MEU DESTINO É VOCÊ - LIVRO II (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 01 - Novo lar

Belinda

— Droga! — rosno com raiva.

Essa porcaria do pé da cama cisma em encontrar meu dedo. Isso dói como o inferno.

Ainda resmungando, deito e puxo as cobertas até o pescoço. Estou tentando não pensar que amanhã me mudo definitivamente para Nova Iorque. Não sei descrever como me sinto. Eufórica, receosa, feliz, insegura... É a grande chance que sempre sonhei, mas com essa conquista, sou obrigada a deixar muitas coisas para trás.

A pousada, Dante e meu sossego. Sim! Porque com o Agnelli por perto, o que menos terei será paz.

Ele é a pessoa que eu deixei para trás quando fugi e, definitivamente, não pretendo trazê-lo para a minha vida mais uma vez. Nós não nos vemos desde o casamento da Sofia e do Dylan. Depois que saí apressada, deixando o infeliz com as bolas amassadas, peguei carona com Jeremias, um amigo que acabei beijando durante a dança e que achei que ia me render alguns orgasmos mais tarde, mas não tive clima para deixar passar de uma simples carona.

Aquele filho da mãe conseguiu acabar com a minha noite.

Escuto uma leve batida na porta.

— Entra. — Pela fresta da porta, Rafaela aparece cabisbaixa.— Oi, pequena princesa. Não sabia que viria aqui hoje.

— Pedi para os meus pais me trazerem. Posso dormir com você, Linda? — Aqueles grandes olhos expressivos são capazes de ganhar qualquer coisa.

— Claro, Rafa. Vem cá!

Ergui as cobertas e ela rapidamente se empoleira ao meu lado.

— Eu não acredito que você vai embora. — Ela se agarra em mim.

Rafaela foi como uma aquarela de cores na minha vida durante estes nove anos que estou morando aqui. Eu a vi passar pela fase do "preciso ser cuidada" e chegar na parte "eu cuido do mundo". Ela fez 14 anos no mês passado e, para uma adolescente, suas ideias são bem avançadas. Dante morre de ciúmes da sobrinha. Esta pequena princesa aqui é como uma filha para mim.Foi nela que me apeguei quando a vontade de desaparecer aparecia.

— Você pode ir me visitar sempre que quiser, meu amor.— Levanto seu rosto pra mim.— E se o seu tio começar a te incomodar, você me liga que eu venho te salvar.— Pisco para ela de forma conspiratória.— Agora, chega de fazer essa cara de cachorro pidão.

Ela sorri de leve.

— O que você acha de irmos incomodar uma certa pessoa, hein?

Rapidamente, Rafaela se levanta. Entrego um travesseiro a ela e seguro o meu. Pé ante pé,vamos até o quarto ao lado. Dante está deitado de bruços e ressona baixinho. Ergo minha mão e conto até três.Pulamos em cima da cama e começamos o ataque. No primeiro momento, ele fica desorientado, mas como já conhece a emboscada, logo pega sua arma — uma enorme almofada —e nocauteia Rafaela. Depois, com um sorriso sacana,ele se vira para mim e agarra minha cintura, me derrubando no colchão.

Dante Giacomoni joga sujo. Porque combater o adversário com cócegas é baixo, muito baixo.

— Para, Dan.— Minha gargalhada toma o aposento. — Paraaaaaa... Por favor.

Rafa se diverte com a trapaça do tio. Dante está com um sorrisão de orelha a orelha e eu tento me livrar dele como se minha vida dependesse disso. Quando ele, enfim, me liberta da tortura, puxo o ar várias vezes para controlar a respiração.

— Isso não é justo — tento soar irritada.

— Ah, mas me atacar enquanto durmo é? — pergunta divertido. — E a senhorita vem até a pousada e não me conta? — Aponta para a sobrinha