Ceticismo o início

Me convença

Obs: Este livro está em revisão, haverá erros e atualizações, você está lendo um rascunho. Boa leitura ;)

Em Itaquera o tempo era de frio intenso, podia sentir minha pele recuando ao roçar meu casaco de couro preto,a meia calça parecia inútil ao enfrentar o vento gelado daquela noite, tentei bater meus pés com força no chão enquanto olhava no relógio de pulso que mostrava  22:00h em ponto,acelerei os passos e avistei de longe o ônibus que acabara de sair.
-Que ótimo.praguejei.-Se eu possuísse ao menos uma bicicleta!
respirei fundo e continuei caminhando, agora teria que ir a pé até em casa.

Na rua em que eu estava não havia ninguém apenas cachorros vira latas e um vento sombrio uivava fazendo meus cachos ficarem bagunçados, abracei meu corpo para me aquecer olhando sorrateiramente para os becos orando para que não houvesse nenhum assaltante as espreitas, mas imaginei que se houvesse não levaria nada de mim, minha vida financeira era realmente uma piada.

Havia percorrido alguns metros quando comessei a sentir um desconforto, uma sensação de que eu não era a única a estar ali, minha espinha se enrijecia fazendo meus pelos do corpo se arrepiarem, fiquei observando o final da rua que dava entrada na avenida e logo estaria perto de casa, afastei qualquer pensamento pessimista e tentei acreditar que poderia ser anjos de Deus me observando, porém aquilo estava bem longe de ser algo agradável.

Eram exatamente 22:45 quando cheguei em casa.Minha tia havia viajado para a Bahia e eu ficará na casa dela, não vou negar que minha vontade era ir também, mas fazia curso e não podia abrir mão daquela oportunidade, a alguns meses atrás minha vida estava parada, sem curso, sem trabalho, pedi muito para Deus entrar na minha vida e no determinado tempo Ele abriu as portas, abandonar tudo por causa de saudades da família ou passeio seria muito egoísmo da minha parte.Deixei minha bolsa em cima do sofá e fui para meu quarto , tirei minhas roupas que continuavam geladas, tomei um banho quente e usei minha camisola rosa que ganhei de presente da vovó, chequei as mensagens no celular, havia apenas uma de minha mãe sobre um dinheiro que ela iria transferir e algumas de pessoas da igreja, respondi rápido,  sou uma garota cristã e não religiosa e sempre faço uma pequena oração antes de dormir , isso me fazia bem e por isso não deixava de praticar todos os dias, não demorou muito e logo adormeci.

Acordei com barulhos dos vizinhos que pelo jeito estavam construindo ao lado, me espreguicei e sentei na cama afastando o sono.Já eram onze da manhã fiz o que tinha que fazer,tomei um banho, chequei o celular, havia uma mensagem de um colega da igreja que me convidava para ir ao Shopping Aricanduva , respondi dizendo se poderia ser a noite, ele respondeu concordando.

O dia inteiro passou rápido, fui visitar a casa de apoio, fazer aula de música e por fim passei no mercado para comprar algumas coisas que precisava. 18:00h da noite já estava no coletivo quando meu celular vibra na bolsa, na terceira chamada atendi.
-Alô?.
Era o Vinícius.
-Oi estrelinha  tudo bem?
-Oi Vinny, Sim graças a Deus.
-Então você vem?
Mordi os lábios.
-Eu prometi certo...Já estou a caminho.
(Risos)
-Ok, te encontro na estação?
-Pode ser...
Desliguei o celular e desci do ônibus com pressa, não gostava de encontro com homens justamente pelo o fato de ter que me arrumar toda e eu não era do tipo fofinha vaidosa, meu look se resumia em roupas confortáveis e ponto, é claro que tinha suas exceções, e encontrar com garotos não era uma delas.
Chegando em casa tomei um banho , o tempo estava estável mas não impedia de ficar frio, coloquei um casaco longo vermelho escuro que ia até acima do joelho, meia calça preta, botinhas de camurça preta de salto, apliquei o ativador de cachos e sacudi até ficarem levemente bagunçados, olhei meu reflexo no espelho, minha pele estava branca e pálida como sempre, passei a língua sobre os lábios para disfarçar o ressecado, meu cabelo brilhava com um tom preto azulado, por mais que minha auto-estima vivia abaixo de zero, naquele dia estava  me sentiando razoável.Peguei minha bolsa de lado e coloquei meus pertences necessários, celular, documentos e meu cartão.

