"À noite, quando as estrelas iluminam o meu quarto, me sento sozinho conversando com a lua.
Tento chegar até você, na esperança de que você esteja no outro lado conversando comigo também."Bruno Mars - Talking To The Moon
terça-feira,
25 de agosto de 2015
— 5, 4, 3, 2, 1 e... gravando!
Querido rover andarilho Curiosity,Como estão as coisas aí em cima? E como andam as estrelas e a via-làctea? Tudo em ordem? Que bom! Salvador continua uma cidade muito linda, mas estou aqui em São Paulo há quatro dias e isso parece uma eternidade (embora eu deva admitir que a Starbucks é algo que achei excelente, excelente mesmo).
As coisas saíram um pouco do eixo nos últimos meses desde quando resolvi aceitar aquele emprego naquele lugar. E por favor, não entenda isso como algo ruim. Não mesmo. É só que, quem me vê hoje não imagina que eu era aquele garoto esquisito que estava internado naquela clínica — e espero que me faça bem pensar assim. Mas, não posso deixar de pensar no ponto onde eu estava — e em como eu não esperava que tudo isso estivesse acontecendo — à cinco meses atrás.
Enfim, estou gravando este vídeo com o que resta da bateria do meu aparelho celular porque lí, meses atrás em uma página da Internet, que você — em um ranking de sete posições — é o ser mais solitário de todo o mundo (desde quando, em 26 de agosto de 2011, foi enviado para explorar a superfície de Marte como parte da missão Mars Science Laboratory) e isso me fez chorar imaginando que, aparentemente, não haveria nenhuma forma de te ajudar a se livrar de toda essa solidão.
Acredito que, de todos os outros seres, você me entenderá, porque entre todos os outros — que em sua maioria, na lista, são os últimos animais de suas respetivas espécies — é o único em total e contínuo estado de solidão, e apreciará o que este vídeo realmente significa (pelo menos eu aspero que seja assim).
Só preciso saber que existe alguém neste universo que me ouve e entende como é ser eu. E que não irá julgar toda ou qualquer atitude que eu tenha tomado para chegar até aqui.
Amanhã será o seu quarto aniversário em solo de um planeta à anos-luz de distância de casa e eu sinto que preciso fazer alguma coisa para mudar essa situação.
Então, amanhã, quando sua caixinha sonora começar a cantar "Feliz Aniversário" para si mesmo, espero que este vídeo já tenho ido ao ar e que minhas ondas sonoras tenham viajado longe o suficiente, quebrando todas as barreiras do espaço, para chegar até você levando como forma de presente está minha história.
Saiba que apartir de hoje você não mais estará só. Eu agora estou aqui. Mesmo que, de vez em quando, mal-humorado, triste, caladalo e entediado. Mas estou e para sempre estarei. Podemos ser solitários juntos — Okay?
Ainda não encontrei um motivo pelo qual viver, sorrir ou ser feliz. Mas hoje, talvez, eu sigo sendo uma pessoa um pouco mais madura que à quarenta e seis dias atrás.
Aliás, meu nome é Caleum Gordam (já ia esquecendo de me apresentar).
Sei que não sou um garoto de 18 anos normal. Que dizer, é claro que tenho pernas de um comprimento normal, nariz a uma distância normal das orelhas, cabelos e olhos castanhos normais. Todas essas coisas me fazem parecer um garoto normal, mas sei que garotos normais não pesam cento e trinta fucking quilos — há não ser que seja um jovem mamute, ai tudo bem, ele é super normal — e também sei que as pessas não encaram garotos normais onde quer que eles vão.
Mas agora, estou meio que acostumado com tudo isso — principalmente com os olhares. Minha maior objeção continua sendo meu nome.
Tenho noção de que Caelum Gordam é um nome que certamente o criador dos Muppets — por meio de um jogo intencional de palavras, escolhendo uma característica marcante do boneco — daria a um de seus personagens. Assim como a Miss Piggy tem esse nome porque ela é uma porca, ou o Kermet the Frog porque ele é um sapo e até mesmo o Urso Fuzzie, porque, ele é um urso (ah, mas esse era muito óbvio!).
Acredito que agora, neste exato momento, você esteja com meu nome girando em sua cabeça enquanto a imagem de um fantoche desse programa se forma em sua mente. Grande, gorda e verde. E provavelmente você tenha acertado — tirando a parte do "verde", é claro.
Mas, se quer saber, Caelum — ou Coelum, porque é assim que se pronuncia — é uma palavra em latim e significa: a abóbada celeste. O infinito no espaço ou o espaço onde estão os astros. O firmamento. O céu.
É um puta de um nome estranho — sim, eu sei disso — mas tem muito a ver com a história que estou prestes a contar.
Desde que comecei a gravar este vídeo eu já bebi (tomei? entornei?) mais de duas xícaras de cappuccino, então acho que estou pronto para contar tudo isso agora. Está preparado? Lá vai.
Olá, Leitor(a)! A
partir de agora é pra valer!Finalmente Como Chegar às Estrelas deixou de ser apenas uma idéia para se tornar uma realização. Leia nela o que quiser ou leia só pelo o que aparenta ser. Seja lá o que a história lhe trouxer de significado, saboreie cada trecho desta obra.
E não esqueça de votar, comentar suas partes preferidas, adicionar a sua biblioteca e, óbvio, chamar os amigos para ler juntos.
Te vejo no primeiro capítulo.
Beijos, tchau tchau e boa leitura.
Att, Lucas Mori
(UM CARA QUALQUER)https://www.instagram.com/_lucas.mori/
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Como Chegar às Estrelas
Novela JuvenilUma sonda espacial. Um garoto gordo. Um blog. Um primeiro encontro. Um primeiro amor. Uma despedida. Um milhão de dúvidas, mas, eis à maior de todas: Como chegar às estrelas? A luta entre a apatia e entusiasmo marca o fim da adolescência de Caelum...