Capítulo quatro - O Estranho William King

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     Olho para o meu guarda roupa preocupada. Estou há uma hora nisso. Eu vou jantar com William e não sei o que vestir. Coloco todas as roupas sobre a cama analisando melhor, mas não vejo nada bom o suficiente.
     — Felicity, tenha calma! —  Roberta diz pintando as unhas dos pés. — Você tem um monte de vestidos aí, não tarda vai encontrar o apropriado.
    —  Eu tenho de encontrar o vestido perfeito.
     —  Você está muito nervosa! Você gosta dele? Mais do que Ronald? — Eu sento na cama olhando para a roupa bagunçada.
    — Nem me fale! Ronald está apaixonado por mim. Ele me disse ontem. Eu não esperava isso.
     — Aiiii! — Ela grita. —  Felicity, você é uma sortuda! Três homens babando você! Ronald, Gary e agora o tal William gostoso.
     — Você acha que isso é sorte? Eu não quero machucar ninguém. Primeiro, Gary, ele é um ano mais novo, não há problema nisso, mas White gosta dele. Segundo, já não sinto o que sentia por Ronald, e terceiro, não sei se William gosta de mim do jeito que eu quero. Acabamos de nos conhecer.
    — Me fala, o que ele faz? — Deus, ela é tão curiosa!
    — Tudo que eu sei sobre ele, é que se chama William King e que é milionário!
     — Mais nada?
     —  Mais nada!
     —  Eu vou ajudar você a ficar linda para ele. — Ela levanta e começa a vasculhar as minhas roupas.
     — Duvido que você...
     — Ahhh! —  Ela grita novamente. —  O vestido que dei para você no seu aniversário!— Ela mostra para mim. — É perfeito!
     —  Não acha que é um exagero?
     — Ah não! Você vão vestir esse!
     — Tudo bem. Eu acho que ele vai gostar.
     — Eu acho que você está apaixonada por ele. — Diz. Eu coro. Talvez estar apaixonada seja uma palavra muito forte!
      — Roberta, eu estou confusa. Eu ainda gosto de Ronald, não do jeito de antes, mas gosto e não vou mentir que eu sinto uma forte atração por William, apesar de não conhecê-lo.
     — Eu acho que ele gosta de você. Eu vi quando ele beijou e abraçou você. —  Ela diz. Eu deito na cama.
    — Eu senti como se estivesse nas nuvens e foi diferente de quando Ronald me beijou!
     — Ronald beijou você?
     —  Hum! Ele me roubou um beijo enquanto eu estava digerindo o que ele me disse. Foi bom, mas eu não vou mentir que embora de William tenha sido apenas um segundo, eu amei. Foi melhor que de Ronald.
     — Eu quero saber, Felicity, o que ele te faz sentir? — Ela deita na cama também. Estamos deitadas de lado olhando uma para a outra.
     Porquê ela é tão curiosa? O melhor é eu falar, porque sei que se eu não disser nada, ela não vai me deixar em paz.
    — Ele me intimida, me deixa nervosa. Eu gosto dos seus olhos azuis claros, de seu sorriso e de sua voz.
     — Que mais? — Ela sorri como se estivesse apaixonada.
      — O seu perfume. — Eu sento na cama. — Deus! Roberta, ele tem um cheiro divino! Ele é perfeito, eu não entendo porquê ele está tão interessado.
     — Você está apaixonada por ele! — Ela também se senta.
    — Será?
     — Eu sei que sim. —  Oiço o seu celular e ela o observa. —  Desculpa, Felicity, eu preciso ir. Tenho de ajudar Neil. A minha sogra se separou e vai se mudar.
     — Tudo bem. Mande beijos para ele.
     — Claro. — Ela agarra suas coisas e depois me abraça. —  Espero que o seu jantar corra bem. —  Ela me larga e vai embora.
     Eu levanto, arrumo a roupa na minha cama e procuro um par de sapatos para o vestido. Quando termino, eu caio num sono profundo.

