Horizontes - Camren

Capítulo 2.

Boa noite.

Quem é vivo sempre aparece, né non?

Só queria avisar, eu não sou de Curitiba, mas eu sou fascinada pela cidade. Então se houver erros de localização e coisas parecida, me perdoem. Eu sei de alguns lugares que conheci quando fui para lá, os que não sei eu procuro informações sobre, mas as vezes posso errar.

Obrigada.

Boa leitura.

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Lauren POV

Cinco da manhã e já me encontrava acordada olhando para o tento branco do meu quarto. Me perguntando por que eu criava vários sonhos na minha vida, se eu tinha medo na maioria das coisas que queria fazer. Mas acho que isso é automático do ser humano, criar expectativa de certas coisas, mesmo sabendo que o medo irá vencer e que provavelmente você não irá realizar nem 0,5% das coisas.

Eu deveria fazer uma lista das coisas que mais sonhava em fazer.

Acho que sonhos e expectativas vêm de criação, porque você não aprende isso sozinho, seus pais, tios, avós automaticamente passam essa herança de sonhos e expectativas para a criança.

Desde criança, provavelmente desde quando estava na barriga da minha mãe, confortável, eles já criavam expectativas e sonhos, em quem eu seria, o que me tornaria. Expectativa de eu ser uma boa mulher, boa esposa, boa mãe, uma boa profissional, filha e etc.

Quando você é filha única essas expectativas parecem dobrar, triplicar de tamanho. Porque você é a única que poderá realizar o sonho e as expectativas dos seus pais, e isso só piora quando você deveria ter tido um irmão, sim deveria, pois eu deveria ter um irmão mais velho, mas infelizmente o destino o levou antes de eu poder conhecer-lo.

Sonho do meu pai, ter um filho homem. E ele teve, mas morreu, depois veio a segunda tentativa, eu, mas veio uma menina, ele estava feliz, claro, filha dele, mas não era um menino, não carregaria seu sobrenome e passaria para outras gerações.

Se isso fizesse meu pai mais feliz, gostaria de ter nascido homem.

Voltando aqui, quando nasci, um ano antes, minha tia deu à luz ao meu primo, eu e ele crescemos juntos. Quando criança, via a empolgação diferente do meu pai em brincar com ele, do que quando brincava comigo.

Então automaticamente passei a gostar mais dos brinquedos e brincadeiras de "meninos", porque queria a mesma empolgação comigo, mas isso não funcionou, sabe porquê? Porque era feio, uma menina, brincar de carrinho, ficar descalça, soltar pipa, jogar bola e etc... Mesmo tendo a mentalidade de uma criança, continuei, por que queria atenção do meu pai, eu queria que ele não precisasse de um menino para brincar.

Vivia me perguntando, porque somente eu, na casa da minha vó, tinha que lavar a louça ou ajuda-la em algum serviço doméstico? E um dia eu perguntei "vó, porque o Pedro não nos ajuda também?" Eu simplesmente recebi uma resposta, "porque ele é menino".

Criança, eu não soube interpretar, entender o que minha avó disse naquela época, mas anos depois entendi o que é nascer em uma sociedade machista.

Bom, e o que isso tem a ver com expectativas? Bem, jogaram, despejaram expectativas machista em mim, que com o passar do tempo, fui decepcionando um a um. Eu não poderia ser a mulher dona de casa que minha avó queria, não poderia ser a mulher, esposa, que meus pais desejavam ou dar a família que eles tanto queriam, simplesmente não podia.