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  Julho, 2016

  Os últimos meses haviam sido os melhores da vida de Takoda. Ele finalmente havia se enturmado, e aceitado quem ele era. Claro que ele não havia conseguido isso sozinho. Se não fosse a compreensão e aceitação que os gêmeos mostraram pra ele, Takoda ainda seria o jovem esquisito que não saia de casa a noite.
  No fim do primeiro período do curso de belas artes, todos da turma já sabiam do "segredo" de Takoda. Isso era algo que ele não precisava mais esconder.
  Foram muitas noites de sexta, muitos fins de semana, que Takoda ficou junto de seus novos amigos.
  Mas esse dia, é o dia em que eles tiveram que se despedir.
  Narciso deu carona para eles até o terminal rodoviário naquela manhã. Eco os acompanhou. Era o primeiro dia do recesso de inverno, e Takoda, Dakota e Kato iam passar um tempo com suas famílias no interior. O relógio marcava 10:00, os ônibus que os levariam deveria chegar a qualquer momento.

Kato: É, confesso que passar nesse primeiro período da faculdade não foi fácil.

Eco: Pois é, vai ficar mais difícil a partir de agora.

Dakota: Mas nós vamos persistir.

Eco: Sim.

Takoda: Eu tô um pouco nervoso.

Narciso: Por que?

Takoda: É a primeira vez que viajo de ônibus.

Dakota: Fique tranquilo, pela hora que vamos sair daqui, você deve chegar na sua cidade no meio da tarde.

Takoda: É, acho que achei a minha Ariadne para me guiar nesse labirinto que é a vida.

Kato: Só não abandone a minha irmã no meio do caminho.

Takoda: Parece que alguém aqui andou lendo os meus livros de mitologia.

Kato: Fazer o que? As histórias são ótimas.

Dakota: Né.

Narciso: Não curto muito mitologia. Nela, teve um cara com o meu nome que morreu porque se apaixonou pelo próprio reflexo.

Eco: Compreensível isso.

  Os ônibus chegaram juntos, naquele instante.

Dakota: Acho que está na hora de irmos.

  Eco e Narciso ajudaram os três a carregarem suas bagagens.

Narciso: Sabe, a gente se conheceu no começo do ano, mas eu vou sentir saudades de vocês, principalmente nas férias. Vocês três são estranhos, mas não de uma maneira ruim, e isso é legal. Ainda bem que tenho a Eco aqui comigo.

Eco: Digo o mesmo, e ainda digo que vou pintar um quadro só com nós cinco durante essas férias.

Dakota: Eu quero ver com os meus próprios olhos isso.

Eco: Vou me esforçar.

Takoda: A gente volta no fim do mês, talvez dê pra fazer algo juntos antes das aulas recomeçarem.

Kato: Assim espero. Vou falar com os nossos pais sobre a ideia de nos mudarmos para o seu apartamento.

Takoda: Também vou falar com os meus. Vai ser ótimo.

  O ônibus que levaria Takoda para sua cidade buzinou, indicando que faltava pouco pra partir.

Takoda: Bem, acho que mesmo que eu não queira, é hora de dizer adeus.

Eco: Isso não é um adeus, e sim um até logo.

Kato: Pena que a cidade onde eu e a Dakota moramos fica do outro lado do estado, em comparação a sua, se não, talvez até pudéssemos ir no mesmo ônibus.

Takoda: Né.

Dakota se aproximou de Takoda, e o beijou na boca. O Jaguar ficou corado. Kato, Eco, e Narciso sorriram ao ver essa cena.

Dakota: Só... Se cuida, ok?

Takoda: Digo o mesmo pra você.

  E então, ele entrou no ônibus e se acomodou em seu lugar. Pela janela, ele viu Eco e Narciso acenando. Dakota e Kato já deveriam estar dentro do outro ônibus.
  Takoda já estava com saudades, mas sabia que iria revê-los em pouco tempo. E o simples fato de ter amigos de verdade agora fazia o seu coração bater mais suavemente.
  Agora ele realmente se sentia de bem com o mundo.

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