Indo ao desconhecido

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Acordei na manhã seguinte, meu celular marcava 11h, minha cabeça latejava devido ao horário .Fui até a cozinha meio sonolenta , peguei um leite na geladeira, esquentei-o em uma caneca no microondas , sentei no sofá e verifiquei o celular. Notei que haviam novas mensagens no wattsap , a primeira era minha mãe me perguntando se  já havia sacado o dinheiro,   a segunda mensagem era da dona de um pet shop em Itaquera me avisando que queria marcar uma entrevista de emprego comigo.Tampei a boca surpresa, meus olhos arregalados de alegria, com certeza Viny havia falado de mim para ela dei um gritinho em comemoração -Obrigado Deus!
Na mensagem falava que ela esperava minha presença as 14 horas  da tarde, daria tempo de fazer minha aula de música e ir diretamente para lá .
     Tomei um banho e fui me arrumar, coloquei uma sainha rodada cintura alta preta , blusa branca , botas de coturno e um cardigan . O cabelo prendi em um rabo de cavalo, óculos de sol e ok ,estava pronta .

Eram 13h da tarde, e eu me encontrava dentro do ônibus a caminho do centro , resolvi ligar para o Viny para agradece-lo, no quarto toque ele me atendeu .
-Novidades?
-Quem é o cara?.
Abri um sorriso ignorando olhares curiosos.
-Seria eu? Haha, mas você nem fez a entrevista ainda estrelinha...
-Aah não seja pessimista!. Falei  meio que empolgada de mais.
A voz dele era tão fofa e suave que entrava pelo o ouvido como uma melodia.
-Gosto de sua força de vontade..
Não consegui responder pois sabia que nem sempre sou assim, apenas dei uma risada satisfatória, ele entendeu a deixa.
-Posso te ligar depois estou no trabalho!
-Oh, foi mal!
-Boa sorte linda!
-Obrigado...
Observei pela a janela e vi a arena corinthias, me posicionei para sair, minha sorte era que o pet shop estava localizado dentro do Shopping, fui de vagar faltavam 20 minutos ainda para o horário combinado.

A boa notícia era que havia conseguido o emprego e iria começar na segunda-feira da semana seguinte, a má era que eu havia esquecido do convite de Diogo e gastei muito tempo na entrevista conhecendo o estabelecimento e as regras do meu novo local de trabalho, o salário era bom 1,700 reais davam para alguma coisa, como sou uma mulher econômica iria administrar bem o dinheiro.
      
Meu celular reclamava de bateria fraca, vi uma chamada perdida de Diogo e ligei as pressas.

(Diálogo on)

-Houve um imprevisto. Falei subindo a escada rolante.
-Oito horas lembra? .
Pelo o tom de voz  , ele parecia  tranquilo.
-Sim mas...são seis horas e eu estou indo ao metrô ainda...
-Sem problemas eu estou de carro não  precisa ir até a estação luz, me espere aí mesmo...
Tropecei no degrau  e praguejei baixo.
-O que houve?
-Nada!. Fiz uma cara rabugenta
-Te encontro?
-Na saída do terminal de ônibus
-Ok.
(Off)

Trinta minutos se passaram e eu estava quase desfalecendo de cansaço, apoiada sobre um pilar próximo às barraquinhas de vendedores ambulantes já aproveitei a oportunidade e comprei um lanche  um pouco insatisfeita por não haver nenhum estabelecimento com uma comida saudável por perto.

Estava dando minha terceira olhada entediada ao meu redor quando avistei o Conversível cinza de Diogo se aproximando, já era a segunda vez que via o carro mas minha reação continuava a mesma da primeira vez que o vi.
      Olhei meu reflexo na janela do comércio, meus cabelos estavam presos em um coque frouxo, alguns cachos saltavam sobre minha testa, minha expressão era abatida , e podia sentir o suor em minha pele deixando-a grudenta.

   Virei-me para ver Diogo que havia estacionado na minha frente, sua pele era levemente bronzeada, seus cabelos loiros estavam diferentes das outras vezes que o vi, o penteado  bagunçado bem moderno, vestia blusa pólo preta que realcava seus músculos e uma calça jeans branca rasgada nas pernas, não pude ver os sapatos mas já tinha visto o bastante para querer correr e me esconder com vergonha .
Caminhei em direção ao automóvel com abertura na parte de cima, me sentindo  em um filme clichê norte-americano.
Diogo me fintava pacientemente com certeza rindo por dentro de meu estado de calamidade física.
-Dia ruim?
Ignorei a pergunta me focando na porta do carro.
- Como se abre essa nave?.
Ele se esticou até o banco carona e destravou a porta, entrei e dei um sorriso tímido .
Pareciamos dois estranhos em territórios diferentes, imaginei que essa seria a reação dele quando fosse a igreja e aquele pensamento me confortava. Ele ligou o motor e deu uma arrancada fazendo meu estômago colar na coluna, segurei firme na porta meio desengonçada.


                     ○○○○○○○○○○○○

Minha concentração estava na paisagem ao redor, muita vegetação,  postes iluminando a estrada, a noite trazia um vento fresco compensado pelo dia quente, os cabelos de Diogo pareciam brincar com a brisa, ele realmente era bonito, seu rosto fintava fixamente a estrada e desde a hora que saímos de Itaquera não havíamos trocado uma palavra se quer, naquele momento minha ficha caiu , eu era uma garota sozinha  dentro de um carro com um estranho , um calafrio percorreu pela minha espinha, o que eu estava fazendo?Àquilo estava errado, muito errado.

-Diogo? . Minha voz saiu trêmula.
- Sim?
Ele continuava fintando a estrada.
- Isso não é algo comum para mim.
Não me diga que voce está com medo. Seu sorriso ia de orelha a orelha.
-Não estou me referindo a essa bobagem de pesquisa ufologica...
-E o que é?
Respirei fundo.
-Eu nunca andei sozinha com um cara no meio do nada..
Naquele momento ele olhou para mim rapidamente, seus olhos azuis eram exageradamente brilhantes.
-Fala sério crentinha.. Um sorriso surgiu no canto do seus lábios -Eu não vou te fazer mal, não fasso o estilo escroto, e se eu quisesse eu já teria feito..
Meu queixo caiu, sério ele não poderia ser menos direto?. Recuperei minha postura para não parecer mais idiota do que aparentava.
-Ótimo se algo me acontecer , não responderei por mim.
-Humm.Já praticou defesa corporal ?
-Não!
- Vai chutar minha canela ?
-Muito engraçado,  quero que saiba que mesmo eu sendo uma pacifista comedora de granola não vou pensar duas vezes em reagir se tentar alguma gracinha!
O carro vacilou um pouco para o lado, Diogo franziu a testa.
- Você tá ciente que não é assim que a banda toca né? Mas devo admitir que é bem corajosa chega a ser  intrigante.
-Está indo investigar seres de ficção científica isso  faz  você estar no mesmo patamar de intrigância  que eu!
Ele sorriu.
- Você  vai ver que não estou errado.

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