CAPÍTULO 2

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Anny Merlyn

Meses depois.

Estou agora junto com a minha mãe dentro de um avião a caminho da Inglaterra. Recebi uma ligação avisando sobre o acidente de carro que o meu pai sofreu. Ele está no hospital. O Mike estava comigo quando atendi o telefonema. Pedi que ele viesse comigo, porém, ele disse que não podia. Nem me preocupei com as desculpas que ele me deu, resolvi ignorar o fato de não poder contar com o meu namorado. Liguei imediatamente para a minha mãe, avisando sobre o telefonema que recebi, e ela se ofereceu para vir comigo.

Fiquei preocupada por ela vir comigo e deixar o Enzo sozinho com o Lorenzo. Sem nenhuma de nós para cuidar do meu sobrinho, como ele iria trabalhar? No entanto, ela me tranquilizou dizendo que ligou para o Enzo e ele garantiu que ficariam bem, que podíamos viajar despreocupadas. Apesar de isso ser impossível, estou tentando focar a minha mente no meu pai agora. Ele irá precisar de mim ao seu lado. Sou sua única filha. Papai conheceu a minha mãe quando ela já tinha o Enzo e, apesar disso, não atrapalhou em nada, papai se apaixonou por ela mesmo assim. Ao se casarem, meu pai fez questão de registrar o Enzo com o seu sobrenome e o tratou como um verdadeiro filho. Sei que, se pudesse, o Enzo também teria vindo conosco para a Inglaterra. Meu pai cuidou do meu irmão e o criou como se fosse seu filho, e isso é uma das coisas que mais admiro nele. Sinto sua falta.

Mudar-me para Seattle com a minha mãe e o meu irmão, deixando o meu pai para trás, não foi fácil, mas sei que ele compreendeu os motivos que me fizeram tomar essa decisão.

Papai nunca conheceu o Mike. Tentei convencer meu namorado, no início do namoro, a viajar comigo para a Inglaterra por uns dias para que os dois pudessem se conhecer, só que o Mike nunca quis.

Outra coisa que espero faz tempo é o dia em que o Mike irá me pedir em casamento. Já fantasiei várias vezes esse momento na minha cabeça, mas ele nunca se concretizou. Isso me frustra. Por diversas vezes cheguei a pensar se esse relacionamento realmente vale a pena. Sinceramente não sei o que estou fazendo, muito menos o que me espera no futuro.

Olho a minha mãe dormindo na poltrona ao meu lado e resolvo tentar descansar um pouco também. Sei que vai ser difícil dormir com a cabeça cheia como estou, mas não custa nada tentar. Fechos os meus olhos e tento relaxar a minha mente.

Acordo quando o avião está aterrissando no aeroporto de Londres-Heathrow. Desembarcamos e pegamos a nossa bagagem. Um motorista segurando uma placa com os nossos nomes nos espera no saguão. Imagino que o mordomo do meu pai o tenha mandado para nos buscar. Mamãe informou a ele que estávamos a caminho; foi ele que me avisou sobre o acidente do meu pai.

O motorista coloca a nossa bagagem no carro e abre a porta de trás para entrarmos. Peço que ele nos leve direto para o hospital. Preciso ver o meu pai com os meus próprios olhos para constatar que ele realmente está bem e fora de perigo.

45 minutos depois o carro para em frente ao hospital St. Thomas. Sem esperar, abro a porta, vou até o hospital, caminho até a recepção e me identifico, perguntando o número do quarto em que meu pai está. A recepcionista informa, e sigo com mamãe atrás de mim para o elevador após pegarmos os crachás de visitante.

Entro no quarto do meu pai e o vejo deitado na cama. Aproximo-me e percebo que ele tem fios conectando seu braço e peito a uma máquina. Sua cabeça está enfaixada, e há pequenos arranhões em seu rosto. Meus olhos se enchem de lágrimas.

Ele abre os olhos e, quando me vê, sorri de leve.

— É bom vê-la, querida — sussurra.

Abraço-o e deixo as lágrimas caírem livremente pelo meu rosto.

Protegida por você - Série Seattle 03 DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora