“ Aquele homem rude e inescrupuloso mataria seus sonhos?”
Era o que ela se perguntava enquanto o carro se locomovia.
Cindy apertou fortemente os olhos. Seu corpo tremia e suas mãos suavam de tanto nervoso.
Como as coisas poderia mudar tão rapidamente?
No dia anterior mal se continha de expectativa para começar o estágio.
Sua casa estava cheia com os amigos de seus pais que haviam vindo do Brasil visita-los.
A sala estava repleta de vozes misturadas e ecos de risadas diferentes.
E no dia seguinte ela se encontrava em tal confusão.
A cena de seu chefe estilhaçando a vidraça em inúmeros pedaços, o olhar de pavor enquanto seu corpo caia em queda livre...
“ como irei morrer? “
Tal pergunta ecoava em sua mente.
Os olhos do homem que parecia ser o manda chuva eram frios e perversos.
Com certeza, ele não a pouparia. Só de pensar nisso, seu corpo tremia mais ainda.
Engoliu a seco e passou a palma da mão pelo rosto tirando o excesso de suor.
Os homens fortes e com a expressão dura a observava de modo atento a cada gesto que fazia.
Sentiu até mesmo que sugavam seu ar, pois, sua respiração a cada segundo ficava mais pesada.
Seu subconsciente fazia com que viesse várias formas de morrer naquela situação, isso a deixava cada vez mais em pânico.
Para sua felicidade ou infelicidade o carro parou.
Não demorou muito para que o homem com nome esquisito a puxasse para fora do automóvel.
Os olhos de Cindy pairaram no muro enorme de pedra em volta da casa. Parecia uma muralha de tão alto.
O jardim era enorme, e a casa era um castelo de pedra.
O homem a arrastou para dentro.
Quando chegaram na sala , ele amarrou suas mãos e pés e lhe empurrou para o sofá.
Não demorou muito para seu “carcereiro” se colocar em sua frente com seu jeito imponente.
— Eu não fiz nada... — A jovem disse com a voz embargada, como se fosse possível comover o sem coração.
— Você fez... — Ele se aproxima e se inclina ficando na mesma altura que ela. — Viu o que não devia.
Cindy mordeu fortemente o lábio inferior. — Eu prometo que não vou dizer nada... não me mate!! — Suplica.
Para a surpresa dela, ele esboça um sorriso maléfico. — Porque não devo te matar?
Cindy o encarou.
— Seria uma morte a menos em seu currículo. – Engoliu a seco. – Eu ainda não vi todas as séries que eu gostaria, meu casal preferido ainda está separado e quero saber se terminarão juntos. Eu não conheci nem metade do mundo, não provei todas as comidas e doces que sonho em provar. – Baixa a cabeça. – E o mais importante... Eu ainda preciso de mais tempo aqui na terra, para fazer aquilo que não fiz para Deus enquanto podia.
— Deus? Quando o encontrar, diga que a personificação do mal mandou um abraço para ele. – Retira da parte interior do terno de linha sua arma predileta. – Eu não costumo errar. – A olha minuciosamente. – Adeus. – Alek Nikolaiev sempre se despedia da vitima da vez pela palavra que significava jamais ver tal pessoa com vida na língua dela.
Ele aponta a arma na direção de Cindy que em momento algum desviou seu olhar do dele.
☘️
Energuminov era muito competente no que fazia, mas era péssimo em contas. Ele conseguiria errar se lhe fosse preciso fazer uma conta simples de multiplicação.
Huller Jack era capacitado, cuidava de toda área financeira, mas havia falecido há poucos dias.
Então, o braço direito de Alek, havia ficado com essa parte provisoriamente. Mas não estava sendo uma boa ideia.
Energuminov entrou na sala no instante em que seu chefe estava pronto para apertar o gatilho.
- Eu não estou entendendo patacas de nada que tem nesses papéis. — Interrompeu o fatídico momento em que Cindy estaria sendo executada.
— O que não entende Energuminov? – Alek abaixa a arma e se vira para ele.
