I
O tempo de trabalhar nos campos chegara a o seu final.Martin saia procurando trabalho braçal em qualquer coisa que fosse,até que o tempo da colheita chegasse novamente.
Houve um tempo que ele trabalhou nas terras do Conde de Vernoute como pastor de seus rebanhos.
Um dia à tarde,Priscila saiu disposta a ir ver o pai nas terras de Vernoute,não importando que o caminho fosse um pouco longo,queria poder pedir dengosa a o pai para ensina-la a montar em cavalos.
Em certa parte do caminho,ela viu a o longe,acima dela na estrada principal,uma carruagem vindo em alta velocidade,perseguida por três homens à cavalo.Ela abrigou-se numa ribanceira próxima da entrada de uma gruta sem saída.De lá,ela viu o cocheiro ser atingido mortalmente por uma flecha vinda de um dos perseguidores e isso fez o coche sair desgovernado para fora da estrada em linha reta e tombar varias vezes violentamente,depois de bater de lado numa enorme pedra que estava no meio do trajeto.
No impacto da batida,uma garota foi arremessada ribanceira abaixo e saiu rolando até parar perto de Priscila que mesmo tomada de profundo medo,correu e puxou-a rapidamente para dentro da caverna.Acima delas,à margem da estrada,estava a carruagem virada e podia-se ouvir os bandidos conversarem.
-Ele está muito ferido!-Informava um deles a os outros do homem que viajava com a moça.
-Talvez possamos ajudá-lo...vivo pode valer alguma coisa.-Dizia outro.
-Mas como voces são idiotas!Não notaram as roupas que ele veste?É apenas um criado...mate-o e mande sua cabeça junto com a mensagem do resgate!E agora deixemos de perder tempo e vamos procurar a filha do Visconde!Rápido!
As duas ouviram o homem ser morto e ficaram tomadas de medo.Esperavam que nenhum deles descobrisse a entrada da caverna.Só ouviam suas vozes irritadas com a demora de capturar a garota.
Procuraram e não encontraram nada e ficavam buscando uma solução rápida para o inesperado sumiço da moça.
-Sabemos que está em algum lugar...não pode ter fugido!Procurem-na!
-E se ela fugiu mesmo?E se ela estiver nesse exato momento correndo para mais longe,enquanto procuramos aqui?!-Retrucou outro.
-Então será melhor pegarmos os cavalos agora e divididos,sairmos para procurá-la!E rápido!
Dois deles aproximavam-se de seus cavalos,quando o terceiro gritou:
-Esperem!Esperem!Encontrei algo!
-Espero que seja relevante ou estará desperdiçando o nosso tempo!
-Vejam..é um calçado de mulher...ela deve ter fugido por aqui!
-Mas indo por aqui,vai levar à entrada daquela gruta!Procurou la?!-Perguntou,recebendo um não como resposta.-Mas que idiota você é hein!Vamos...vamos procurar na gruta!
Priscila olhou para a moça a o seu lado e viu que ambas pareciam ser do mesmo tamanho.Enquanto os homens conversavam ela arquitetou um plano muito arriscado,mas que seria a unica solução mais rápida para fugir da morte ou coisa pior nas mãos daqueles três malfeitores.Ela insistiu em trocar de roupa com a outra moça,explicando-lhe que se fosse descoberta,seria morta por ser uma testemunha e pobre,sem valor de troca.O plano era deixar a moça escondida no fundo da gruta,enquanto a outra fingia-se desmaiada mais à frente.Ela entregou um lenço à garota e fez um ultimo pedido:
-Meu nome é Priscila Aquiles de Belmonte.Entregue esse lenço à Martin Aquiles meu pai.Diga-lhe que que estarei bem e que darei um jeito de voltar para casa sã e salva.Agora,va!Esconda-se...eles estão vindo...não temos mais tempo,va!
Assim que deitou-se a o chão e fingiu-se desacordada,um dos criminosos entrou na gruta e avisou os demais:
-Encontrei!Vejam!E está desmaiada!Estamos com muita sorte sorte hoje cavalheiros!Essa garota de familia nobre vai render-nos uma bela soma!
Escondida e mantendo-se silenciosa e imóvel,a outra moça viu um dos homens amarrar os braços de Priscila e depois, levá-la embora carregada em seu ombro.
