniciou um discurso que dizia quais eram as proibições no castelo e em seus arredores. Aquilo não se encaixava em mim, é claro. Eu, Draco Malfoy, só obedecia os Malfoy.

Antes de irmos para os dormitórios, Dumbledore disse que deveríamos cantar o hino da escola. Os bobalhões e traidores de sangue dos Gêmeos Weasley foram os últimos a terminar de cantar a música. E depois de sua marcha fúnebre acabar, foram os que mais bateram palmas.

O monitor-chefe da Sonserina chamou os primeiranistas, apresentou-nos o Barão Sangrento, fantasma da casa, e mandou a gente segui-lo.

Vi Hermione Granger levantar da mesa vermelha e dourada e olhar pra mim. Sorriu e mexeu os lábios dizendo "Boa noite". Foi a minha vez de fazer tal gesto e ver a menina corar e sumir em meio aos outros primeiranistas.

Zabini novamente me pegou olhando para a direção dos leoninos e disse numa voz ridícula:

-"Quem disse que eu gosto dela?"

Virei ruborizado de raiva e ele desatou a rir. Crabbe e Goyle vieram ao meu encontro com as bochechas cheias dos doces que haviam guardado da hora da sobremesa.

Fomos até as masmorras e, atrás de uma parede mágica, uma sala linda decorada com as cores da casa, verde e prata apareceu.

- A senha é: Serpensortia. Caso ela mude, avisaremos vocês. - o monitor disse - Os dormitórios femininos são à esquerda e os masculinos à direita. Seus malões estão postos em frente a cama de cada um dos alunos. Uma boa noite à todos. Qualquer dúvida, favor comunicar e trazer a mim. - ele se virou para nós, com cara de tédio, e foi sentar-se com uma menina de cabelos negros e olhos verdes.

Crabbe e Goyle fungaram atrás de mim. Cansado de toda essa baboseira de primeiro ano, fui andando e meio que empurrando os alunos para abrir passagem. Uma menina que empurrei no meio do caminho, exclamou um "Ai!" mais alto que o normal enquanto a outra olhava para mim como se eu fosse o amor de sua vida. Revirei os olhos e continuei meu caminho.

Subi até os dormitórios. Abri a porta e me desapontei. Cinco camas dispostas em círculos, com um cortinado e uma cômoda ao lado de cada uma. As cores eram as mesmas da sala. Uma serpente prata fazia o acabamento do teto. Um tapete persa com dezenas de cobras verdes, pretas e brancas forrava o meio do quarto. Falando assim, parecia que ele era enorme - mas não era. O meu quarto era maior que esse.

Achei a cama com a minha mala. Fui até ela, enquanto Goyle ocupava o meu lado esquerdo, Zabini o meu lado direito, Crabbe a cama ao lado de Goyle e um menino cujo nome eu não me interessava em saber, ocupava a cama que sobrara.

Fere meu orgulho dizer, mas confesso que Hermione Granger não saía da minha cabeça. Seus cabelos cacheados, seu sorriso, tudo! Ah!

- Sonhando com a leãozinho, Malfoy? - perguntou Zabini, levantando uma sobrancelha com um sorriso malicioso.

Crabbe olhou para Goyle perguntando "Quem?", que dava de ombros, sem compreender nada.

Olhei para Zabini com ar esnobe e respondi curto e grosso:

- Não. E mesmo se tivesse, mas não estou, mas SE tivesse, não seria da SUA conta.

Foi o suficiente para Blásio cair na gargalhada. Zangado, peguei meus pertences e entrei no banheiro, batendo a porta com força.

Olhei-me no espelho e pensei: "Droga! Que cara chato! Eu não estou 'apaixonadinho' pela leonina. Ela é bonita e tal. Bonita não, né Malfoy? Ela é linda! Mas o fato d'eu ter amado o sorriso dela não diz, necessariamente, que eu estou gostando dela, né?".

Tomei banho pensando nisso, e acabei deduzindo que não, não estava apaixonado. Eu simplesmente gostei dela como AMIGO, e talvez pudesse conversar com ela (até por quê, não condiz com um papel de Malfoy, andando com uma grifinória em plena Hogwarts).

Sorrindo satisfeito, voltei para o dormitório, e para minha sorte, Zabini estava deitado em sua cama, com as cortinas fechadas.

Deitei em minha cama, fechei minhas cortinas também, e me aconcheguei naquela cama quentinha.

There is not Always a Happy Ending | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora