Flor

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Seguro sua camisa em desespero enquanto os soluços saem descontroladamente pela minha garganta. Fungo novamente na tentativa de pegar ar para poder falar, mas as palavras simplesmente não saem. Seu olhar frio está me destruindo, e eu não posso acreditar que ele está fazendo isso comigo.

—Por favor, não faz isso. —Imploro novamente, mas ele apenas vira o rosto. —Você não pode. Isso é tudo para mim. Aquela banda... é... é a minha vida.

—Não garota estúpida. —Suas mãos agarram meus pulsos empurrando-me para longe do seu corpo. —Eu nem queria fazer parte disso isso, essa banda é ridícula, assim como você. Sua vida não é isso. Está na hora de parar de sonhar. Sua vida começar agora.

Sinto como se suas palavras desferissem um tapa contra meu rosto, e talvez essa seja a dor que eu esteja sentindo, e tudo se torna pior. Sem dizer adeus, ele se vira, e sai andando, pouco a pouco, até sua silhueta ser apenas uma sombra borrada contra o sol que se põe no oriente.

Minhas pernas fraquejam e eu caio de joelhos sobre o píer. Eu disse que não iria acontecer de novo, mas novamente estou sendo cortada pela dor. Então ele tem razão. Ele sempre teve. Isso nunca foi real, e nunca vai ser. Era importante para mim, mas somente para mim.

Ah, Anastásia, como você foi tola.

Respiro fundo tentando conter a dor e seco minhas lágrimas com as costas da mão. Levanto-me devagar e olho para o sol, e é nesse momento que me permito chorar, só hoje, só nesse momento. E então tudo se cessa. Ninguém mais vai pisar em mim ou me fazer chorar. Nunca mais!

Quatorze anos mais tarde...

Anastásia Steele

A corretora abre a porta do apartamento dando espaço para que eu e Ethan possamos entrar. Suspiro pesadamente e entro olhando o grande espaço vazio. A sala é enorme, com um bar a direita. Um balcão para uma cozinha, uma escada para o outro andar e um corredor ao lado.

—É grande aqui. —Ethan murmura olhando em volta e a corretora, Gia, sorri de forma sugestiva para ele. Reviro os olhos e suspiro fundo. —Parece confortável.

—Ah, é sim! —Exclama Gia. —São três suítes, uma no andar de baixo, duas no de cima, mais quatro quartos espaçosos. Cozinha, dispensa com adega. Área de serviço, escritório, seis banheiros. Ala para os empregados, e mais alguns cômodos a serem adaptados.

—Eu não sei não... —Murmuro envolvendo meus braços ao redor do meu corpo. —É muito grande, e eu vou estar aqui sozinha.

—Maninha... —Ethan se aproxima e segura meus braços. —É ótimo para você. Espaço amplo, você vai montar seu estúdio, criar o que você gosta. É ótimo para um recomeço.

Suspiro pesadamente e olho em volta pela ampla sala. Caminho até a parede de vidro que revela a grande vista de Seattle, toca o vidro com as pontas dos dedos e sinto uma energia estranha atravessar todo meu corpo. Afasto minha mão. Uau! Já faz tanto tempo que não me sinto assim... Dois anos para ser mais especifica. Exatamente há dois anos quando meu marido e minha filha morreram em um acidente de carro eu deixei de sentir qualquer coisa.

Tenho uma sensação estranha de alguém me olhando e me viro de súbito me deparando com uma criaturinha na porta. Ela deve ter uns dois anos, é branquinha, cabelos loiros até os ombros, grandes olhos azuis e bochechas vermelhas. A pequena está usando uma blusa de listras preta e branca, calça jeans, tênis e bandana.

Caminho em direção a menina e ela joga a cabeça para o lado sorrindo para mim. Ethan sorri quando passo por ele encorajando-me a ir falar com ela, e quando paro em sua frente, ela levanta a mão revelando uma flor. A flor é roxa – minha cor favorita – ela está um pouco murcha, mas parece tão linda.

Uma Nova Chance Para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora