i can't breath [Editada]

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Charlot Blue 

Acabei de vestir o meu pijama e deitei-me na minha confortável cama, pronta para dormir assim que estava prestas a fechar os olhos o telemóvel toca e eu bufo, vendo o nome de Meredith brilhar no ecrã. Peguei no mesmo e atendi à sua chamada, bocejei para que ela percebesse que havia interrompido o meu preparo para dormir e a mesma gargalhou, percebendo com clareza a minha intenção. 

- Amanhã, eu e tu no café desta tarde. - falou e desligou. 

Gargalhei sozinha no meu quarto e neguei levemente com a cabeça, pousando o telemóvel em cima da mesa de cabeceira. Não foi difícil adormecer, visto que estava cansada.

Acordei com o meu maravilhoso despertador, bocejei e espreguicei-me encarando os raios de sol que entranhavam pelos buracos dos estores, suspirei pesadamente e sentei-me na cama esfregando os olhos. Levantei-me com um grande custo da minha cama, mas logo me voltei a deitar com intenção de dormir mais uns dez minutos no máximo, e infelizmente nem todas as intenções são realizadas. Meredith parece que dormiu com as pilhas a carregarem durante a noite. 

- Estou? - respondi com um pouco de mau humor presente no meu tom de voz. 

- Estás pronta? Vou buscar-te dentro de quinze minutos! - gritou do outro lado. 

- Eu acabei de acordar Meredith... - sussurrei. 

- Quero lá saber, veste-te rápido, temos muito que fazer! - gritou e eu revirei os olhos, suspirei de uma forma pesada e levantei-me empurrando o meu corpo para perto do meu guarda roupa. - Despacha-te Charloty... - cantarolou e um arrepio subiu pela minhas espinha óssea. 

A chamada foi desligada e eu atirei o telemóvel para cima da minha cama que parecia chamar por mim. Virei-me novamente para o roupeiro, e retirei do mesmo umas calças pretas e uma camisola de mangas branca, aproveitei e retirei logo o casaco que iria usar, sai do quarto e fui até à casa de banho tratar da minha higiene. 

Passei um gloss incolor nos meus lábios e olhei-me ao espelho, encarei os meus olhos e senti-me angustiada, odeio os meus olhos tal como todas as pessoas que os criticam. Como é que alguém pode admirar alguém que tem um olho de cada cor? Odeio-me. 

- CHARLOTTE HOLMES! - baixei a cabeça e dei uma pequena gargalhada, ouvir a minha melhor amiga gritar dentro de casa. Tenho de parar  de deixar as chaves debaixo do tapete. - Onde estás cabra? - inquiriu entrando no meu quarto. - Te encontrei... - senti os seus braços rodearem os meus ombros, e o seu rosto encostar-se ao meu, apertou as minhas bochechas, espalmando as mesmas. - Adoro as tuas bochechas. 

- Eu adoro os teus olhos, queria ter os dois da mesma cor. - ela fez uma careta.

- Ser normal não tem piada. - revirou os olhos. - Não é fixe. 

- Ter um olho de cada cor também não é fixe. - encolhi os ombros. - As pessoas olham-te como se fosses um animal, porque na realidade esta anomalia aparece mais neles. - ri vendo os meus olhos encherem-se de água. 

- Hey! - ela gritou largando-me. - Odeio que te lembres dos idiotas que te puseram esses macacos na cabeça... - sentou-se ao meu lado. 

- O meu irmão sempre me disse que eu era uma aberração, um animal... - funguei e Meredith negou freneticamente. 

- Tu és linda! - olhou para a quantidade de óculos que tinha. - Não precisas disto, para esconderes os teus olhos, eles são lindos, eu gostava de os ter. - limpou as minhas lágrimas e sorriu puxando-me para me levantar. - Anda vamos! 

- Porque é que queres ir àquele café? Outra vez... - a mesma olhou para trás e piscou o olho. 

Entrámos no seu carro, e logo Meredith ligou o rádio e no mesmo instante que um rapaz começou a cantar a mesma colocou o volume mais alto, como se a rua por onde estávamos a passar fosse toda dela e de mais ninguém, a loira começou a dançar largando algumas vezes o volante, olhou para mim e gesticulou com as mãos. 

Heterochromia « zjm »Onde histórias criam vida. Descubra agora