carros

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Aqui estou eu. A varanda da minha avó me parece tão barulhenta de noite, pois é, morar em uma avenida causa isso. Os vultos dos carros, as caixas de sons ecoando músicas chicletes que daqui dez dias não se ouvirá mais, pessoas na calçada cambaleando por conta da bebida. Eu nunca entendi o que fazia as pessoas se menosprezarem assim, é tão banal se envolver com qualquer um. Tão solitário.

Pessoas que não param para te conhecer. Você percebe o quão miserável está a sociedade quando um simples moletom desgatado com a logo da Marvel faz com que não sintam vontade de te conhecer.

Quando paro para pensar percebo que somos como carros, no momento em que te vêem é como um carro na rua, elas não sabem quem você é, o que você pensa, o que você faz, o que curte conversar, que tipo de música escuta. Só saberão quando tiverem coragem e deixarem a vergonha e esteriótipos de lado, pararem para conversar e te conhecer de verdade, conhecer quem você é por dentro.

Pessoas são como carros.

Sabemos que somos todos feitos com as mesmas peças encaixadas de formas diferentes, mas tratamos uns melhores que os outros por ter sido montado melhor.

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