Capítulo 1

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O avião já está se preparando para pousar. Lar doce lar, estava morrendo de saudades de casa, mas esse intercâmbio foi a melhor experiência da minha vida. Não foi bem um intercâmbio de uma empresa, eu fui morar com meus tios por um ano, para fazer o 2º e 3º ano do ensino médio, lá em Los Angeles. Mas como o ano letivo dos Estados Unidos começa em setembro e termina mais ou menos em junho, tive que voltar antes de terminar o 3º pra começar ele de novo! Mas em uma escola diferente com pessoas diferentes. Pelo menos a Cris vai pra mesma escola que eu, só espero que ela não me troque pelo Alex, o novo namorado dela. Cris, ou Cristina, é a minha melhor amiga desde que tínhamos 2 anos de idade, e agora já estamos com 17! O tempo passa muito rápido. E por falar em tempo, o comandante avisou que já estávamos em Brasília, nem vi o tempo passar.

Levantei para pegar minha mochila que estava guardada no bagageiro acima dos assentos, mas quando fui me levantar bati a cabeça no "teto" e escutei uma risada, não me era estranha, deve ser algum passageiro que riu durante a viagem. Abri o bagageiro e uma mochila escorregou, apenas fechei os olhos imaginando que iria cair em cima de mim, mas esperei e nada aconteceu. Ao olhar para o lado vi um menino, muito bonito, tinha cabelos escuros e olhos verdes, não era saradão pelo que pude perceber com sua camisa vermelha, mas tinha um corpo malhado, segurando a mochila. Ele riu novamente:

— Tá difícil pra você hoje né? Hahaha. – então era essa a risada que eu tinha escutado antes.
— Pois é, acho que só estou um pouco nervosa. Qual o seu nome?
— Leonardo, mas pode me chamar de Leo... e o seu?
— Lúcia, mas pode me chamar de Lu.
— Então Lu, por que você disse que estava nervosa? – ele disse com uma expressão curiosa.
— Acabei de voltar de um intercâmbio e ainda vou mudar pra um colégio interno, é muita informação, ainda bem que eu voltei ainda nas férias, assim eu posso me acostumar com o horário e me preparar psicologicamente.
— Você vai pra um colégio interno?
— Sim, loucura né?
— Com certeza...

Ficamos conversando enquanto saíamos do avião.

— Quantos anos você tem, Leo?
— Tenho 17 e você?
— Também, faço 18 só em outubro.
— Meu aniversário é amanhã.
— Nossa! Parabéns adiantado, tudo de b... – ele fez sinal de silêncio e depois começou a falar.
— Já ouviu falar que dar parabéns adiantado dá azar? – ele riu – Mas se você quiser me dar parabéns amanhã mesmo, pode me mandar uma mensagem.

Ele pediu meu celular e anotou o número dele, esse menino não perde tempo! Mas com certeza eu mandaria uma mensagem. Anotei o meu número no celular dele também e fomos buscar nossas bagagens. Ficamos conversando até que meu celular começou a tocar, era minha mãe.

Alô, mãe?
— Oi, minha filha! A viagem foi boa?
— Foi sim mãe, como a senhora sabia que eu já tinha chegado?
— Sexto sentido de mãe, inclusive já estou aqui na frente, e quem é esse gatinho que você estava conversando?
— Para, mãe! É só um menino que eu conheci no avião, nada de mais. Estou indo pro carro.

Desliguei o telefone e fui me despedir de Leo, mas ele insistiu em me ajudar com as malas. Quando cheguei na porta do carro minha mãe saiu correndo para me abraçar, apresentei ela ao Leo e depois nos despedimos. Dei um abraço bem forte nele, pois mesmo tendo seu número essa poderia ser a última vez que eu iria vê-lo.

Na ida para casa, minha mãe ficou perguntando sobre ele e eu disse que não tinha nada de mais, porque era verdade. Eu sempre tive uma relação de amiga com a minha mãe, contava tudo para ela, mas dessa vez nem tinha o que contar, só que eu ia ficar pensando no menino do avião por mais um tempinho.

Chegamos em casa e me deparei com a minha cozinha toda vermelha! Parece que minha mãe resolveu redecorar enquanto eu estava fora. Não eram mais armários de madeira, estava tudo novo, e mesmo vendo aquilo quase todos os dias por vídeo chamada ainda me senti deslocada. A Belle veio correndo, fiquei surpresa de ela ter lembrado de mim depois de tanto tempo. Belle é minha cachorrinha, ela é vira-lata, encontramos ela presa no pneu de um carro, ela era só um filhote e agora meu bebê já está com 3 anos! Eu dei esse nome porque a Bela é a minha princesa preferida da Disney, ela e a Ariel, tanto é que quero adotar outra para dar esse nome. Logo depois apareceu meu padrasto, que eu chamo de pai, pois meu pai morreu pouco tempo depois que eu nasci, e minha mãe se casou com o Gustavo. Ah, e o nome dela é Vânia. Dei um abraço apertado nele e fui direto pro banho, estava exausta. Precisava acordar cedo e começar a me acostumar com o horário.

Falta 1 semana para o começo das aulas e eu estava até ansiosa. Tenho que comprar uniforme e roupas novas, pois no colégio interno só podemos voltar para casa nos finais de semana. Minha sorte é que na escola que eu vou estudar tem um campus bem grande, acho que posso me divertir. Tomei banho e liguei para a Cris, precisava saber do que estava acontecendo.

Oi, Lu! Como foi a viagem?
— Foi ótima, conheci um menino no avião... mas acho que nunca mais verei ele novamente.
— Ai amiga, não inventa de se apaixonar por um menino que você só conversou uma vez.
— Que nada, não precisa se preocupar.
— Enfim, não estou nem acreditando que a escola mudou pra um colégio interno!
— Mas não era sempre assim?
— Não né, boba. É novo isso, fizeram até uma festa de reinauguração, pena que você não estava aqui.
— Ei, eu vou no shopping e na papelaria amanhã para comprar roupas e uniformes, quer ir comigo? Precisamos nos ver urgentemente!
— Lógico né, não tem como recusar uma ida ao shopping.
— Ok, vou dormir agora, estou exausta. Te mando mensagem quando eu acordar. Tchau.
— Tchau, Lu. Dorme bem.

Desliguei o telefone e dei de cara com uma mensagem do Leo! Lembrei que ele também tinha meu número.

Leo: Boa noite, Lu! Chegou bem em casa?
Lu: Boa noite, cheguei sim. E você?
Leo: Também, fiquei pensando em esperar você me mandar mensagem amanhã, mas minha ansiedade não deixou.
Lu: Eu não estava pensando em te mandar mensagem hoje, estou tão cansada. Mas fico feliz em ter recebido uma sua.
Leo: Você vai fazer alguma coisa amanhã?

Escutei meu pai me chamar, fui correndo ver o que era. Quando cheguei na sala não era nada urgente, mas ele estava com a minha mãe no sofá e ela estava com Belle no colo. Senti um clima meio sério. Ele pediu para que eu me sentasse porque eles queriam conversar comigo. Já pensei que eu ia leva bronca no primeiro dia em casa. Sentei e esperei algum deles começarem a falar:

— Mãe, o que aconteceu?
— Lúcia, querida, estávamos muito ansiosos para te contar as novidades.
— Esse clima todo pra me contar novidades mãe? Eu já achei que ia levar bronca, vai direto ao assunto, eu estou ficando curiosa!
— Filha, eu estou grávida.
— Como é que é?

O retorno de LúciaOnde histórias criam vida. Descubra agora