— Aqui esta falando sobre o investimento anual, a taxa de desconto e a porcentagem que deve ser feita pelos anos de contrato. — Volta sua atenção para seu chefe. — Eu tenho dificuldade de fazer conta na calculadora, e isso aqui além do cálculo eu tenho que pensar em como é feito. — Solta um suspiro pesado.
Cindy naquele momento viu uma pequena chance de se livrar daquele final trágico.
— Posso ver o documento? — Perguntou hesitante.
Ambos olharam em sua direção.
— Posso? — Energuminov perguntou a Alek.
O mafioso estudou às expressões de sua prisioneira, ele sabia ver quando uma pessoa não estava blefando.
Deixou a arma de lado e se aproximou do local onde C estava sentada totalmente amarrada.
— Interessante. — Inclinou seu corpo para frente ficando perto dela. — Uma troca. Seu conhecimento pela sua vida. O que acha?
— Só meu conhecimento? — Perguntou em um sussurro.
— Sim. — Seu tom é sério. — Apenas até eu conseguir alguém de confiança para essa área. Temos um acordo?
Naquele momento ela conseguiu respirar aliviada. — Sim!
Alek faz sinal para Energuminov se aproximar. — Mostre o anexo, diga a ela como tudo funciona e os mandamentos da máfia. — A encara rapidamente antes de sair.
Energuminov relaxou os ombros. Estava a salvo da tarefa tediosa de contabilidade. — Venha ! — Girou os calcanhares.
— Como? Ainda não recebi poderes para levitar. – O rosto dele assumiu um semblante confuso. – Estou amarrada. – Disse o óbvio.
— Esqueci. – Caminha na direção dela e a desamara.
Eles entraram no escritório de Alek.
Energuminov tira um livro específico da estante e aperta um pequeno botão, fazendo com que um anexo secreto aparecesse.
Energuminov apontou a mesa onde ela ficaria trabalhando nos próximos dias. Contou de modo evasivo quais seriam suas tarefas.
— Pode começar organizando os documentos. — Aponta para uma pilha de pastas encima da mesa. — E esses são os mandamentos. — Estende uma folha plastificada.
Ela estranhou... Imaginou que houvessem regras, mas não que as chamassem de mandamentos.
Os dez mandamentos NLR:
• Não roube o que é da máfia, qualquer roubo que houver, a consequência desse ato será a tortura de um ano, logo após, será executado, tendo seus órgãos retirados para o tráfico.
• Não mexa com às mulheres dos outros, caso aconteça, a consequência será castração de seu órgão genital.
• Não confrontar a polícia, jamais deixar pistas.
• Não professe fé alguma.
• Agir com frieza, nunca com emoção.
• Ter o coração apenas como órgão. Amor não é permitido.
* Em hipótese alguma tente se tornar maior que o mafioso Rei, aquele que tentar, será exonerado do cargo que tiver e se tornará um reles faxineiro. Os que quiserem ser exaltados, serão humilhados.
- Aquele que dever a máfia deve pagar de forma cruel.
Formas de morrer:
— O indivíduo que dever muito será morto levantando pouso, ou seja, queda livre de um alto lugar.
— Aquele que falar demais, deverá morrer primeiramente tendo a língua arrancada, logo após, levando um tiro na boca.
• Não fazer negócios abaixo de cem mil.
• Se por acaso for pego pelo FBI, não trocar informações para aliviar a pena.
• Qualquer que entrar, não poderá sair. Uma vez mafioso, sempre mafioso. O pagamento para abandono é a morte.
Depois de ler os tais mandamentos, Cindy tremeu.
— Os que valem para você por enquanto... — Energuminov riscou. — É o primeiro, terceiro, sétimo e oitavo.
Haviam se passado umas duas horas até que ela organizasse todos os documentos.
Quando acabou sua tarefa foi levada para o quarto onde ficaria.
☘️
Cindy estava deitada há alguns minutos. Seu estômago se contorcia de dor.
O dia havia sido exaustivo, e assim que conseguiu relaxar um pouco o corpo, a dor tomou conta. Faziam horas que não comia.
