I
O vilarejo de camponeses pobres,das colinas a oeste do país,chamado por todos de Belmonte,é bem tranquilo,a maioria de seus moradores acordam cedo.Muitos deles vão cedo para a colheita no campo,todos trabalham duro e ganham muito pouco;temem a fome e a extrema pobreza.
Nesse vilarejo mora uma pequena família humilde muito conhecida por todos,os Aquiles.Bom,todos atribuem essa fama a única filha do casal,Priscila Aquiles.
Depois que Priscila nasceu,sua mãe nao pôde ter mais filhos.Ela nasceu com uma pele tão alva que era fácil ver suas veias sob a epiderme e sardas por todo o corpo,inclusive no seu rosto,em tons suaves,algumas como se tivessem muito apagadas.Seus cabelos nasceram avermelhados e ela sempre os manteve comprido ate a altura da cintura para poder usa-los com lindos laços de fitas de tecido caro. Era o que todos diziam,que a filha dos Aquiles era a moça mais bela de todo o vilarejo e a única a nascer ruiva.Seus olhos de tom acinzentados e vívidos, completavam a beleza angelical de seu rosto.
II
-Sabe de uma coisa?-Perguntou a seu pai,voltando-lhe o rosto.
-O que,filha?-Perguntou ele,curioso.
-Eu vou aprender a ler!-Respondeu,tirando um lenço do bolso do seu vestido sujo e enxugando o suor do rosto dele.
-Livros são raros por aqui...sabes que só o rei e os mais ricos os podem ter...-Disse ele desapontado por nao poder realizar o maior desejo da filha.
-Darei um jeito de conseguir um,seu ranzinza...voce verá!-Afirmou ela,beijando-lhe carinhosamente a bochecha esquerda,enquanto guardava o lenço de onde tirara.
-Não duvido nada..és igual tua mãe...persistente!-Rio para ela brevemente.
-Vou esvaziar meu cesto...já volto.-Disse ela,afastando-se.
-Ah,Beatriz...o que estás fazendo?...colocando na cabeça de nossa filha tuas idéias de grandeza!-Pensou ele,vendo-a a o longe descarregando o cesto.
III
Depois do jantar,Priscila ficou na sala de sua casa como de costume.Dessa vez,ela estava muito animada com seu aniversario e cosia um vestido.Sua rotina era acordar cedo,ajudar a mãe com as tarefas da casa e no preparo do almoço;a o meio-dia,ela ia para os campos de colheita,levar o almoço para o pai e ficava ajudando-o até que o sol baixasse no horizonte e determinasse o fim do dia de trabalho nas plantações.
Ela estava sozinha em casa e estava costurando seu vestido para sua festa de passagem de ano.Cosia uma manga quando ouviu três batidas fortes na porta da frente.
Assim que abriu a porta,o Conde de Molieve invadiu a sala rapidamente,passou por ela mal envergou-se,típico a um homem de modos grosseiros.Vestia-se bem,mas com trajes que lhe disfarçasse a enorme pança.Mantinha o rosto livre do bigode e da barba,queria parecer mais moço, mas a papada do queixo pendurada em seu rosto bochechudo de tão gordo era o assunto do momento entre as famílias da região.
-Conde.-Reverenciou ela,inclinando-se para a frente.-Lamento di...
-Olá,senhorita.Onde estão os seus pais?
-Era o que estava tentando dizer-lhe,Senhor Conde...meus pais não estão em casa...
Ele aproximou-se de uma cadeira e sentou-se nela, simplesmente.
-Eu vim aqui para tratar da sua festa de passagem de ano...
-É como disse...estou sozinha em casa...
-Diga,querida,será que se demoram?
-Senhor Conde...eu estou dizendo que meus pais não estão em casa e que não me fica bem receber homens...
-Ora!Por que me tomas?!Afinal sou eu algum malfeitor?!
-Senhor Conde,não me entenda mal...-Respondia ela contendo toda a sua repulsa.
-Como devo entender,então?!Diga-me,vamos!-Insistia ele impaciente e esbravejando.
-Ora,ora Senhor Conde de Molieve...a que devo a honra de sua visita!-Entrou o pai dela no rompante da ocasião.-Seguiu até onde estava o Conde e apertou-lhe a mão.
-Eu decidi vir aqui pessoalmente tratar da passagem de ano de vossa filha...mas fui recebido com quatro pedras na mão e insultado por ela!Que ultraje!
-Não ouviu menos que umas verdades!-Resmungou ela.
-Priscila,basta!-Repreendeu-a.-Perdoe esse destempero de minha folha,Senhor Conde...
-Relevarei...relevarei...tenho esperanças que ela um dia permita que eu a torne Condessa de Molieve!
-O Senhor Conde é muito generoso...e voce,mocinha,dirija-se para seu quarto agora!
-Muito bem,meu bom homem...agora que fui retratado,vim dizer-lhe que abro as portas de minha casa para vossa filha dispor de sua passagem de ano.
-Mas,Senhor Conde...
-Não se preocupe com despesas...esses detalhes me são superficiais..e não aceito recusas.
O conde era um homem muito generoso,mas Martin temia que essa gentileza toda fosse cobrada em troca de um favor que ele temia que um dia acontecesse.
- O que o Conde queria dessa vez?-Perguntou-lhe a esposa aborrecida.
-Ele veio oferecer-me sua casa para a festa de passagem de ano de nossa filha.Recusei...mas ele insistiu muito,até que fui obrigado a aceitar que cuidasse de tudo e bancasse todas as despesas.
-Sabes muito bem o que falam dele por aí...eu mesma já ouvi vários relatos de moças pobres que foram seduzidas e desonradas por esse homem!E no final de tudo,compra o silencio da familia com um generoso dote!
-Não te preocupes minha querida...sabes muito bem que nossa filha ainda nem pensa nisso e se pensasse,escolheria um partido bem melhor para si!
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A BELEZA DE PRISCILA
RomancePriscila nasceu filha única de um casal de camponeses pobres.Desde pequena esbanjou graça e beleza,muitos homens ricos e pobres tentarão conquista-la,fazendo de tudo para isso,inclusive,matar.