Curiosidade

285 19 73
                                    

Pov's Nilce

Horas depois de ter conversado com a Sapeca, ela me ligou novamente e dessa vez estava ao lado de Edu. Conversamos um pouco até que eles revelaram o objetivo da chamada. Sapeca estava grávida! Eu fiquei maravilhada com a noticia. Uma de minhas melhores amigas estava realizando o sonho de ser mãe. Eu e Sapeca já havíamos falado sobre esse assunto e ela sempre deixou claro o desejo de ter filhos.

O casal descobriu a criança a poucas semana e estavam extremamente radiantes. Inclusive me convidaram para que eu fosse a madrinha. Obviamente eu concordei. Estou louca para poder encontrar a loira e abraça-la. Já imagino ela segurando um belo bebê.

Uma noticia boa como está foi o suficiente para me tirar daquela tristeza por um tempo. Eu estava me sentindo sozinha. Sentia-me esquecida, não que eu quisesse o Leon me ligando infinitas vezes, eu só... Eu só queria nunca ter saído de casa. Eu queria nunca ter encontrado um motivo para sair de casa.

Queria que o Leon não tivesse me dado esse motivo.

Como já estava tarde eu me despedi do Edu e da Sapeca e segui para o sanitário tomar um banho. Posteriormente me deitei e adormeci com um sorriso de felicidade por minha amiga.

No dia seguinte, eu despertei com o sol tocando-me calmamente ao nascer. Gostaria de ter descansado mais, todavia, não posso reclamar. Devia ter fechado as cortinas.

Levantei-me e fui ao banheiro lavar o rosto. A pia já estava tomada por meus pertences. Estou aqui a um tempo considerável, e isso esta custando muito dinheiro. Talvez eu deva encontrar um lugar mais barato.

Tirei o pijama andei ate a cabeceira onde meu celular repousava.

Vi algumas mensagens do Twitter e Instagram. Leon, por outro lado, não me mandou nada. Talvez ele ficara resentido pelo que falei no telefone ontem. Eu estava furiosa e cheia de rancor. Ainda estou, mas me acalmei um pouco.

Sapeca me enviou uma foto do ultimo exame que fez em relação a gravidez. Ela estava simplesmente radiante com aquilo tudo. Fiquei observando a imagem por alguns minutos.

De repente fui tomada por um sentimento de tristeza. So em pensar que enquanto um dos casais mais próximos que tenho como amigos está prestes a ter um bebê, eu estou fora de casa porque meu marido me traiu com uma mulher aleatória. Sapeca e Edu estão concretizando o amor deles e eu... Eu estou aqui, sozinha e completamente infeliz.

Eu e o moreno já pensamos em ter filhos, mas decidimos que seria melhor esperar um pouco. Estávamos em um apartamento pequeno e tínhamos que focar nos canais. Agora me questiono se ele apenas não queria ter um filho comigo. Talvez ele já estivesse planejando trocar-me naquela época.

Talvez...

Talvez eu e Leon nunca tenhamos um bebê.

Não tenho mais certeza do que quero fazer. Estou perdendo o anseio de reconciliar-me com meu marido. Minha mente não para de recriar as cenas que vi e as que estão apenas na imaginação. O fato de uma situação que eu nunca pensei em estar sofrendo ter se realizado, trouxe-me uma angustia imensurável. Sinto que joguei, meu amor, meus sonhos e 8 anos da minha vida no lixo.

Desabei em lagrimas e me sentei no chão. Senti-me desolada. Mergulhei em um triste clima de desamparo. Encostei-me no canto do ambiente e esqueci o tempo. Deixei as emoções que estavam contidas dentro de mim saírem em forma de água.

Antes que percebesse, eu precisava descer para o café da manha. A oferta da refeição logo estaria fechada. Então eu vesti uma roupa casual e sai do quarto.