Batidas na porta chamaram sua atenção.
A porta foi aberta, e uma senhora de meia idade apareceu. — Estão esperando você para o jantar.
A jovem se limitou a dizer qualquer coisa, apenas fez um gesto com a cabeça.
Lentamente se levantou da cama e colocou novamente seus sapatos.
A dor de estômago em um momento foi substituída pela dor de seus calcanhares que estavam machucados por conta dos sapatos.
Caminhou lentamente atrás da senhora que a guiava até a sala de jantar.
Na mesa haviam algumas pessoas que ela havia visto mais cedo e outras que ainda não tinha se encontrado.
— Sente-se aqui. — A voz de Alek chamou a atenção de todos na direção dela. — Essa é a nossa ajudante provisória na área financeira que falei mais cedo. Cindy Albuquerque Ferrer.
Ela tinha acabado de se sentar quando seu nome soou. Seus olhos pairaram sobre Alek de modo confuso. — Como sabe meu nome?
— Eu sempre sei de tudo. — Segura a taça e dá um gole em seu vinho branco.
Apesar da situação delicada a qual Cindy se encontrava, seu apetite não havia diminuído.
Algumas pessoas não conseguiam sentir fome quando tristes e aflitas, ela era o contrário.
Ela se manteve calada enquanto os outros conversavam assuntos triviais.
Se deliciava com a comida, sem se importar com os assuntos que estavam rolando naqueles minutos.
Mesmo naquela situação indesejada, deveria se manter saudável.
— Devo me preocupar? – Alek arqueou a sobrancelha no mesmo instante em que tocou de leve o braço desnudo de Cindy.
Ela deixou o garfo cair no prato causando um barulho estridente. — Com o que? — Disse hesitante. Manteve seus olhos fixos no prato, com receio se erguer a cabeça e encontrar os olhos dele.
— Com toda essa comida que está devorando. — Seu tom era brincalhão.
Ela ergueu os olhos e viu um pequeno esboço de um sorriso.
— Só como o suficiente...
— Para encher um contêiner? – Energuminov disparou.
— Você deveria comer mais, talvez assim sua boca ficasse ocupada para não me interromper. – Alek repreendeu Energuminov antes de se levantar e sair da sala de jantar com a expressão fechada.
— Deixou o chefe irritado. — Microbinov tocou de leve o ombro dele.
Energuminov deu um olhar raivoso na direção de Microbinov e tirou a mão dele de seu ombro com rispidez. — Ele se irrita até com o vento. — Disse com desdém. – Já deveria estar acostumado com suas mudanças de humor.
— Ele sofre de bipolaridade? — Cindy achou melhor perguntar. Era bom saber como lidar com alguém como Alek.
— Não. — Florapova balançou a cabeça com um largo sorriso nos lábios. – Cuidado com o que for falar novata. — Aconselha.
— Quem fala demais tem a língua cortada. – Energuminov baixou a cabeça brincando com a comida em seu prato.
Ela se limitou a balançar a cabeça como sinal de que havia entendido o recado.
Cindy já não sentia seu estômago doer, e o sentimento de satisfação a fez se levantar. — Com licença. — Saiu rapidamente.
Aquelas pessoas lhe causavam medo. Mas, ao mesmo tempo pareciam pessoas normais. Riam e faziam brincadeiras umas com as outras.
O que ela não sabia que antes do lado sombrio que todos temos dentro de nós tomar controle, eles tentaram ir contra. Pessoas que tinham seus temores, mas a cada brecha, se tornaram o próprio pesadelo, aquilo que mais temiam ser.
A porta de entrada estava aberta, conseguia ver um pouco a luz brilhante da lua. Aquilo foi convidativo para que fosse até o jardim.
Não havia como fugir, e mesmo que houvesse uma mínima chance, teria medo de ser pega.
Deitou‐se na grama sintética com os olhos fixos nas estrelas, uma habito que tinha desde pequena.
