O Florescer de uma Nova Paixão

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Depois de uma manhã maravilhosa, infelizmente tive que voltar para casa, minha mãe já estava ficando preocupada.

-Fique mais um pouco, depois eu falo com sua mãe. (Disse dona Luzia com um sorriso no rosto.)
-Eu adoraria ficar, mas tenho que ir ajudar minha mãe a cuidar do meu irmão.
-Tudo bem. Meninas, levem-na até o portão.

As meninas me acompanharam até o portão, e quando chegamos, fui surpreendida novamente pelo som da gaita. Era ele...
Ele estava lá, sentado na calçada, tocando...
Acho que no momento em que eu estava olhando pra ele, Kelly estava falando algo comigo, porém não ouvi uma palavra sequer.

-Terra chamando Laysa. Helloooo???
-Ah, oi... O que você estava falando mesmo?

Brenda viu que eu estava "encantada" com aquele menino, então veio se aproximando lentamente, e sussurrou:

-Vai lá falar com ele, eu cuido dessas duas,  só não fica com essa cara de boba, haja naturalmente.

Enquanto Brenda entrava com as meninas, eu ficava ainda em frente ao portão, pensando em algum assunto interessante para conversar com ele. Finalmente tomei coragem, caminhei até ele... Sentei um pouco distante dele na calçada.

-Posso ficar aqui?
-Claro que sim, se sua tia não vir interromper de novo.
-Hahaha, não, ela já foi embora.

Ele se sentiu confortável ao saber que a "bruxa" já se foi, e foi aí que ele se aproximou mais de mim. Ficou tão pertinho, enquanto ele se aproximava, meu coração só acelerava...

-Meu nome é Israel, me chame de Rael se quiser.
-E meu nome é Laysa, me chama de... Laysa.

Ele começou a rir, e eu disfarçadamente ficava olhando.

-Vou te chamar de Lalá, combina com você, fofa. (Disse ele enquanto apertava minhas bochechas.)

Eu fiquei muito, muito, muuuuito tímida, confesso que deixei escapar um sorriso.
Ficamos um tempo conversando, e o engraçado é que ele gostava praticamente das mesmas coisas que eu. Ao lado dele, as horas passavam devagar, ao lado dele era como se estivesse em um paraíso.

De repente ouvi um grito. Era minha mãe me chamando, eu fiquei tão desesperada que saí correndo para casa, e assim que cheguei no meu portão, notei que ele me seguiu na correria.

-Ei, vou jogar bola com os meninos da rua de cima, vem e traga suas amigas, vamos nos divertir.
-Depende, se a minha mãe deixar.
-Se ela deixar, estarei te esperando ali na esquina da avenida 1, tá bom?
-C-certo...

Subi as escadas de cabeça baixa, com um imenso sorriso. Quanto me preparei para pisar no último degrau, o chato do meu irmão parado.

-Onde é que você estava?
-Não te interessa, palhaço.

Quando dei esta resposta para ele, de imediato ele me deu um chute na perna. Que dor infernal... Mesmo com dor, saí correndo atrás dele, mas ele era muito espetinho e foi se esconder atrás da "mamãe". Enquanto eu tentava pegar aquele pestinha, minha mãe me pegou pelo braço e gritou:

-ACABOU A PALHAÇADA.
-FOI ELE QUEM COMEÇOU.
-NÃO INTERESSA QUEM COMEÇOU, SÓ QUERO QUE PARE.

Minha mãe ficou uma fera, e botou de castigo no canto do sofá. Eu fiquei muito chateada, mas também a culpa foi minha, eu devia saber que meu irmão iria complicar tudo. Fiquei 1 hora sentada ali, então decidi me levantar para ver a rua, e lá estava ele...
Eu abri a janela na hora certa, parece que meu coração tinha me falado "abre a janela que ele está lá fora". Ele olhou para cima, acenou para mim e disse:

-Vem, vou jogar bola agora...
-Não posso, estou de castigo.

Quando falei que estava de castigo, o sorriso de Rael havia sumido, aquilo me fez gelar por inteira, então fui fazer uma tentativa de pedir a minha mãe se podia ir para rua, mas a resposta foi não.

Enchi os olhos de lágrimas, fui até a janela e balancei a cabeça dizendo que não podia. Ele ficou parado olhando para mim, enquanto eu chorava. Para completar o momento "sadness", a mamãe mandou fechar a janela.

Fechei lentamente, e enquanto eu fechava, não deixava de olhar aqueles olhos lindos, então fui direto para meu quarto. Fiquei lá, deitada ouvindo música, ouvi as meninas me chamarem, mas infelizmente não podia ir atendê-las, então quem fez essa parte foi minha mãe.

Eu queria esmurrar meu irmão até ele desmaiar, ele sempre me ferrou, então para não fazer besteira, fui até a cozinha procurar algo para comer pois a fome estava grande. Eu estava com vontade de comer pão, mas infelizmente não tinha, então só restava pedir uma graninha a mamãe.

-Mãe, me dá dinheiro para comprar pão?
-Hm... Tá bom, pegue 2 reais em minha carreira.

Depois de ter pego o dinheiro, fui direto a padaria. Mas, como sou uma menina muito rebelde, fui pela avenida 1, exatamente a rua que Rael estava. Ele me viu de longe, parou o jogo só para falar comigo.

-Já está liberada do castigo?
-Ainda não, só vim na rua para comprar pão.
-Eu vou contigo.
-Mas o futebol?
-Você é mais importante. (Disse ele enquanto me tomava pelas mãos.)

Fomos até a padaria, em passos de tartaruga, pois a nossa conversa estava uma maravilha. Na hora de voltar, viemos pelo caminho mais longo, até que ele me disse:

-Por favor, sei que a gente se conheceu a pouco tempo, não me abandone, por favor!
(Disse ele olhando nos meus olhos.)

Fiquei sem entender, mas logo respondi.

-Fique tranquilo, eu não farei isso.

Fui me aproximando dele, e algo me incomodava dizendo para o abraçar. Olhei nos olhos dele, e dei um abraço bem apertado. E ele? Foi me abraçando devagar, e de repente o abraço dele foi bem apertado (e que abraço gostoso era aquele.)

-Tenho que ir, acho que já fiquei tempo demais na rua.
-Tudo bem, a gente se vê.

Quando eu saí do abraço, ele fez algo que me deixou sem ação. Ele me deu um beijo.
Fiquei vermelha igual um tomate, e ele não deixou de dizer:

-Você é muito fofa. ( E depois dessas palavras ele saiu correndo para o futebol.)

Fui para casa correndo, com medo de levar um esporro "daqueles", mas pra minha sorte, minha mãe estava super distraída com o computador que nem lembrava de mim.

Antes de comer, fui tomar um banho. E logo em seguida fui saciar minha fome, a cada mordida que eu dava naquele pão crocante, lembrava do dia eu eu tive com o "menino encantador".

E na hora de dormir? O sono nem vinha, só me vinha as lembranças do dia, principalmente a lembrança do "beijo rápido", toda hora que eu lembrava ficava toda animada. Eu achei que iria demorar para esse momento acontecer, mas foi tão rápido que até me assustei.

Eu passei a noite toda acordada, o lado ruim de se apaixonar é esse, a pessoa não sai da mente. Foi a minha primeira noite de "apaixonada" que passei, foi a minha primeira paixão...

O dia em que o céu ficou rosaOnde histórias criam vida. Descubra agora