Prazer Nina

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" E que venham novos sorrisos, novas histórias e novas pessoas... "

            O corpo pesado de Jorge me esmagava, eu gritei por ajuda usando todo o ar de meus pulmões, mas nunca ninguém ouvia. Sempre sentia vontade de me matar quando ele me tocava. Eu estava me debatendo e gritando, sendo aterrorizada mais uma vez.

- Nina acorda, por favor! – Fernando disse também assustado quando me tomou em seus braços. Era sempre ele quem vinha socorrer desses pesadelos. – Já passou meu anjo, estou contigo agora. – o abracei mais forte, assim me sentia segura.

- Nando, só não me deixa sozinha, por favor. – digo ofegante, ainda me recuperava do susto.

- Você sabe que eu nunca faria isso, vou cuidar sempre de você pequena.  – ele também estava se recuperando do susto. – Dessa vez você me pegou de surpresa. – a pior coisa é quando o passado assombra meus sonhos, agora isso acontece com mais frequência pela falta dos remédios.

- Pelo menos já amanheceu e nós temos que levantar. – mudei de assunto para descontrair o clima.

- Dessa vez não vamos nos atrasar, se arruma logo, quero você lá em baixo em no mínimo 30 minutos.  – ele sai rindo de meu quarto e eu vou para o banho.

            Finalmente férias! Faz uns quatro anos que não viajamos Nando acha que vai ajudar no tratamento, talvez sair daqui realmente ajude.  O destino é Maresias, meus pais viveram por muito tempo no litoral, por esse motivo meu irmão tem alguns amigos de infância no lugar. Eu propriamente, não era nem nascida quando fomos embora, não tenho muitas lembranças, a não serem as do meu pai. Ele continuou vivendo lá mesmo depois que minha mãe se mudou comigo e meu irmão. A ultima vez que estive em Maresias foi há seis anos, no velório do meu pai. Sim, eu também não tenho um pai. São tantas coisas ruins em tão pouco tempo, que eu já nem sei o que é uma risada sincera...

            Desci minha ultima mala e encontrei meu irmão impaciente na sala, ouvi um leve sermão pela quantidade de malas, eram apenas duas, mas Nando sempre exagera em tudo. Saímos de Belo Horizonte em direção ao aeroporto de São Paulo. Adormeci no ombro de meu irmão, dessa vez meu sono foi tranquilo.

[...]

- Nina acorda, já chegamos. – olhei para o lado e éramos os últimos a saírem do avião. Fomos à busca das malas e depois de acha-las fomos procurar os amigos de Fernando.

- Chega Nando! Cansei de andar que nem uma louca por ai, esses caras não estão aqui. – digo me sentando no chão mesmo.

- Nossa como você anda mimada, garota. – ele diz em um tom de brincadeira. – Fica sentada enquanto eu ligo para eles. 

            Fiquei por um bom tempo sentada no chão usando o celular enquanto esperava, já estava prestes a reclamar mais quando uma sombra parou diante de mim. Direcionei meu olhar para cima e me deparei com dois meninos cumprimentando meu irmão, me levantei sem graça.

- Rapaziada essa é minha irmã, Nina. – agora os olhares estavam direcionados a mim e aquilo me deixou desconfortável. – Nina, esses são Miguel e Jô.

 - Oi gente. – disse tímida recendo abraços dos rapazes, confesso que quando meu corpo entra em contato com um homem que não seja meu irmão fico estremecida, pode parecer bobagem, mas o medo é algo grande ainda.

- Nossa! Quando sua mãe foi embora daqui ainda estava gravida, o tempo passou rápido. – disse Miguel, pelo menos eu acho que esse era o seu nome.

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