Só não imaginava que enquanto observava as constelações, Alek absorvia sua imagem de maneira estranha da varanda de seu quarto.
Cindy pensou em sua família, em como estariam, e sentia-se triste por não haver solução visível naquele momento.
— Me ajuda Senhor! — Sentiu seus olhos se encherem de lagrimas.
Ficou ali poucos minutos. Quando sentiu um vento mais frio, resolveu se levantar e entrar.
Ao subir o lance de escadas, escutou a melodia de um piano. A cada passo o som ficava mais alto.
Caminhou pelo corredor na direção da melodia.
Ate que chegou na última porta que está a entreaberta. Parou no batente da porta e observou Alek deslizando os dedos pelas teclas com destreza.
Ele notou a presença dela no mesmo instante. — Chegue mais perto. — A encarou rapidamente antes de voltar sua atenção para o instrumento.
Receosa deu alguns passos em sua direção.
A melodia parou para que ele fizesse um sinal para ela sentar ao seu lado no banco de madeira.
De modo hesitante se aproximou, e sentou ao lado dele.
Naquele momento ele tinha olhos intensos e penetrantes. Sua expressão parecia mais leve e descontraída.
Voltou a tocar enquanto a jovem observava seus gestos.
— Me acompanha? — Perguntou.
— Eu não sei tocar.
Sua respiração ficou pesada quando ele pegou sua mão e guiou seus dedos pelas teclas do piano.
— Você é uma incógnita. — Pensou alto e se repreendeu por isso. Seus rostos estavam próximos e seus olhares se cruzaram como um caminho sem volta.
— Me desvende. – A encara desafiante. – Posso ser muito mais difícil de entender do que imagina.
— Porque eu tentaria o desvendar? — Afasta a mão dele da sua.
— As pessoas amam um mistério. – Tocou seu rosto com o polegar. – E eu... Amo um jogo. – Inclinou-se um pouco mais a deixando sem ar. – Boa noite, Senhorita Ferrer. – Depositou um beijo no canto de sua boca lhe deixando pasma.
— Não faça mais isso. – Disse quase sem voz.
Alek como um bom sedutor esboçou um sorriso sagaz antes de deixa-la sozinha ali.
Cindy respirou profundamente, passou as mãos no rosto tentando conter seu nervosismo.
☘
Cindy passou a noite tendo pesadelos. Mal havia conseguido pregas os olhos.
Se sentia horrível ao olhar no espelho e ver as bolsas escuras debaixo de seus olhos, sem falar nas roupas desconfortáveis que Florapova havia lhe emprestado.
O café da manhã estava sendo servido no jardim, foi até lá e só havia Energuminov ali.
— Bom dia. — Disse sem tirar os olhos do jornal que segurava.
— Bom dia. — Cindy respondeu com uma leve rouquidão.
— Estamos na manchete dos jornais, quer dizer, você está. — Estendeu o jornal para ela.
“ Jovem é levada supostamente por criminoso, logo após, assassinarem seu chefe.”
E lá estava estampada sua foto mais recente.
Jogou o impresso de lado irritada.
— Vocês vão ser pegos. — Disse com uma convicção que ela mesma se surpreendeu.
Alek se juntou a eles.
— Somos mais espertos que eles, estamos sempre um passo a frente. – Dobrou a manga de sua blusa social até o cotovelo. – Ou seja, não seremos pegos.
Cindy o encarou. – Como pode ter tanta certeza?
Ele deixou escapar um sorriso astuto. — Não podemos prender a nós mesmos.
— Isso quer dizer...
A interrompe.
— Que se deseja continuar viva faça apenas o seu dever.Estou fazendo promoção desse livro e dos outros, cada um por apenas 5 reais. Interessados é só me chamar no WhatsApp: 24 992798301
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O Mafioso e A Cristã
SpiritualEsse livro é uma espécie de continuação da obra A Dona do Morro & O Filho do Pastor. Um coração duro, negócios ambiciosos, um amor arrebatador. x Uma incógnita. Uma mocinha bastante persuasiva, um amor arrebatador ou uma ilusão...