II
Ela observava todo o caminho,tomando cuidado de não ser descoberta,enquanto fingia desmaio.Os três sequestradores haviam deixado a estrada principal e adentraram na floresta de Litis,rumo a o local onde ficaria o esconderijo do bando,despistando guardas e equipes de busca à filha do Visconde.
Quando chegaram a seu destino,dois deles ficaram na velha conhecida cabana de caçadores e um saiu para buscar lenha.
Um deles aproximou-se da moça e decidiu acorda-la para ver se estava muito ferida:
-Ei,acorde!-Disse,enquanto acordava-a de um modo grosseiro,cutucando-a com a ponta da bota do pé direito.
-Que formosura de mulher hein!-Disse o outro que estava mais afastado,com um intenso olhar de cobiça,antes que ela abrisse os olhos,fingindo estar acordando de um sono profundo.
-A senhorita está bem?Está com algum ferimento?-Perguntou-a,lançando mão dela em busca de machucados.
Ela estava muito assustada;estava num lugar a sós com dois bandidos e tudo que podia fazer era responder com a cabeça com sinal de sim ou nao.O medo que aqueles homens atentassem sobre sua honra era tão forte quanto a o temor de tentar fugir e ser pega novamente.
-Realmente...-Disse o que lhe acordara.-Nunca tinha visto moça tão bonita quanto essa em toda minha vida...o que achas?
-Podemos nos divertir um pouco com ela...O que acha?-Afirmou o outro ,aproximando-se mais.
-Sua ideia é boa...mas falta um de nós...acho que devemos espera-lo voltar.-Respondeu,alisando o braço esquerdo dela.O toque dele faziam-na sentir repulsa e encolher-se por temer algo pior.
-E então...o que me fiz?
Antes que pudesse ser respondido,a porta da cabana foi aberta pelo outro que chegou trazendo agua,comida e lenha para o fogo.Assim que entrou e viu os dois quase em cima da prisioneira,berrou furioso,deixando-os com medo:
-O que estão fazendo?!Não posso nem sair e ja fazem coisas sem mim?!Como se atrevem?!
Eles afastaram-se da donzela,imediatamente,como se pedissem desculpas.
-Decidiremos isso mais tarde nos dados...-Aproximou-se da garota:-Vejo que acordou...isto é para voce.-Entregou-lhe um embrulho com comida.
-Vejo que trouxe vinho.-Observou um deles.
-Sim...bebamos à nossa grande conquista!Conseguiremos um grande valor de resgate por essa lindíssima donzela!
Enquanto bebiam e comiam carne assada,Priscila tentou comer algo com as mãos atadas e pouco mexeu na comida.Pouco depois,foi amarrada nos pes e deixada no lugar que deveria dormir.Eles continuaram bebendo ate ficarem muito embriagados.
-Estamos muito bêbados!Vamos dormir...aproveite a noite com a moça,seu sortudo filho da mãe!-Disse um deles cambaleando.
Os dois não demoraram dormir;o que havia ganhado a sorte nos dados,aproximou-se da moça,mas caiu de bêbado a o chão,antes que a alcançasse.
Ela estava procurando desesperadamente, algo com lamina que pudesse soltar seus braços e pernas.O homem caído a o chão portava um punhal preso à cintura.Rapidamente,mexeu-se como uma minhoca,até estar bem do lado do criminoso.Procurou retirar o punhal o mais rápido possível,mas tinha que faze-lo com os pulsos atados.Temia que um deles acordasse e descobrisse sua fuga;nessa hora,queria estar bem longe e num lugar seguro.
Ela conseguiu retirar o punhal e com ele libertou seus tornozelos e com os mesmos,libertou seus pulsos.Caminhou até a porta,abrindo-a bem devagar,para que nao fizesse barulhos.
Lá fora estava escuro.Segurou bem o punhal e saiu rapidamente buscando o caminho de volta,afinal,eles não sabiam que ela estava acordada o tempo todo e observara o caminho.
Depois de um tempo,ela admitiu estar perdida no meio de toda aquela escuridão na floresta.
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A BELEZA DE PRISCILA
RomancePriscila nasceu filha única de um casal de camponeses pobres.Desde pequena esbanjou graça e beleza,muitos homens ricos e pobres tentarão conquista-la,fazendo de tudo para isso,inclusive,matar.