"Achei que você não tinha que trabalhar no sábado."
Estava tentando sair sem ser percebido, mas meus pais estavam na sala de estar quando passo. E, quando eu conto a verdade, toda a merda começa de novo.
"Não preciso, eu só vou ajudar a pintar as paredes." Explico rapidamente, indo até a porta da frente.
"Que perda de tempo." Meu pai resmunga. "Achei que, ao menos aos finais de semana, você iria estudar e fazer coisas importantes para sua carreira."
"Estou fazendo." Abro a porta e a fecho com uma batida. Não vou lidar com eles hoje.
Ligo para Alex e o pergunto se queria uma carona na minha bicicleta mas ele recusa, então eu acabo chegando à loja bem cedo e o enchendo de mensagens no celular. Fiquei um tanto feliz quando ele me deu seu número ontem.
Vinte minutes depois ele aparece com uma mochila e respirando pesado.
"Por que você não deixou eu te buscar?" Pergunto, oferecendo para segurar sua mochila. Ele aceita e me agradece.
"Não seria uma boa idéia." Ele responde, misterioso. "Bom, vamos fazer essa merda."
"Você não parece muito empolgado." Noto, e ele me dá uma olhada.
"Quem estaria empolgado para pintar uma parede?" Ele revira os olhos. "Vamos lá, me ajuda a colocar esse projetor em algum lugar."
Pegamos uma extensão da loja e colocamos o projetor em uma cadeira a certa distância da parede, até que o desenho estivesse grande o suficiente. Era apenas o logo da loja com uma carinha sorridente, então não parecia muito difícil de fazer. Bom, claro que para mim seria super difícil, mas não era problema meu. Alex organiza os pincéis e tintas e começa a desenhar o contorno do desenho na parede com um lápis. Ele era bom em fazer uma linha reta.
"Você vai assistir?" Ele se vira para mim. "Pega a tinta amarela e começa a pintar aquele lado."
Concordando rapidamente, eu faço como ele diz e começo do outro lado da parede. O amarelo suave ficaria bem para a loja, dando-a uma aparência refrescante e limpa.
Pintar era fácil, não demandava nada mais do que atenção para não deixar nenhuma parte faltando ou coisa do tipo. E logo fica chato. Alex estava concentrado em seu desenho, já pintando as letras, e eu estava suspirando a cada segundo que passava o pincel na parede.
"Ei, e se colocarmos música?" Sugiro. "'Tá chato fazer isso em silêncio."
"Pergunta pro pessoal do turno do final de semana lá dentro se vai incomodar."
E então eu o faço sem hesitação. Entro na loja e encontro o casal aos beijos atrás dos caixas.
"Uh, gente..." Tento chamar a atenção deles.
"Ah, Ed!" O rapaz me olha, sorrindo. "O que foi, precisam de outra extensão?"
"Não, nós só... estávamos pensando se iria incomodar se colocássemos música. Pintar a parede em silêncio é muito chato."
"Bom, se não for heavy metal, tudo bem!" A garota diz, rindo.
"Sim, cara!" O rapaz se levanta e vai até a porta dos fundos. "Aqui, leva o rádio com você. Dá pra ligar seu celular nele."
"Obrigado!" Vou até ele e pego o aparelho.
Volto lá fora e ligo o rádio na extensão. "O que quer escutar?" Pergunto, pegando meu celular.
"Madonna." Alex suspira. "Brincadeira, põe o que quiser."
"Na verdade eu tenho Madonna aqui, se você quiser." Eu rio.
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Verão Verde-Azulado
Ficțiune adolescențiEdgar volta para a casa dos pais, durante as férias de verão, repleto de dúvidas quanto ao seu futuro. Seu primeiro ano cursando medicina apenas o mostrou como ele não nasceu para a profissão - mesmo que seguir a carreira de seus pais tenha sido alg...