Quinque

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Estas alegrias violentas, têm fins violentos. Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora. Que num beijo se consomem. — Romeu e Julieta, Ato II, cena Vi 

Jeon Jungkook   

   O mais cansativo e doloroso treino de basquete que já tive na minha vida inteira, foi naquele sábado. Havia me desconcentrado várias vezes, e acabei beijando o chão repetidamente, as bolas que passam em minhas mãos acabavam escorregando, e não fiz nenhuma cesta na partida. Essa não era uma imagem decente do capitão do time...

   Mas o pior não foi a partida, foi após. O treinador nos juntou na sala de reunião, e explicou que fez um teste com os jogadores em segredo hoje. E fez aquele discurso de sempre "nós temos que melhorar, e com isso devemos mudar, blá, blá, blá", e foi naquele momento que ele me tirou do título de capitão — Além de mim, todos os jogadores ali olharam para o treinador pasmos e confusos — e sempre tem como piorar... o Hoseok foi elegido como o novo capitão do time. 

   Em menos de vinte e quatro horas, Hoseok tirou de mim as duas coisas que mais gosto:  Park Jimin e o basquete. 

   É, eu sabia desde o início que o final seria esse. E agora eu não tenho o porquê ficar remoendo a história, pois eu fui o cupido entre o Hoseok e o Jimin.

   Me arrependo de não ter notado o quão lindo e perfeito Jimin é antes de tudo isso. Mas minha mentalidade era outra, não dava atenção aos sentimentos (sem ser o tesão) e a agora eu me afogo em tanto a sentimentos ruins e bons ao mesmo tempo, sem ter tempo para respirar e me acalmar.

   Após o anúncio do professor todos saem e alguns batem na minhas costas dizendo palavras de "conforto". Todos ali sabiam o quanto eu ralei para estar ali, no título de Capitão. E desde que fui nomeado não chegou aos meus ouvidos nenhuma reclamação. Tanto para o jogo e para os meu colegas eu dou o melhor de mim.

   Saio por último do vestiário, e não há ninguém na quadra. Pego a minha mochila na arquibancada e vou até a porta. Ao cruzar a porta vejo Hoseok e mais três amigos dentro do carro do mesmo comemorando/gritando, e a única frase que consigo ouvir em alto e bom-tom foi "É hoje".

   "Não pode piorar" eu pensei.

   Subo, colocando cada perna do lado da minha moto, e encaixo o capacete na minha cabeça fechando o fecho. Dou a partida, mas o veículo não anda.

   O painel da moto mostrava que estava sem gasolina.

   Bufo e a raiva se transforma em fúria. A vontade era de jogar a moto no chão, mas me contive a tempo. Retiro o capacete enfurecido e desligo a moto. Depois de ficar longos minutos com a mão na cabeça, bagunçando os fios do meu cabelo, eu finalmente tenho uma ideia. Levo a para dentro da quadra, e aviso ao zelador que deixarei ela aqui e depois iriei busca lá.

   Com o capacete na mão, começo a caminhada para minha casa

   Como era possível tanto azar em um pessoa só? O que eu fiz de tão errado?

   O caminho não era de muitos quilômetros, mas também era de se suar. O clima estava bem ensolarado

   A cada passo dado eu imaginava quando eu o Jimin vinhamos pelo mesmo caminho todas as terças e quintas. Era bom ter sua companhia e ouvir sua voz enquanto reclamava alguma coisa. 

   No meio do trajeto uma bola de basquete passo em frente a mim, indo para rua. Com um movimento rápido a capturo, e dois garotos vem em minha direção. 

  — Obrigado! — Eles dizem juntos. Eu entrego a bola, e eles voltam de onde vieram. E os sigo com os olhos, curioso.

   Era um pequena quadra, em um subúrbio. Aquele lugar me lembrava a minha infância, mesmo não sendo uma das melhores, era... boa de se lembrar. Em meio de tantas lembranças ruins sempre tem aquela que você sorri. 

O Acordo |em revisão|Onde histórias criam vida. Descubra agora