Peças do Passado

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Anastásia Steele

Encaro Christian sentado à minha frente ainda sem dizer nada. Ele está torcendo nervosamente os dedos enquanto encara a gatinha branca nas minhas mãos. Sua expressão ainda parece ser a mesma de quando éramos mais novos, e ele vinha me contar algo que tinha aprontado. As lembranças vêm como um furacão. Todos os nossos segredos. Nossas brincadeiras. Tantas coisas que, até hoje, só ele sabe sobre mim... e talvez só eu saiba sobre ele.

—Há tanto... tanto que eu quis te dizer. —Christian sussurra e eu posso sentir a dor em sua voz. —Eu te deixei sozinha... e eu me sinto um lixo por isso. Nós éramos melhores amigos.

—Os melhores amigos do mundo. —Sussurro rindo e enxugo uma lágrima solitária que caiu com o efeito das lembranças. —Eu não consigo entender. Você prometeu estar comigo, e acima de tudo, prometeu me dizer sempre a verdade.

—Ana... eram tão complicado. Eu só tinha 16 anos. Eu tinha uma filha, e não sabia como escolher entre você e ela.

—E quem foi que disse que você tinha que escolher entre uma de nós? —Falo pegando-o de surpresa. —Eu jamais deixaria isso acontecer, e você sabe bem, mas o problema não é esse, e sim que você me magoou demais quando foi sem me explicar o que estava havendo, e agora saber que você foi embora porque você achou que eu te faria escolher entre eu e a sua filha, dói ainda mais.

—Eu não sabia o que fazer.

—A verdade seria um começo. —Murmuro prendendo as lágrimas. —Eu sempre soube quem a Elena era, e sempre deixei claro minha impressão sobre ela, mas dói que você não tenha confiado em mim para dizer a verdade. Eu iria entender.

—Eu sinto muito. —Christian sussurra olhando dentro dos meus olhos e eu vejo uma lagrima escorrer pelo seu rosto. —Eu me arrependi a cada dia, a cada semana, mês... cada momento longe de você era uma tortura maior.

—Mas você continuou sua vida. —Digo encolhendo os ombros. —Teve cinco filhas maravilhosas.

—Sim. —Christian diz rindo e enxuga as lágrimas. —Me parece que você também.

—Não Christian. —Falo rido com amargura. —Minha vida parou a partir do momento que você me deixou. Meu marido só estava comigo pelo dinheiro. Minha filha morreu com dois anos de idade. A dor ainda continua, só que maior.

—Mas... eu pensei.

—Pensou o que? —Sorrio com amargura. —Que só porque você seguiu em frente e foi feliz sem eu, eu seria sem você?

—Não... sim. —Ele confessa abaixando o olhar. —Eu fui um tolo. Eu só não sabia que era tão importante para você.

—Não sabia? —Gargalho com escarnio e sinto as lágrimas escorrendo. —Você era a única pessoa que eu confiava desde a morte da minha mãe. Você era tudo.

—Era?

—Sim. Era. Ou você achou que depois de quase quinze anos tudo ia estar do mesmo jeito? Você me deixou. E o que está aqui —Aponto para meu próprio peito e Christian encara. —vai levar mais do que um 'sinto muito' para ser curado. Então é melhor você ir.

—Não me mande embora.

—Eu não estou mandado. Estou pedindo que me dê espaço. Eu quero repensar em tudo. Longe de você.

—Tudo bem. —Christian sussurra derrotado e se levanta caminhando em direção a porta, mas para no meio do caminho. —Ana, eu nunca deixei de te amar.

Meu coração dispara com sua declaração, as lágrimas caem feito um dilúvio e eu já não sei o que sentir. Não é justo ele voltar depois de tanto tempo e me dizer isso.

Uma Nova Chance Para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora