A avenida 1, era melhor rua para se divertir, então resolvemos nomeá-la de "Rua da felicidade", pois era ali que a gente se soltava, literalmente.
Fiquei bastante alegre ao ver as meninas lá se divertindo com a gente, era raro vê-las sair e brincar com as crianças da rua de cima, admito que me assustei ao ver Brenda conversando com a Betânia (irmã de Caique.)
Ficamos até tarde na rua, porém, nem todos puderam permanecer até um mais tarde. De pouco a pouco, a rua foi ficando vazia. Caique e seus irmãos foram os primeiros a irem para casa, em seguida, Júnior e seu primo Lucas e enfim Brenda e suas irmãs.
Não queríamos que o dia acabasse, porém, infelizmente acabou, ficou apenas nós dois conversando na escada do morro que tinha na avenida. Rael parecia bem alegre, mas de repente, Rael ficou com um semblante triste.
-O que houve? Está tudo bem?
-Só um pouco... Vou sentir saudades desse lugar.Fiquei sem palavras, apenas abaixei a cabeça e comecei a pensar. Estava bom demais para ser verdade, enquanto a gente brincava, eu até tinha me esquecido de que ele iria embora.
-Rael, por favor. Vamos apenas se divertir, não me lembre que irá embora.
-Tudo bem, desculpa, não foi minha intenção estragar sua noite.Dava para ver na face dele a animação que ele estava para se mudar. Eu nunca tinha perguntado nada a respeito da mãe dele, mas parece que ele leu a minha mente, e disse:
-Vou te contar um pouco da minha família.
(Disse ele com um olhar sério.)Ele contou que os pais deles eram divorciados, e o motivo do divórcio? O pai agredia mãe quase todo dia, ela não aguentava mais apanhar daquele ser repugnante, então de imediato foi até às delegacia mais próxima para dar parte dele.
Fiquei pasma, pois não sabia que atrás daquele sorriso encantador, se escondia um passado cruel. Ele também contou que a mãe ficou cheio de hematomas pelo corpo.
-Minha mãe nunca mais foi a mesma depois daquele dia, ela precisou da ajuda da minha família para se recuperar. (Disse ele com uma voz de choro.)
Eu não conseguia dizer nada, eu apenas ouvia, era impressionante. Ele também disse que já cansou de presenciar eles dois discutindo. Enquanto ele contava, eu apenas prestava atenção, tentando raciocinar o motivo deles se mudarem, foi aí que ele disse:
-Minha mãe conseguiu total apoio da família dela, então ela irá para lá, pois aqui não é seguro, tenho medo do meu pai vir e nos atormentar novamente.
E o silêncio tomou conta...
De repente, vimos uma mulher se aproximando. Era a mãe dele.
-Rael, isso é hora de ficar na rua? Vamos, passe logo para casa.
Levantamos juntos, nos abraçamos e fomos caminhando até nossas casas. Durante o trajeto, mãe de Rael olhou para mim com um olhar alegre, e disse:
-Então é você, a "melhor amiga" do meu filho. Ele não para de falar de você.
-Menos mãe, bem menos. (Disse Rael todo tímido.)Rael e sua mãe fizeram questão de me levar até em casa, minha mãe já estava uma fera, porém a mãe dele inventou uma "mentirinha" para que ela não brigasse comigo.
Naquela mesma noite, antes de dormir, resolvi fazer algo que não fazia a muito tempo, resolvi conversar um pouco com Deus. Conversei tanto, que acabei dormindo sentada.E então, passou-se uma semana.
Acordei bem cedo, pois eu não estava preparada para aquele momento de despedida. Vi a mãe dele carregando apenas umas malas. Achei estranho, porém, infelizmente fui lá aproveitar meus últimos momentos com ele.-Lalá, ainda bem que você está aqui, tenho uma grande notícia.
(Disse ele super animado.)
-O que foi? (Falei com aquela cara de choro.)
-Eu não vou morar lá, apenas irei passar uns dias, logo logo estarei de volta.Meu semblante triste ficou alegre em um piscar de olhos, dei um salto de alegria, e não pude deixar de dar aquele "berro" alegre.
-Vamos Rael, temos que ir, senão ficaremos presos em um engarrafamento.
-Tá bom mãe, me dê só uns segundos.Nesses segundos, ele esperou que a mãe dele entrasse no carro, e assim que ela entrou, me surpreendeu novamente com um beijo, e em seguida entrou para o carro.
Aquela cena dele indo embora, eu nunca esqueci, foi triste e feliz ao mesmo tempo, pois eu sabia que ele iria voltar, mas admito que não foi fácil passar aqueles dias sem ver meu "príncipe encantado".Naquele mesmo dia, resolvi sair para brincar com as meninas, mas eu estava totalmente desanimada. Kelly e Samily tentaram me animar de várias formas, só que realmente eu estava pra baixo.
-Ai Laysa, ele vai voltar, fica tranquila.
-É amiga, daqui a uns dias ele volta, espera só.Até que as palavras me aliviaram um pouco, fiquei até um pouco animada. Samily trouxe sua caixa de brinquedos, e ficamos ali mesmo na calçada, fizemos uma bagunça, foi bem legal. Foi difícil, mas com a ajuda das meninas, consegui levantar meu ânimo. Elas chamaram todos da avenida 1 novamente para se divertir, até que foi bem "divertido".
Passaram-se 15 dias... Eu já estava inquieta, não parava de pensar nele, até que ouvi um barulho de carro. Fui correndo até a janela para ver, e quando vi que era o carro do tio dele, fui até minha mãe, pedir permissão se eu podia ir recebê-lo.
Felizmente ela deixou... Desci correndo as escadas e fui direto ao portão dele. Porém, quando cheguei no portão, vi a mãe dele conversando com um homem (acho que era o tio dele). Ela estava com os olhos inchados, parece que passou uma noite inteira chorando, eu fiquei preocupada ao ver aquilo, então resolvi saber dela primeiro para depois saber de Rael.
Ela estava totalmente destruída, aquilo me comoveu muito, então sem pensar duas vezes, eu simplesmente dei um abraço nela, e permaneci ali, até que ela se acalmasse.
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O dia em que o céu ficou rosa
RomantizmEm memória ao meu amigo Israel que tragicamente foi levado para céu, porém viverá eternamente em meu coração. 14/06/2008