Operação Shanghai

Capítulo 2 - Secretária?

Capítulo Dois – Secretária?

Por Paola

Acordar cedo não é algo que eu goste, definitivamente. Discutir negócios logo depois de acordar, muito menos. Porém, fiz um enorme esforço para levantar da cama e me arrumar o melhor possível para ir ao encontro dos meus possíveis novos clientes.

Ajeitei a lente dos meus óculos que tinham quebrado na noite passada quando fiquei horas tentando decodificar um sistema e acabei cochilando em cima delas, e ganhei as ruas, pois não podia me atrasar de modo algum. O pessoal que havia me indicado esse trabalho disse que o meu possível novo contratante era bem impaciente e não gostava de pessoas que não fossem pontuais.

Percebi que cheguei mais cedo do que esperava no café em que combinamos de nos encontrar e fui recepcionada por uma simpática atendente que me indicou uma mesa com duas cadeiras mais ao fundo do estabelecimento. Ela ficou me olhando de um jeito tão insistente que acabei pedindo um café para que ela vazasse o mais rápido possível da minha frente.

Consultei o relógio e faltava ainda cinco minutos para a hora marcada. Esperava que o meu novo cliente também fosse pontual, principalmente porque eu havia acordado muito cedo para ele desperdiçar o meu tempo, afinal, e se não fechássemos negócio? Nem teria valido a pena sair da cama.

— Senhorita Manzoni? — Uma voz grossa soou bem próxima a mim, fazendo-me olhar em sua direção imediatamente.

Um homem de bom porte físico, não muito alto, nem muito velho, com cabelos pretos lustrosos, terno e gravata e olhos levemente puxados sentou-se à minha frente. Ele deu um sorriso confiante e eu apenas acenei com a cabeça.

— Bem, eu sou Hiru Tsunoda, é um prazer conhecê-la pessoalmente.

Aham, e eu era feita de pele de panda! O cara estava me olhando como se eu fosse um ser humano digno de pena e isso me deixou bem frustrada. Tá legal, eu aposto que ele estava esperando uma mulher chique, cheia de apetrechos e artimanhas, aí se deparou comigo e a decepção era visível no seu rosto.

— Paola Manzoni, ao seu dispor — disse apenas, endireitando minha postura. — O senhor disse que o caso que tinha para mim era um tanto delicado, então, por que não vamos direto ao assunto?

Tentei mostrar profissionalismo para o cara, talvez assim conseguisse fazê-lo parar de olhar para os meus óculos remendados com fita adesiva e para o meu incrível casaco cinza de gatinhos. O que as pessoas têm contra gatinhos, afinal de contas? Eles são lindos!

— Certo, certo, bem, você foi indicada por um pessoal da alta, então não tenho dúvidas quanto a sua eficiência — ai que legal, ele estava tentando se redimir com elogios por ficar me encarando. — Mas gostaria de alertar que esse caso é diferente de tudo em que já trabalhou e vai exigir total dedicação.

— Acho que entendi essa parte, senhor Tsunoda — comentei, meio impaciente, afinal aquela informação já tinha sido passada a mim e pelo amor de Deus, com quem ele achava que estava falando?

— Claro, mas quando digo que vai exigir total dedicação, quero dizer que a senhorita terá mesmo que se empenhar — disse ele, enfatizando a palavra total e falando devagar como se eu fosse uma retardada. Deu vontade de dizer: conte-me uma novidade! — Nós recebemos uma informação de um dos restaurantes ligados à rede que há um grupo do governo investigando nossos negócios. O informante disse que um dos membros estava tão bêbado que começou a soltar informações para todos ouvirem e por isso foi fácil compreender sobre o que estavam falando. Não acreditamos que eles tenham provas para chegar até nós, mas não gostamos de surpresinhas, por isso queremos averiguar.