Peguei o ônibus até o terminal e fui até a plataforma .Entrei no trem que por raridade não estava lotado, olhei a minha volta, havia pessoas dormindo , um cara jovem de jaqueta preta me chamou atenção. Ele tinha muito estilo, jeans escuros rasgados, botas de cano alto e debaixo da jaqueta trajava uma blusa branca, pelo os meus cálculos ele era alto  vários centímetros a mais do que eu, seu cabelo era loiro  bem penteado  o que o deixava com aparência de algum personagem que acabara de sair de um filme . Fiquei segundos o observando quando sua cabeça se virou levemente para minha direção, disfarçando fingi proucurar algo na minha bolsa, meu nervosismo fez meu celular desabar no chão, pronto se a minha vontade era não chamar atenção dele eu havia falhado, em seguida ele pegou meu aparelho a poucos centímetros de distância de seus pés e veio me entregar, naquele momento percebi que seus olhos eram  de um azul celeste incrível, fiquei embaraçada só de ve-lo parado na minha frente.
-Cuidado com seus pertences .
Ele sorriu me fazendo corar.
-Deus abençoe .
Peguei o celular dele esperando uma resposta mas a única coisa que me fez foi lançar um olhar curioso .
-  Uau temos uma garota religiosa aqui?
-  Sou Cristã , não sei se fasso o tipo fanática!. Respondi com um sorriso.
-Tem diferença?. Agora ele estava com uma das mãos segurando o apoio do trem.
-De mais... .Retruquei com uma resposta curta torcendo para que não fosse um mala sem alça,seus olhos se mantinham em uma expressão desafiadora.
-Não entendi, para mim são todos iguais.
Naquele momento qualquer traço de bom humor sumiu de meu rosto, que ousadia era aquela?. Com certeza era um daqueles caras que gostam de fazer piada com a crença alheia , fiz uma cara de tédio olhando ao meu redor.
-Desculpe-me mas não quero perder meu tempo com discussão desnecessária!. Cruzei os braços me apoiando atrás da cabine, o trem balançava fazendo meu estômago criar náuseas devido àquela conversa desagradável.
- Sabe , sempre quis que alguém me convencesse sobre a existência de Deus. Ele falava com um tom de deboche. Vamos lá ...prosseguiu- Me convença ,preciso tirar algumas dúvidas...
-Qual é o seu problema? Acho que falou com a pessoa errada colega!. Balbuciei com a mesma expressão de tédio olhando para os lados como se ele fosse menos importante.- Conheço seu tipo , egocêntrico e cheio de si que ama provocar gente igual a mim, se for inteligente use seu raciocínio para fazer algo melhor do que encher meu saco!
Naquele momento ele levantou as palmas das mãos.
-Espera um pouco, não precisa ficar na defensiva , tá com medo de que eu vá te constranger ?
As pessoas no trem observavam atentamente aquele conflito aposto que anciosas por um barraco .
-Se você quer saber para mim essa conversa não vai acrescentar em nada, fé não é algo para ser explicado..você sabe no que creio e você em que acredita?.
Me arrependi no momento que fechei a boca, a única coisa que tinha feito era prolongar a conversa o que não era minha vontade no momento, realmente minhas palavras saíram sem o meu controle.
O rosto dele demonstrava uma certa surpresa e um sorriso brincava em seus lábios,ele estava pronto para falar mas minha parada havia chegado, fui em direção a porta do trem esperando parar para poder sair,porque minha intenção era ir embora e deixar ele com cara de tacho e esquecer aquele momento embaraçoso, mas ele segurou minha bolsa de leve impedindo-me de sair.
-Ei solta isso!. falei com um tom ameaçador iginorando o olhar de estranhamento das pessoas a nossa volta, com uma das mãos ele anotou rapidamente em uma folha que pegou no seu bolso esquerdo e enfiou na abertura da minha bolsa, fiquei boquiaberta olhando para ele, as portas se abriram, virei as costas e ouvi-o falando algo .
-Precisamos terminar essa conversa..A propósito, me chamo Diogo!
As portas fecharam e o trem partiu  em movimento, revirei os olhos suspirando, quem era aquele estranho? Claro que não vou retornar quem ele pensa que é ?!.