- Eu gostaria - Ele abriu um sorriso, e caralho! O que era aquilo?
- Não você não gostaria!
- Sim eu gostaria - riu.
Abaixei a cabeça encarando minhas mãos que no momento estavam apoiadas em meu colo.
Um homem gordo e com uma bandeja em mão chegou
- Gostariam de pedir algo?
- Eu não, obrigado... - agradeci.
- Eu queria um de pedaço de bolo, e um chocolate quente, por favor - o cara assentiu sorridente e saiu de lá.
Mordi o lábio inferior e sequei as lágrimas que ainda insistiam rolar por minha face.
- Bom, antes de tudo acho melhor nós nos apresentarmos, né? - o garoto perguntou.
- É. - respondi nem um pouco animada por estar tendo um dialogo com uma pessoa.
Uma coisa que é bem difícil de acreditar, é o fato que eu nunca tive "amigos", apenas na época que eu morava no Brasil, porém vim para Londres com 8 anos!
- Harry Styles, prazer - sorriu.
- Caroline Smith.
- Nome... Bonito.
- Eu sei que você iria dizer que meu nome era estranho. Todo mundo diz isso, pode falar eu não vou me incomodar... Como sempre. - Encarei-o.
- Não, eu não iria dizer que seu nome era estranho - engoli em seco.
- Você tem quantos anos, Styles?
- 18, e você, Smith? - Revirei os olhos com tamanha infantilidade.
- Tenho 17.
- Hum... - disse pensativo.
Eu não sei o porque, mas acabei me lembrando do meu primeiro dia na escola de Londres. Só sei que foi horrível... Eu tinha 9 anos, e estava entrando no terceiro ano, entrei na sala de aula morrendo de vergonha e fui me sentar na última carteira, ao meu lado uma garota com cabelos perfeitamente penteados e lábios cheios de Gloss se sentava. Na sua frente uma garota que não parava de mexer em seu Ipod e ficar rindo com a outra menina, se sentava. Eu parecia um alienígena perto daquelas pessoas, não sabia as gírias, não sabia falar em inglês direito, e nem sabia como me vestir. Na hora de me apresentar eu fui péssima, disse meu nome, e que gostava de cachorros! Todos começaram a rir e minha bochechas ficaram vermelhas. Eu era uma criança, completamente inocente, não fazia a menor ideia de que 9 anos depois eu estaria neste estado...
- Você é inglesa?
- Não, sou brasileira. - eu estava com vontade de sair andando. Porém uma das únicas coisas que minha mãe me ensinou foi ter respeito, e por conta disso eu não deixaria Harry falando sozinho.
O garçom chegou com o pedido dele e novamente perguntou se eu não queria alguma coisa. NÃO!
Foda-se se eu não tinha tomado café, foda-se se eu não tinha almoçado, foda-se se eu não tinha comido nada! Era melhor eu morrer logo desmaiada do que ficar sofrendo...
- Bom, eu vou indo! Tchau - me levantei.
- Espera! - Harry gritou e saiu correndo atrás de mim.
Meus pulsos continuavam dilatando de dor e quando eu abri a porta do Starbucks senti o vento se jogar contra mim, e por conta de minha fraqueza eu fui "empurrada" para trás, antes que eu caísse no chão alguém me segurou.
- Cuidado, se eu não tivesse te segurado você teria caído e se machucado - seria melhor assim, pensei.
- Obrigada - sorri sem mostrar os dentes -, agora vou indo - tremi um pouco por conta do frio.
Harry segurou meu pulso me puxando para ficar em sua frente.
- AIII!! - gritei por ele tocar nas minhas feridas.
- O que foi?
- Na-nada - fechei os olhos com força.
- Tem certeza? - assenti com a cabeça.
- Tchau... - dei um passo.
- Pelo menos você me permite te levar para sua casa? - perguntou inocentemente. Pensei um pouco.
- Ok, eu deixo.
- Vou apenas pagar o meu pedido.
Segundos após ele retornou com as mãos nos bolsos, Harry era um garoto muito atraente, e simpático, mas a última coisa que quero é envolver me com alguém, afinal tudo que começa com um "Olá, termina com um Adeus.".
Fui caminhando atrás dele à procura de seu carro. Paramos em frente à um Range Rover preto beeem grande. Ele abriu a porta para mim e eu entrei, impressionada com tamanho cavalheirismo. Nenhum garoto jamais havia feito aquilo para mim, ou melhor, nenhuma PESSOA tinha feito isso para mim. Afinal, ninguém nunca foi gentil comigo e isso era triste, me deixava realmente muito magoada.
- Então? - Ele perguntou.
- O que foi?
- Você está parada a um século sem me dizer o endereço.
- Desculpe-me!
Contei-lhe o local e pus o cinto, logo apoiando a cabeça contra a janela e observando a rua. Senti pontadas fortes, e logo minha visão ficou turva, nem havia percebido que o carro parou.
- Tchau Harry - abri a porta do carro, e assim que fiquei de pé, minha pernas bambearem e eu cai no chão.
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You really don't care
Novela JuvenilCaroline sempre fora uma pessoa sozinha, nunca teve amigos, e seus pais não são presentes em sua vida. A garota sofre de problemas sérios com sua auto-estima, costuma sofrer em silêncio. Até que um misterioso rapaz entra em sua vida, deixando-a de c...