Desventuras da vida

O que aconteceu?

Acordei em um lugar estranho. Não era minha cama, nem a de Fred. Eu não lembrava de nada sobre a festa. Era uma maca hospitalar. Olhei em volta, e vi vários aparelhos médicos! Eu estava com um acesso que ligava meu braço até uma bolsa de sangue. Tentei levantar, mas estava com muita dor. Consegui erguer levemente a cabeça, e logo ao meu lado, vi Fred dormindo. Ele estava deitado em outra maca, com uma máscara de oxigênio e um acesso no braço. Apertei um botão para chamar a enfermeira, que por sua vez chegou rapidamente e disse:
- Finalmente você acordou!- eu perguntei:
- Como assim? Quanto tempo eu dormi?- ela estava mexendo em vários aparelhos médicos e respondeu:
- Você ficou em coma por uma semana.- eu fiquei paralisada por um tempo, não fazia ideia do que dizer. Respirei fundo e falei:
- O que aconteceu comigo? E com o Fred?
- Meu bem, vocês estavam em uma festa no seu colégio. Vários assaltantes entraram no salão. Todos entraram em desespero, e você e o seu namorado, foram feitos de refém. Pelo o que eu sei, os assaltantes te machucaram muito. Fred tentou te defender e acabou levando um tiro no braço. - meus olhos se encheram de lágrimas nessa hora. Eu estava começando a lembrar o que ocorreu. Ela continuou:
- A cirurgia, foi bem sucedida. Os efeitos dos remédios para dor que deram à ele, deverão passar daqui alguns minutos, e ele acordará.

Eu não conseguia me controlar. As lágrimas corriam pelo meu rosto. Saber que o Fred havia se ferido gravemente por minha causa, foi uma das piores tristezas que eu já senti na vida. A enfermeira tentava me consolar, dizendo que a culpa não era minha.
Ela colocou minha maca grudada com a de Fred. Eu fiquei chorando abraçada junto a ele, e adormeci.
Não dormi nem cinco minutos e acordei quando Ellay entrou no quarto. Ela disse:
- Mel! Você acordou! Eu estava preocupada. Vim aqui todos os dias da semana. E... por que você está chorando?- respondi:
- A culpa dele ter levado um tiro é toda minha...- ela me abraçou bem forte e falou:
- Não foi culpa sua Mel. Ele só estava te protegendo. Agora, durma um pouco, você precisa descansar.
- A enfermeira me disse que ele acordaria daqui a alguns minutos, não quero dormir.
- Só um pouco Mel. É para o seu bem.- deitei-me na minha maca, segurei a mão de Fred e depois de um tempo eu consegui dormir.
(...)

Acordei com alguém apertando a minha mão. Era o Fred! Levantei minha cabeça e ele disse baixinho:
- Mel? V-você está bem?- me levantei rapidamente e abracei Fred. Eu estava tão feliz por ele estar bem, mas ainda me sentia culpada. Comecei a chorar em seus braços. Ele falou desesperado:
- Por que você está chorando, Melzinha?- eu respondi entre lágrimas e soluços:
- A culpa é minha! Você se machucou por minha causa!- ele respirou fundo e disse:
- Nada disso foi culpa sua, Melzinha! Não se culpe. Eu não gosto de te ver triste, por favor não chore...
- Eu não consigo parar de chorar! Você tem certeza que não foi culpa minha?- Fred começou a chorar também. A única vez que o vi chorar, foi quando a mãe dele falecera. Ele falou:
- Não queria que você se machucasse, porque eu te amo. A culpa não foi sua. Não gosto de chorar na sua frente. Eu tento parecer forte, mas não sou.- limpei as lágrimas que estavam em seu rosto e respondi:
- Você é a pessoa mais forte que eu conheço. Todos nós precisamos chorar as vezes, não precisa se sentir envergonhado. Na minha opinião, chorar não é um sinal de fraqueza.- ficamos nos olhando por um tempo, ele me puxou com o braço que não estava machucado para perto dele e nos beijamos calmamente. Até que uma enfermeira entrou no quarto e disse:
- Parece que os pombinhos acordaram!- nós paramos o beijo rapidamente e eu voltei para minha maca como se nada tivesse acontecido.
Ela continuou:
- Vocês dois terão que ficar aqui no hospital por mais uma semana e meia. Ainda estão em observação.- perguntei:
- E a escola?- ela respondeu:
- Sua diretora já foi informada, e mandará as lições necessárias para vocês dois.- eu e Fred respondemos em coro:
- Okay...
(...)