Soldiers

Machucar

Acordei com meu celular tocando e eu não estava me sentindo bem para atendê-lo. Me mexi na cama e já haviam se passado três dias desde que Chanyeol foi para sua missão.

Suspirei cansado e esfreguei meus olhos. Me levantei da cama e fui para o banheiro. Lavei meu rosto e escovei meus dentes. Era uma manhã de sábado e o silêncio começou a me incomodar.

Voltei para o quarto depois de secar o rosto e sentei na cama. Peguei o celular e eram dez horas da manhã.

- Acho que dormi de mais. - murmurei e fui para a cozinha procurar alguma coisa pra comer e tomar minhas vitaminas. Quando as achei, tomei elas e fiz uma vitamina de maçã com banana e me sentei na cadeira.

Nesses dois dias, meus mamilos estavam mais sensíveis que o normal e eu achava isso merda, já que de alguma forma eu acabava ficando com uma ereção.

Olhei para a sala que estava um pouco bagunça e me deitei no sofá ligando a televisão, estava passando alguma série, mas não chamou minha atenção.

Então acabei viajando nos meus pensamentos cheios de "se" e só causei mais duvidas.

As horas pareciam se arrastar e eu queria que Chanyeol tivesse em casa, e que o tempo voltasse. Assim não teríamos Sehun e nem estaríamos estranhos um com o outro.

Encarei o teto da sala e suspirei. Estava entediado e Baekhyun até agora não me enviou uma mensagem, certamente deveria está fazendo alguma coisa de útil na vida.

Me levantei do sofá e olhei a bagunça que fiz ao redor e percebi que mesmo a casa estando bagunça, mão diminuiria a ausência de Chanyeol.

Resolvi arrumar toda aquela bagunça e fazer um almoço que permaneça no meu estômago e rezar para que o remédio de enjôo realmente funcione.

Às horas foram se passando e eu já havia almoçado e a casa estava arrumada. Olhei para os lados e esse silêncio me agonia.

Não tinha nada para fazer, nem cadernos para olhar ou corrigir alguma atividade que passei para os alunos.

Olhei as horas no relógio e eram dez da noite. Decidi que era hora de banhar, comer e dormir. Se Chanyeol não tinha chegado até agora, não iria chegar mais.

Depois do banho e barriga cheia, me deitei na cama e fechei os olhos. Eu havia guardado a ecografia, o guarda roupas estava arrumado, o quarto e os produtos no banheiro estavam alinhados. Não tinha mais nada para fazer.

Peguei meu celular e fiquei encarando a foto do papel de parede. Era uma minha e do Chanyeol.

Queria que ele chegasse logo, assim poderíamos conversar.

Estou com saudades...

Mandei a mensagem mesmo sabendo que não iria receber respostas.

Fiquei olhando para o teto e resolvi que iria para a casa da minha mãe dormir lá. Não queria ficar sozinho e encher minha cabeça de merdas.

Troquei de roupa e peguei as chaves do carro e da casa junto com meu celular e fui para a casa da mamãe.

- Meu amor. - sorri para ela, que me envolveu em um abraço caloroso.

Queria poder desabafar e falar que meu casamento não estava indo bem, porém, não iria preocupa-la.

- Oi. - a abracei bem forte e lembrei que ainda não tinha contato a novidade dela ser vovó.

Entramos para dentro e acabamos por tomar sorvete enquanto assistíamos uma série.

- Tenho uma coisa pra te contar. - tomei a atenção dela.

- Então conte.

- Eu estava pensando em engravidar... O que acha de ser vovó?

Mamãe sorriu e me abraçou.

- Acho que já passou da hora de vocês me darem um neto.

Sorri para a mamãe e fiquei feliz, eu estava esperando uma vida se formar dentro de mim.

- Parabéns vovó.

Minha mãe ficou alguns segundos sem acreditar no que havia escutado e depois de um tempo, gritou e pulou no sofá

- Parabéns meu amor! Quando meses?

- Indo para a quinta semana. - levei minha mão para a barriga e a acariciei. Não havia volume ali e se eu não tivesse um exame que comprova a existência de um bebê aqui dentro, não acreditaria que estou grávida.

- O que Chanyeol falou? Ele deve ter ficado doido, ele sempre me disse que queria ter uns quatro filhos correndo pela casa!

Suspirei com a animação de mamãe. Ela não sabia o que estava acontecendo.

- Não, ainda não sabe... Estou esperando ele chegar da missão para contar.

Meu peito se apertou e mudamos o foco do assunto e passamos a falar sobre minha alimentação. O que devo e não devo comer.

As horas foram se passando e eu havia capotado na cama do meu quarto, o qual mamãe se negou a mexer.

Dormi bem, me sentia em casa e quente.

E no dia seguinte fiquei com minha mãe e meu pai conversando sobre o bebê e que eu não deveria fazer isso e aquilo.

E quando percebi já era de noite. Provavelmente, Chanyeol voltaria amanhã.

Dirigi para cada conversando com Baekhyun.

- Então vocês se pegaram? - sorri de lado ao imaginar meu amigo com um sorriso bobo.

- Mais do que nos pegamos. Eu, Byun Baekhyun estou namorando, é oficial!

- Ele é o Zhang Yixing, o babaca. - imitei a voz do meu amigo e ele mandou eu me foder. - Bem que eu queria...

Baekhyun riu do outro lado.

- E você pode, Chanyeol chegou enquanto você estava na sua mãe.

- Como você sabe? - ergui minha sobrancelha, mesmo ele não podendo ver. Tentei segurar a batida forte que meu coração deu.

- Vi ele na farmácia comprando camisinhas. Se bem que vocês nem devem usar né?

Fiquei calado. Chanyeol e eu não era sempre que usávamos camisinhas.

- É.. Vou desligar agora, cheguei em casa e quero conversar com  Chanyeol.

Encerrei a ligação e desliguei o carro. Já estava de noite e as luzes estavam apagadas. Estacionei o meu carro e destranquei a porta.

A televisão da sala estava ligada, e eu pude escutar ruídos que chamaram muita minha atenção. Quando entrei na sala, vi algo que não queria.

Um sentimento estranho tomou conta de mim, e de repente me sentia sufocado. A raiva, a dor, a mágoa e infelizmente a dor de ver o meu marido, o homem, o qual eu amei durante anos e ainda amo, fodendo seu ex namorado no nosso sofá da sala.

O sofá, que passávamos várias tarde conversando coisas bobas. O sofá que presenciou vários de nossos gemidos e infelizmente, agora é o sofá, onde meu marido está me traindo com a pessoa que me fazia me sentir o ser mais inseguro do mundo.

Me escorei na parede e cruzei meus braços, ainda olhando aquela cena. A forma como Chanyeol puxava os cabelos de Sehun, e como aquela vadia gemia feito uma puta.

Eu queria chorar, quebrar tudo, esmurrar a cara de Chanyeol. Mas isso não valeria a pena, eu seria taxado novamente de louco é essa é a última coisa que quero.

Limpei minha garganta, fazendo os dois notarem minha presença ali, e me afastei da parede.

- Não se preocupem comigo, podem continuar.

Fui para o meu quarto, e tranquei a porta. Tudo que eu queria fazer era sair de casa e ganhar o mundo.
Mas percebi que isso não é algo que eu deva fazer. Não é somente eu, não existe somente eu, para tomar decisões egoístas. Existe um pequeno embrião, que está se desenvolvendo, e logo logo, estará em meus braços.

Me sentei na cama, e finalmente deixei minhas lágrimas escorrerem. Deixei a dor sair, para amanhã, me levantar e colocar tudo em seu devido lugar.