    Eu acordo e olho para o meu telefone. Há duas mensagens de William e uma de Ronald.
     William: Eu vou buscá-la às 06:00!
     Olho para o relógio e são cinco e um quarto. Droga! Adormeci e agora estou atrasada. Eu leio as outras mensagens.
     William: Por favor Felicity não se atrase!
      Ronald: Felicity, eu espero que esteja tudo bem com você e que não tenha te deixado mais confusa. Gostava muito que amanhã se despedisse de mim antes de eu ir. Beijos R.
     Felicity: Claro que sim, Ronald.
     Quando termino de enviar a mensagem, eu corro para o banheiro, lavo o meu cabelo, tomo banho e faço depilação. Quando termino, seco o cabelo, me seco com a toalha, passo a loção corporal em todo o meu corpo e coloco a minha roupa interior novinha. Depois me borrifo com perfume.
     Visto um vestido preto maravilhosamente justo até ao joelho, que deixa minhas costas nuas e um decote generoso. Meu cabelo está em um coque, uso brincos compridos, batom vermelho, sombra leve e uns saltos altos pretos de oito centímetros.
    Olho para mim no espelho e gosto do resultado. Eu estou sexy. Tenho a certeza absoluta de que William vai gostar.
     Eu oiço a campainha tocar. Meu coração pára e quando volta a bater, o ritmo acelera incrivelmente.
     Olho para o relógio e são seis em ponto. Ele é pontual. Eu olho novamente ao espelho e depois saio do quarto. Eu vou para a sala. Meu pai e White estão admirados, não por causa da minha aparência, mas por eu sair com William, eu acho. Eu não disse nada para eles. Kira apenas sorri. William também olha para mim e morde o lábio inferior.
     —  Oi. — Digo timidamente com um sorriso idiota no rosto.
     — Boa noite, Felicity! — William diz sorrindo.
     — Pensei que ele não fosse seu namorado! — Kira fica no nosso meio.
     — Kira! — Meu pai a repreende. — Então, quem é você?
     — Pai! — Digo. Agora não é boa hora para ser pai super protetor.
      — Eu sou William King, dono das empresas King e o homem que bateu contra ela. Eu prometo cuidar bem de sua filha, não se preocupe.
      — Isso é sério? Você é o dono das empresas King? —  White se aproxima. — Uma multinacional?
     — Sim! —  Ele diz com orgulho. Muito orgulho. Disso eu não sabia.
     — É bom que cuide da minha filha, porque eu posso ser um homem terrível quando se trata das minhas filhas.
     — Está bem, papai, a gente já vai. — Eu levo William para fora para que meu pai não diga mais nada.
    William me leva até seu Kia preto. Ele deve ter um monte de carros, quer dizer, já que é dono de uma multinacional. Eu não entendo porquê precisa de tantos assim.
    Um homem altíssimo que parece ter quase quarenta, vestido com um terno, caminha até nós de forma profissional.
    — Boa noite, senhorita Jones!— Ele diz educadamente, enquanto abre a porta para nós. Eu olho para William e depois sorrio para o motorista.
     — Boa noite...
     — Lawson. — William me corta.
      —  Boa noite, Lawson. — Nós entramos finalmente.
      William olha para mim sério. Ele não disse que eu estou bonita, será que não gostou de me ver? Eu olho para ele.
     — Onde a gente vai? — Pergunto curiosa.
      —  Minha casa.
      — Sério? — Eu sorrio.
      — Eu não brinco. — Ele não dá nenhum sorriso. O que aconteceu? Será que meu pai o assustou?
     — Sabe, isso é muito estranho para mim. Nós nos conhecemos na sexta feira e estamos saindo para jantar em sua casa.
      — Pois é! — Responde conciso. O que se passa com ele? Onde está o William que eu conheço? Bem, que eu acho que conheço, porque este não é com certeza.
     —  O seu carro é maravilhoso.
     — Eu sei disso perfeitamente.— Ele olha pelos vidros do carro distraidamente. Eu não digo mais nada.
    Será que ele se arrependeu e quer apenas acabar com isso de uma vez, ou será que é por causa de seu motorista? Eu espero que sim.
     — William, você está bem? —  Pergunto.
    — Sim, eu estou bem! — Responde ainda observando a paisagem.
     — Você está muito lindo. — Olho para sua camisa branca e calça preta e também sinto seu perfume maravilhoso. Ele não olha para mim, apenas olha pelo vidro do carro.
      — Obrigado, Felicity.
      Mas o que é que deu nele?         Porquê ele não olha para mim, nem sorri para mim? O que se passa? Será que teve algum problema na sua empresa ou na sua família?
     Ele não diz mais nada nem retribui o elogio. Eu acho que o problema sou eu e não ele. Eu olho pelo vidro do carro como ele faz.
     Ficamos em silêncio o caminho todo. Nenhum de nós troca olhares nem palavras.

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