Nerval e os outros três gigantes caminhavam rumo à caverna, na qual estava escondida a princesa do reino. Mais uma mulher que ele precisava proteger. Mesmo que a outra não fosse humana, ela era uma mulher. A única mulher do grupo que usou de sua coragem para sair daquela caverna e se expor a luz amarela que queimava seus corpos. Mas de nada adiantou sua coragem, pois agora aquela mulher estava morta, não encontraram nem mesmo seus restos mortais para fazer uma cerimônia em respeito à pessoa que ela foi.
- Outra mulher, a gente já viu essa historia antes, Nerval - Alertou Marx, o gigante de cabelo raspado, após ouvir as explicações que Nerval dava no caminho.
- Eu sei, sei dos riscos que ela corre e também sei que é quase impossível ela sair viva da caverna, é muito araruí para uma humana só - O gigante, líder do grupo, tentou disfarçar a raiva que sentia. Com esse pouco tempo já havia se apegado muito a princesa e a ideia de ela não sobreviver o deixava frustrado.
- Precisamos de um álibi, um humano para que os araruís se distraiam - Aconselhou Carlos, que por sua vez havia ficado calado ouvindo toda a historia.
- E matar um humano inocente? Nem pensar, isso vai contra nosso legado - Dessa vez foi Alex que interrompeu.
- Temos um legado? - Indagou o líder sem querer ser grosso. - A gente nem sabe o que somos ou que fizemos antes de chegar aqui. Se forem necessários sacrifícios para salvar a princesa, é isso que iremos fazer.
- Então você vai permitir que humanos morram? - Alex indagou, indignado.
- E daí, nenhum deles algum dia já se importaram conosco - Carlos respondeu por Nerval.
- Muito pelo contrário, eles têm repulsa da gente - Marx acrescentou.
- Pessoal, calma - Falou Nerval. - Não disse em nenhum momento que vamos sacrificar humanos. Os araruís são carnívoros. Eles querem carne, não importa de que seja. Vamos dar um jeito de soltar os animais do palácio.
- Mas de qualquer forma é um ser com vida. E como vamos tirar eles de dentro do castelo? - Perguntou Alex. - Até os celeiros são murados e com tetos.- Se a gente entrar pelos fundos e arrombar o portão do celeiro, os animais fogem e já que seu instinto é comer, vão direto para a floresta. - Explicou o gigante que havia dado a ideia.
- E lá virariam comida de araruí - Concluiu Marx.
- Essa ideia é genial, seria melhor ainda se não fosse tão mórbida - Rebateu Alex.
- Vocês têm que ir ao palácio fazer o que eu disse, enquanto isso eu vou ao encontro da princesa. - Ordenou Nerval.
- Mas. . .
- AGORA!
Após dar o grito, Nerval correu rumo à caverna, movimento não visto pelos outros gigantes que já corriam rumo ao palácio. Isso não era uma boa ideia, eles nunca invadiram o castelo. Nunca precisaram, mas tudo tinha uma primeira vez e Alex sabia que aquilo não ia acabar nada bem, ele sempre foi o mais sensitivo dos gigantes e um mau pressentimento lutava contra a sua necessidade de cumprir as ordens de Nerval.
- É aqui - Falou Carlos, quando eles ficaram de frente com a enorme porta de madeira que escondiam os cavalos mais bonitos e bem tratados do reino.
- O que vamos usar para arrombar a porta? - Era Marx que tinha essa dúvida, ele estava assustado, sua expressão entregava a sua angústia em estar ali.
- Somos gigantes, vamos usar a nossa própria força - Disse Alex.
Os três fecharam o punho para reforçar os músculos dos bíceps e, com uma breve corrida, atingiram a porta. Mas a força deles não foi o bastante para que o portão se abrisse.
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Criaturas do Inverno
Fantasy"O gelo, apesar de frio, queima. Então tenha cuidado ao mergulhar nessa história que as feridas podem nunca mais cicatrizar." No reino em que o pai de Lory governa o inverno é sinônimo de resguardo. Ninguém entra ou sai do Palácio que ela mora, tod...