Pierre Garibaldi
__Quem está falando?__Pergunto para alguém do outro lado da linha. Não consigo abrir meus olhos, ainda é muito cedo.__Filho!__estremeço ao ouvir a voz do cretino.
__O que você quer, Francésc?
__Por favor Pierre, me deixe falar com a minha filha...
Em hipótese alguma deixarei esse miserável ter contato com a Jasmine. Ela sofreu demais ao lado desse infeliz e não quer nem ouvir falar em seu nome.
__A Jasmine está dormindo, aqui ainda é madrugada. __Respondo baixo para não acordar Jéssica. __Eu preciso desligar.
__Não, Pierre...__Ouço sua voz embargar. __Por favor meu filho, não desligue!
__Que droga você quer? Fala de uma vez! __Me irrito com sua insistência.
__Pierre, por mais que você não acredite, eu não matei a sua mãe. Não fui eu, meu filho...__Desligo o celular em sua cara, sem nem me importar com seus argumentos falsos.
Eu sei que o Francésc tem a ver com o sumiço da Jenne e até que me prove o contrário, nada fará mudar o que penso.
Jenne nunca foi feliz ao lado desse homem e mesmo que por diversas vezes ela tentasse esconder seus erros, eu sempre soube que o meu pai nunca valeu nada.
Covarde!
Não importa se é amanhã ou daqui há vinte e cinco anos, mas eu vou descobrir o que aconteceu com a Jenne, custe o que custar!
__Pierre...__Jéssica murmura meu nome interrompendo meus devaneios. __Está acordado?
__Sim, meu amor. __Beijo sua testa pequena.
Pera aí, o que foi que disse?
__Amor?__Jéssica, sorri.
__Você ouviu errado, Jéssica. __Ainda tenho medo de demonstrar meus sentimentos. O passado continua presente em mim. E ele não foi nada agradável. Droga!__Eu não disse nada.
__Eu ouvir muito bem, Pierre. __Boceja.__Não sou surda.
__Esquece o que eu disse, vamos dormir...
•×•×•×•×
__Perfeito!__Digo para mim mesmo quando termino de arrumar a mesa.
Novamente, preparei o café da manhã. Hoje, um pouco mais especial, quero impressionar as minhas meninas. Quero dizer, Jéssica e Jasmine.
Fiz torradas, panquecas doces e salgadas, tortilhas, tapiocas e dois sabores distintos de suco. Além dos iogurtes variados e um bolo de cenoura com cauda de chocolate meio amargo, que eu mesmo fiz questão de preparar.
Aprendi a cozinhar desde muito novo. Saí de casa aos dezessete anos, e precisei me virar.
Mamãe cozinhava muito bem, era impressionante, tudo o que fazia tinha um toque especial incapaz de ser copiado por alguém. Às vezes, ficava observando-a de longe, picava os temperos com maestria e jamais chorou ao cortar uma cebola. Ela era como um mago dos alimentos. Talvez por isso, tomei tanto afeto e conhecimento pela culinária. Fiz um curso na Espanha e quando vim para o Brasil, abrir o meu próprio restaurante.
Hoje é um tremendo sucesso. Adoro ver os espanhóis que assim como eu, sentem falta de alguns sabores matando a saudade da nossa terra e, os brasileiros curiosos se permitindo a experimentar um novo sabor.Tudo é muito gratificante.
Hoje, entendo quando a mamãe dizia: A cozinha é como uma tela, os alimentos são como a tinta, e você, o artista.
Sempre há espaço para uma nova obra de arte.
Jéssica Nobre
__Pierre...__Chamo-o ainda sonolenta. Passo a mão pelos lençóis, mas não encontro nada. __Pierre...
Abro os meus olhos e então, percebo que estou sozinha. Me levanto com um pouco de preguiça, arrumo a cama e vou para o banheiro fazer minhas higienes.
Quando termino, visto o mesmo vestido de ontem à noite e vou providenciar alguma coisa para comer.Meu estômago dói.
__Uau! __Me surpreendo ao presenciar uma mesa farta de coisas deliciosas.
Será que o Pierre preparou tudo isso para mim?
Não delira, Jéssica...
__O que fazes aqui, periguete?__Tava tudo bom demais para ser verdade.
__A única periguete que estou vendo aqui é você. __Coloco um pouco do suco de laranja em meu copo.__Quer dizer, meia periguete, porque nem idade para isso você tem.
__Pierre, é muito louco mesmo! __A aprendiz de Tati quebra barraco coloca as mãos na cintura para me intimidar. __Como pode, trazer uma periguete desaforada para dentro da própria casa?
__Eu posso até ser desaforada e um pouco periguete mesmo, mas pelo menos, não sou mentirosa como você!
__Eu inventei tudo aquilo justamente, porquê não quero ver o meu irmão com uma mulherzinha como você... __Cospe seu veneno em minha cara. __Pierre merece coisa melhor!
__Inclusive uma irmã menos peçonhenta. __Rebato.
__Você não sabe do que eu sou capaz, Jéssica!__A cascável mirim me encara com ódio.
__Eu não tenho medo de você, garota! __Me levanto. __ Não tenho medo das suas mentiras, muito menos do seu veneno. Na escola que você estuda meu bem, eu sou pós graduada.
__Você não presta, sua bandida! __Jasmine me encara com raiva. __Tudo o que deseja é apenas extorquir o meu irmão.
Tenho vontade de esbofetear a cara da pirralha, mas me contenho.
Tenho absoluta certeza que o Pierre, não conhece esse lado maldoso da irmã. Jasmine, não é uma jovem que precisa de afeto, ela é pior que isso.Essa daí não presta mesmo!
__Eu não quero nada do seu irmão, Jasmine!__Grito irritada. Como pode me acusar dessa maneira?__Tudo o que eu tenho com o Pierre trata-se de sexo, nada mais!
__Lindinha, Pierre não é homem de apenas uma mulher.__Gargalha debochada. __Não se iluda, mais cedo ou mais tarde, ele te troca por outra.
__Não tenho medo. __Estufo os seios para parecer maior. __Eu me garanto, Jasmine!
__Se eu fosse você, tomava cuidado em pronunciar certas palavras...
__Mas não é! __Grito descontroladamente. Essa garota me tira do sério.
Cretina!
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Sentirei sua falta
RomanceUm espanhol misterioso e uma brasileira pervertida. Assim, inicia a história de Jéssica Nobre e Pierre Garibaldi. Jéssica, é uma garota intensa, que adora descobertas e a palavra impossível não faz parte do seu dicionário. Adora a vida e está dispo...