Capítulo 1

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(Onde quer que esteja, mesmo que no outro lado do oceano, eu estarei a pensar em ti.)

Briz Souza


Pierre Garibaldi


__Alex, onde está pensando em fazer a comemoração?__Caio pergunta, referindo-se ao aniversário do nosso amigo.

__Num prostíbulo, talvez? __Digo, e arranco risos da galera. Meus amigos são muito putos, mesmo. Aposto que já estão pensando em milhares de coisas insanas.

__Deixa de ser vagabundo, cara!__Alex soca meu ombro de leve. __É claro que vai ser em um lugar fino e sofisticado, nada de putarias.

__Onde seria esse lugar, brother?__Pergunta Caio, enquanto assiste algo em seu iPhone.

__Estava pensando em fechar um camarote naquela boate recém inaugurada, do outro lado da cidade. __Alex nos olha. __Acho que poderíamos nos divertir muito.

__É uma ótima ideia!__Comento. Mesmo que ainda assim, eu ache o prostíbulo mais emocionante.

__E a lista de convidados? Será só mulheres, não é mesmo?__Caio, pergunta apreensivo.

__A maioria sim. __Alex responde. __E alguns travestis para fazer a sua alegria, Caiozinho.

__Vai a merda, Alex!__Caio se irrita. O doctor adora provocá-lo. 

Diz a lenda, que quando mais novo, Caio acabou enchendo a cara em uma rave e saiu de lá com um travesti. Nada contra, mas ele se diz hetero, macho com M maiúsculo e odeia quando algum de nós nos referimos a esse episódio no mínimo, engraçado.

__E umas drags para você, Pierre. __Rebate inconformado.

__Meu negócio é mulher Alex, você está exausto de saber disso. __Dou uma piscadela e logo, me levanto. __Agora preciso ir. Alguém muito rebelde me espera. __Suspiro só de imaginar.

__Boa Sorte! __Caio sabe que eu vou precisar.

•×•×•×





__Pierre, onde estava? __Jasmine, pergunta assim que entro em casa. __Com alguma mulher, aposto!

__Só se o Alex e o Caio agora mudaram de sexo. __Me jogo no sofá macio da sala de estar.

__Pierre. __Ela me encara por alguns segundos. __Já pensou em se relacionar com alguém do mesmo sexo?

__Ficou louca, Jasmine?__Dou um pulo do sofá. __De onde tirou esse absurdo?

__É uma prática tão natural... __A cínica sorri, como se realmente soubesse o que está falando. __ Acho que deveria experimentar.

__Jas, você bateu com a cabeça em algum lugar?

__Não, não. __Me mostra seus lindos dentes bem alinhados. Tudo graças ao meu dinheiro. __Eu fiquei com uma garota e foi legal.

Me engasgo com a própria saliva.

__Você o que, Jasmine?__Não consigo diregir a informação.

__Eu fiquei com uma garota, Pierre. Você tem problemas de audição?

__Jas, você é lésbica? __Tremo em aflição. Tudo bem que isso é algo normal, mas ninguém está totalmente preparado para uma notícia dessas. Pelo menos, eu não.

__Acho que ainda prefiro os homens. __Ela sorri da minha cara de desespero. __Eles tem mais pegada.

__E eu acho que você deveria estar brincando em seu quarto com a sua boneca de pano. Jasmine, você é uma criança, droga!

__Pierre, não viaja... __Rebelde que só, da às costas e entra para o quarto. Espero que tenha mudado de ideia e tenha ido mesmo brincar com a sua linda boneca.

Desde que viemos da Espanha, Jasmine só tem me trazido problemas. Ela tem apenas quinze anos, mas já fez coisas absurdas. Ficar com uma garota foi a menor das suas façanhas. Eu não me importo se ela prefere homens ou mulheres, só não quero que se envolva com ninguém. Pelo menos, não agora.
Jasmine, ainda é muito imatura.
  
Por conta da sua rebeldia excessiva, tive que trocá-la de colégio por três vezes. A primeira fora há cinco anos, tínhamos acabado de chegar ao Brasil, Jasmine, dizia sofrer bulling por causa do seu sotaque espanhol. Depois, agrediu uma professora em plena sala de aula. E a última, faz um mês, Jasmine, entrou na sala dos diretores e conseguiu hackear o site da escola. Postou que não haveria aula durante uma semana e a notícia foi espalhada por todo o colégio. As câmeras de segurança pegaram-a e como consequência, foi expulsa da instituição.

Quando lembro que já fiz algo de errado nessa vida,  penso na Jasmine e logo, a minha consciência volta a ficar tranquila.

Aturar essa garota me trás a certeza de que todos os meus pecados já foram perdoados.







Jéssica Nobre

__Jéssica você vai ao aniversário do Dr. Alexandre, não é?__Jeisa insiste.__Eu não posso ir sozinha, não tem a menor graça!

__Isa, estou sem a menor disposição para essa festinha sofisticada cheia de gente granfina. Além do mais, eu nem conheço esse cara! __Protesto.

__Mas eu conheço. __Responde objetiva. __Ele é o meu médico há anos e eu não posso deixar de ir a esse evento, Jéssica.

__Eu sei muito bem o que você sente por esse homem, e nem mesmo essa carinha de cão abandonado disfarça. __Gargalho da sua cara de boba. Isa, nunca me escondeu nada.

__O que eu sinto ou deixo de sentir é problema meu. __Mais certeira que uma bala de 38. __Você vai ou não, Jéssica? Eu preciso da sua resposta.

__Me convença!__Sou muito mais difícil do que se imagina. Tá pensando o quê?

__Vai ter cachaça de graça!__Jeisa, conhece meu ponto fraco como ninguém. Não necessito de nenhum outro argumento, estou satisfeita.

__Está esperando o quê? Vamos nos arrumar!

Não faço ideia de quem seja esse cara, mas suas festas são muito bem faladas pela alta qualidade e quantidade de pessoas. São mega eventos realizados sempre com muito luxo e sofisticação. Eu confesso não gostar muito dessas pompas, mas não posso deixar a minha querida irmã na mão. Se eu não me divertir, pelo menos, sei que bebidas não irão faltar.

Então, porque não? 

Sentirei sua faltaOnde histórias criam vida. Descubra agora