Lory passou todo o caminho, em que era perseguida por um araruí, de olhos fechados. O frio do corpo de Nerval entrava em um impacto doloroso com a sua pele, a única coisa que a protegia eram as vestes de frio que ela usava. Quando Nerval parou, Lory se sentiu a vontade para abrir os olhos, mas antes ela tivesse ficado com eles fechados. A visão que ela tinha era mórbida, tantos araruís mortos caídos no chão, cavalos ensanguentados e totalmente feridos, alguns soldados caídos, mortos, enquanto outros estavam com armas apontadas para ela e Nerval.— Largue a princesa, aberração – Ordenou um guarda que estava ao centro, talvez ele fosse o líder deles.
— Ninguém vai fazer mal nenhum a ele, nem a qualquer outra criatura do inverno, se não fossem eles, eu estaria morta. Agora todos para dentro do castelo – Disse a princesa, já com as folhas de chimyons em mãos.
Os poucos araruís vivos que restavam, haviam perdido a atenção devorando os cavalos mortos e o corpo de Dianna.
Os guardas obedeceram à ordem da princesa e guardaram as armas.
— Obrigado Nerval, por tudo.
A princesa abraçou o gigante, tinha a consciência que o pingente iria queimar seu corpo, mas, naquele momento, nada disso importava. Se não fosse por ele, ela não teria sobrevivido nem mesmo um minuto fora do palácio.
— Não tem o que agradecer, corre, senão os araruís podem te fazer algum mal.
Alex, Carlos e Marx já estavam todos reunidos novamente. O primeiro, que estava seguindo a falecida rainha regente, viu tudo o que aconteceu com ela quando retirara o colar, mas Nerval ainda estava distante e ele não ouviu nem mesmo quando Dianna disse que a vida da princesa estava ligada aos araruís. Ao verem Nerval se virando de volta, cabisbaixo, correram em sua direção para saber se ele havia visto o que tinha acontecido.
— A gente não contava que o barulho atrairia os araruís, fomos ignorantes em pensar que nada de grave aconteceria com os humanos – Desabafou ele ao ver os amigos.
— Nerval você não viu o que aconteceu? – Alex perguntou.
— A Dianna, ela se transformando – Marx insistiu. – Será que somos humanos como ela?
— Ela só precisou tirar o colar – Carlos concluiu.
— Calma, do que vocês estão falando? – Perguntou Nerval.
— Você não viu nada, como suspeitei – disse Carlos. – A Dianna não morreu no dia em que saiu da caverna, ela se transformou em humana, ou voltou a ser humana.
— E, além disso, ela gritou para que não matassem os araruís porque a vida da princesa estava ligada às aves – complementou Marx.
— Mas tudo está no colar. Se tirarmos o colar, voltaremos a ser humanos, foi assim que ela fez – Revelou Alex que tinha visto toda a cena.
— Uma coisa de cada vez. Não estou entendendo nada – O líder parecia confuso.
Os gigantes explicaram com calma tudo o que havia acontecido na guerra dos animais com os humanos, como Dianna impediu que os guardas parassem de matar os araruís e da forma que ela se transformou em humana novamente – seu grito totalmente idêntico ao dia que ela fugiu da caverna e eles acharam que ela havia morrido. Nerval ouviu tudo boquiaberto, nunca imaginaria que no fundo eles fossem humanos.
— Tem muita coisa mal explicada nessa história – Disse Nerval por fim.
— O que precisa explicar, Nerval? Nós podemos nos ver livres dessa vida, voltar ao normal. Seremos humanos! – Comemorou um deles.
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Criaturas do Inverno
Fantasy"O gelo, apesar de frio, queima. Então tenha cuidado ao mergulhar nessa história que as feridas podem nunca mais cicatrizar." No reino em que o pai de Lory governa o inverno é sinônimo de resguardo. Ninguém entra ou sai do Palácio que ela mora, tod...