capítulo 2

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A corrente em minhas mãos caí  quando o telefone toca, pego o mesmo e atendo.
Juliana tem essa mania de ligar e sempre me assustar, tento me acalmar e ouvir o que ela diz.

- Oi tia_ finjo interesse.

-Filha liguei para avisar que  vou chegar um pouco tarde, poderia ajudar no jantar, Carlos vai chegar cansado e não estarei ai para fazer!

- Claro, posso sim._ não seria bem isso que gostaria de ter falado, mas não custa nada.

- Agradeço muito, beijo até mas tarde.

-Juliana você sabe dizer quem e essa garota que esta na foto ao lado do meu pai e de costas?

Ela fica em silêncio e não diz nada.

-juliana?

-Não sei,que foto e essa?

- Esta na corrente que eu ganhei. _algo em mim teimava que fosse uma notícia boa.

-Quando eu chegar eu vejo.

- Tudo bem!

Desligo e procuro novamente a corrente,  coloco no pescoço coisa que não fiz até o momento.
Uma pequena esperança correu dentro de mim, quem sabe ela esteja  viva e eu possa encontrá-la.
A tarde passou rápido e a noite está estranha, fiz o que juliana pediu  Carlos chegou estressado e nem olhou direito para o que eu fiz, apenas falou que estava sem fome, fico triste pois sei que não gostam muito da minha presença aqui, e fez de propósito, mas tudo bem, Ricardo, meu primo, chega senta e come sem comprimento, após alguns minutos percebe a minha presença e fala.
-A comida esta péssima,  mas também foi feito pela órfã.

Lágrimas teimavam em descer pelo meu rosto, não soube reagir,  sempre fico quieta esperando algo pior acontecer, parece que tudo que já passei foi pouco.

-Agora vai chorar?
Não basta o que você fez?

Raiva cresce dentro de mim,mas fico quieta.

-matou todos da família, e agora fingi ser coitadinha. Ainda quer me matar com uma comida péssima.

Ele sai enquanto isso eu não consigo mas controlar o soluço e as lágrimas. Parece que essa dor nunca vai acabar.

°°°

As horas  passaram-se e mem percebo quando minha tia chega.

Ela corre em minha direção e começa a gritar por socorro,  não sei o que esta acontecendo, apenas sinto como se estivesse anestesiada, ela grita e tenta me levanta pede que eu fale algo para saber se estou bem,  olho para as minhas mãos ensanguentadas e tento lembrar o que fiz, mas apenas apago nos braços de alguém que sei bem que não e minha tia.
Apesar de não sentir nada, consigo ouvir vozes, alguém segura minha cabeça e outra os meus pés. Sinto uma respiração ofegante e músculos fortes me sustentando do balanço do carro, sou levantada apenas por uma pessoa, me colocam em algo duro como se fosse no chão,  meu corpo começa a doer, mas nada comparado a dor que sentir antes.
Tento abrir os olhos e vejo um rapaz alto próximo ao meu rosto,  algo me diz que já o vi antes ele olha para o meu pescoço e fico tonta meus olhos se fecham e não consigo ouvir ninguém como se estivesse dormindo.

°°°

Acordo em um quarto todo branco e vejo meus braços enfaixados e tento me levantar mas parece que meu corpo não me obedece,  uma enfermeira entra e pergunta se estou bem.
Faço sinal com a cabeça que sim.

-Quero sair daqui.

-Calma,  a senhorita não pode mecher, ainda não esta bem.

-Estou ótima.

-Calma você esta estável mas como  perdeu muito sangue, esta recebendo uma bolsa para ficar melhor. Vou chamar o médico.

Ela sai e fico tentando lembrar o que aconteceu, mas não consigo.
Minha tia entra e vem até a cama pega minha mão e pergunta se estou bem. 

Fico em silêncio, não consigo decifrar direito o que estou sentindo, apenas um vazio.
Observo minha tia falar, ela tenta de toda forma descobrir o que aconteceu,  na verdade não recordo de tudo, mas sei o que aconteceu e o porquê, mas como contar a ela?
Culpar pessoas de quem ela tanto ama, se na verdade a culpada disso tudo sou eu.
Ela enfim desiste de perguntar,  mas eu sei que e apenas por hoje e também porquê o tempo de visita acabou.
Talvez ficar aqui não seja ruim, observo um objeto acima da mesa ao lado da minha cama, tento me mecher e devagar me levantar,  minhas pernas tremem e me sinto muito fraca, mas não desisto tão fácil,  viro para o lado e deixo minhas pernas submersa. Consigo ficar mais próximo a mesa, estico meu braço e tento pegar o pequeno objeto, quase escorrega mas consigo segurar.
Minha corrente, a única coisa que restou da minha família, o resto e so tristes lembranças.
Abro novamente e fico olhando a foto, um passado tão distante, de pessoas felizes,  como gostaria de sentir isso novamente, nem que fosse pela última vez.
Escuto conversas e guardo em baixo do travesseiro, um homem alto todo de branco entra acompanhado de uma enfermeira, ele explicar tudo que ela deve fazer para outro paciente,depois ela olha para mim meio triste e sai, não quero ninguém com pena de mim.
Ele se aproxima, pergunta como estou e fico quieta, não que esteja tão mal, apenas não quero conversar com ninguém, ainda não o encarei ,ele pede para tomar um comprido, pede para eu pegar e continuo sem dizer nada.

-Desse jeito você apenas ganha mas atenção sabia.

O que ele quis dizer?

-A atenção que tanto rejeita, apenas fortalece, e também não ajuda muito evitar falar, sei que esta me ouvindo.

Quem ele pensa que e?

- tome isso. _ ele ordena.

Eu entendi o que ele quis dizer,  quanto mais eu me fechar e não me ajudar,  mas as pessoas vão insistir.  Isso eu não quero.
Pego o comprimido de sua mão e o observo,  tento me lembrar eu já o vi antes,  ele me entrega um copo com água e tomo.
Ele pega seus objetos e começar a me examinar, aquilo tudo não tem necessidade, vejo a bolsa de sangue e lembro de tudo novamente,  lágrimas escorrem mas as limpo antes de alguém perceber. Ele anotar algo e fico observando.

- Quero levantar.

As palavras saem da minha boca e nem percebo o que falei direito, apenas quero saber quem ele era.

-Ainda não vai poder por conta que esta recebendo sangue,  talvez amanhã a gente possa vê essa possibilidade.

Ele para de falar e fica me olhando,  a caneta cai de suas mãos.
- você?

Não sei o que ele está falando mas me assusta o jeito que ele me olha.

-Sara?

- Não.
 
- Como você se parece ...

Ele para e pede desculpa e sai do quarto.
Não entendi nada.







Continua. ..

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⏰ Última atualização: Dec 30, 2018 ⏰

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