A Retirada

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    Beijo-a com minhas últimas lágrimas que tocavam seu rosto gélido e macio. Estava frio,os ventos rasgavam as cortinas estendidas pelas beiradas da sala,o céu estava nublado,os pássaros velavam minha partida tão rápida.
    
     Tudo estava tão quieto e vazio,minhas malas já apoiadas na saída coberta pela lama do dia anterior,as árvores dançavam uma música lenta. Já estava na hora de partir. Me afasto tocando em seus ombros magros e pardos,observo os outros civis apoiados com suas lamparinas nos caminhões de madeira.
    
     Evito o seu toque de desespero em minha farda, lanço meu último adeus antes de ser reportado pela corporação francesa que insistia na despedida de suas filhas e amadas que partiam em uma viagem sem volta.
    
     As bombas partiam o silêncio da despedida, tão vazia, os gritos das pequenas morenas,filhas dos militares, calava nossa coragem, as sirenes assustavam os pequenos pardos agarrados nas pernas de suas mães, mas tudo estava tão vazio e silencioso.

     Meus olhos refletiam a confusão de meus sentimentos e a bagunça que revelia meu peito,a angustia que apertava o nó em minha garganta.
    
     Adeus Querida.
    
     

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