No térreo, uma grande mesa apresentava pães, bolos, frutas, sucos, entre outros alimentos. Peguei um prato, coloquei um pão e um pouco de ovos mexidos. Enchi um copo de laranjada e segui para procurar uma mesa. Vaias pessoas se dividiam no amplo espaço com paredes cinza claro. As mesas de madeira escurecida contrastavam bem com toda estrutura mais clara.

Meus olhos viajavam por todo o salão e localizei o Charles sentado próximo a uma grande janela. Seus olhos cor de carvão admiravam os carros na rua e o céu. Me aproximei do moreno.

– Oi Charles! Eu posso me sentar com você? – Falei e o homem levou um pequeno susto.

– Bom dia Nilce. É claro que pode. – Ele juntou algumas louças de seu desjejum finalizado para que eu pudesse acomodar o meu.

– Não sabia que você chegava aqui tão cedo. – Comentei.

– Nilce, são 11 da manhã. – O moreno sorriu com graça por minha desinformação. – De qualquer forma, eu moro aqui perto. Eu costumeiramente chego bem cedo aqui.

– Você da muito valor ao seu trabalho pelo que parece. – Eu.

– Sim. É basicamente tudo o que eu faço da minha vida. Eu chego cedo e saio tarde. – Charles.

– Mas você não fica cansado disso tudo? – Eu.

– Na verdade, trabalhar no hotel é muito bom. Eu gosto de conversar com as diferentes pessoas que passam por aqui. – Ele pegou sua xícara de café e fitou-me.

– Entendo. – Dei uma mordida no pão.

– E você Nilce? Por que está com a fase tão avermelhada? – O homem perguntou-me.

– Você é muito insistente. Já te disseram isso? – Falei.

– Mais vezes do que você poderia imaginar. Não quero ser chato, mas você sabe o quanto sua pessoa me intriga. – Oi? E... Eu? – Na... Não entenda da forma errada. Só acho a sua situação algo estranho. – Provavelmente, minha face se avermelhou mais e eu acabei demonstrando a surpresa que senti.

– Para a sua informação eu não sou uma mulher que precisa de misericordia. – Eu tentei afastar o assunto de alguma forma.

– Eu nunca diria isso, apenas me importo com você. Não gosto de ver mulheres chorando. – Charles.

– Você é realmente um cavalheiro. Bom... se quer mesmo saber eu vim para seu hotel pois descobri que meu marido estava me traindo com uma colega de trabalho. Fiquei tão enraivecida que sai correndo e vim parar aqui. – As ultimas palavras cortaram a minha garganta e me segurei para não desabar.

– Entendo. Nilce... – Charles iria começar a discursar sobre algo quando um homem chegou até nós e pediu sua ajuda.

O moreno tentou permanecer comigo e terminar nossa discussão mas parece que seus compromissos eram mais urgentes.

– Nilce, me perdoe mas eu preciso resolver alguns problemas. Espero que não se chateie. – Ele disse ao se levantar.

– Não se preocupe. Eu é que devo pedir desculpas por ocupar seu tempo. – Falei e em seguida bebi um pouco de suco.

– Não, eu gosto de conversar com você. Nos vemos logo. Nossa conversa não acabou. – Charles.

O moreno saiu do ambiente e só então eu pude ver suas vestimentas: uma blusa azul clara formal, uma calça jeans escura e sapatos esportivos. Observei o homem desaparecer pelo porta e só então voltei meu olhar para o lado externo do hotel. Algumas plantas ornavam a divisão entre o prédio e a calçada.

Definitivamente era uma bela visão. Peguei um pouco de café e voltei. Senti o sol tocar minha pele alva e reavivar-me por alguns minutos. Gostaria de ficar ali por dias, todavia, os garçons precisavam arrumar tudo e por isso eu me retirei.

Passei pelo saguão, subi pelo elevador e entreino quarto. Decidi estabelecer-me ao lado da janela por mais tempo. O sol era o únicoque me abraçaria naquele momento.    

Second ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora