Estou vivendo sem dúvida um dos piores momentos a minha vida. Perder a minha velhinha está doendo tanto que eu não consigo nem explicar.
Acabamos de chegar do cemitério e eu estou no meu antigo quarto. Mesmo eu falando pro Rafa que não queria comer, ele está lá preparando lanche pra mim.
- Olha o que eu preparei pra você. - Ele disse entrando no quarto com uma bandeja na mão.
- Não quero comer Rafa, estou sem fome.
- Você está sem comer desde ontem amor, não pode. - Ele disse e depois pegou o celular que estava no bolso. - Olha o que a Ju mandou pra você.
Era uma foto das crianças, os dois estavam dormindo na cama da minha dos meus sogros.
- Que saudade dos meus amores. - Eu falei pegando o celular. - Minha velhinha sempre quis que eu desse netos pra ela, e ela nem teve tempo de curtir eles. - Eu falei e comecei a chorar.
- Não fica assim Ta. - O Rafa falou e deitou do meu lado. - Infelizmente não tivemos mais tempo com ela amor, mas pensa que você teve a oportunidade de realizar esse sonho dela, que é ver você bem, feliz, construindo sua família.
- Imagina a felicidade dela se fosse no nosso casamento amor.
- Ela vai estar lá, vai estar em nossos corações pra sempre. Agora tenta comer só um pouquinho meu amor.
Eu até tentei comer um pouco, mas não consegui, só tomei o suco.
Continuamos deitados e eu acabei dormindo. Quando acordei o Rafa não estava mais no quarto.
Encontrei ele conversando com minha mãe na sala.
- Dormiu pouco filha.
- Perdi o sono mãe. - Eu falei sentei ao lado do Rafa no sofá. - O que vocês estavam falando?
- Chamei sua mãe pra ir passar um tempo lá em casa com a gente. Assim ela te ajuda com algumas coisas do casamento e já é uma distração né.
- Verdade mãe, vamos pro Rio com a gente.
- Não posso ir agora filha, tem o meu serviço. Mas quando eu consegui alguns dias de folga eu vou sim.
- Eu queria poder ficar aqui com a senhora, pelo menos por um tempo, mas preciso voltar, não tem como a dona Márcia ficar esse tempo todo com as crianças.
- Filha, você tem que voltar pra sua casa, pros seus filhos, eles são tão pequenininhos ainda, precisam de vocês dois. - Minha mãe falou segurando minha mão e do Rafa. - A única coisa que sua vó queria, era que você fosse feliz, e lá no Rio com sua família eu sei que você é.
- A senhora sabe que o que depender de mim, ela vai ser cada vez mais feliz. - O Rafa disse e minha mãe nos abraçou, ficamos ali os três chorando pela dor de não ter mais a dona Joselina na nossa vida.
Até tentei dormir, mas passei praticamente a noite toda em claro, e o Rafa mesmo caindo de sono ficou ao meu lado.
Quando levantei minha mãe já estava em pé e estava terminando de arrumar a mesa do café.
- Senta aqui meus filhos, preparei um café bem gostoso pra gente.
- Não estou com fome mãe.
- Vai comer sim amor.- O Rafa falou.
- Não vai viajar sem comer Talita. - O Kaio disse. - Come só um pouquinho.
Comi obrigada, mas comi um pouco.
Já está na hora de irmos embora. Meu irmão, minha cunhada e minha mãe estão indo nos levar até o aeroporto.
- A senhora vai ficar bem? - Eu perguntei quando estava despedindo da minha mãe.
- Pode ir tranquila filha, vamos ficar bem. E você vai me prometer que vai ficar bem também. - Ela disse. - Sua vó não ia querer você triste.
- Eu sei.
- Cuida dela pra mim Rafa. - minha mãe pediu pra ele.
- Pode ter certeza que sim dona Eurides. Eu vou cuidar dela pra sempre.
Foi muito difícil me despedir deles hoje, é horrível ir embora e deixar eles aqui.
- Obrigada por ficar sempre comigo amor. - Eu falei pro Rafa já no avião.
- Você não tem que me agradecer de nada amor. Não fizemos os juramentos ainda, mas não estamos juntos só na alegria.
- Te amo tanto. - Eu falei e dei um selinho nele.
- Eu sei que é difícil esse momento, mas vai passar princesa, você vai ver.
- É uma dor que eu não consigo explicar, eu sabia que esse dia chegaria, mas não estava preparada.
- Nós nunca estamos preparados, só nos resta aceitar e aprender a viver com a falta que ela vai fazer nas nossas vidas.
Ele realmente está certo, eu jamais estaria pronta pra esse momento.
Consegui dormir um pouco no vôo, e meu pretinho também aproveitou pra descansar também.
Quando desembarcamos, eu vi de longe a Ju, o Diego, meus sogros e meus filhos. Que saudade dos meus amores. Os dois estavam segurando um botão de rosa cada um.
Vi meu sogro mostrando para o Davi que nós chegamos e ele veio correndo ao nosso encontro.
- Pa você mamãe. - Ele disse assim que eu peguei ele no colo.
- Que saudade meu amor, muito obrigada pela flor filho, a mamãe amou.
- Acho que tem outra florzinha pra mamãe. - O Rafa disse e ele ja estava com a Maria Alice no colo. - O papai não ganha um abraço não? - Ele disse e nós trocamos, peguei minha menino, e ele pegou o Davi.
- Que saudade da minha pequena. - Eu falei enquanto abraçava ela. - Muito obrigada por cuidar deles dona Márcia.
- Não precisa agradecer minha filha. - Ela falou e veio me abraçar.
- Eu também cuidei viu, não ganho abraço não? - A Ju disse.
- Eu sei que você também ajudou Ju, muito obrigada, agradeço todos vocês por tudo. - Eu falei e comecei a chorar.
Seguimos todos para o apartamento dos meus sogros, eles falaram para almoçarmos lá.
Não desgrudei um minuto dos meus filhos, nunca tinha ficado longe deles, e eu tenho certeza que eles vão me ajudar muito nesse momento, só de estar perto deles eu já me sinto meu coração mais aliviado.