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— Você não serve para nada. — Christian disse, olhando para o ponto em sua calça que estava bastante evidente, logo após a saída da Carla do seu apartamento.

Quando falou com Antonella havia uma semana, Christian colocara na cabeça que não deixaria a AIDS influenciar mais sua vida. Fosse qual o fosse o problema, não deixaria mais que sua antiga doença controlasse seus atos como fizera por cinco longos anos. Mas agora, ao estar tão perto de transar com Carla, percebeu que não podia fazer isso sem ter cem por cento de certeza de que não tinha o mesmo problema que Pauline. Precisava fazer novos exames e garantir que não estava doente novamente. Como poderia transar com o amor da sua vida sem ter certeza de que não corria o risco de lhe passar o vírus, ou pior, sem nem mesmo contar a ela sobre isso?

— Eu passei cinco anos sem pensar com você, já que claramente você não tem cérebro. — Resmungou, ainda olhando para a prova evidente do seu desejo por Carla. — Não vou começar agora, então sossega aí parceiro.

Christian riu do absurdo de estar conversando com o próprio pau e abriu um sorriso ainda maior ao pensar na noite que viria. Levaria Carla para jantar, contaria tudo a ela e se tudo desse certo, receberia o perdão. Claro que a parte em que contaria sobre os novos exames o deixavam nervoso e com medo, mas já tinha excluído a mulher que amava da sua vida uma vez, não faria isso novamente. Além do mais, o mais provável era que Pauline fosse um caso isolado.

— Bom, amigo, agora você precisa murchar um pouco tá, não quero você me incomodando o resto dia. Também não quero você aparecendo a noite toda como um intruso, então que tal cuspir um pouco e desinchar essa cabeça?

Ele tomou um banho consideravelmente longo e bastante frio depois disso, onde planejou a noite e pensou em como contar tudo à Carla sem fazê-la fugir para sempre.

Após se vestir, Christian voltou para o seu ateliê e organizou as coisas por lá. A tela da garota que ele estava pintando teria que ser deixada de lado, pois a última coisa que faria seria ter uma relação constrangedora com uma modelo. A garota se mostrou inadequada desde o primeiro momento, ao chegar toda cheia de insinuações e lhe lançar olhares com segundas intenções o tempo todo. Propor sexo foi a gota d'água.

Christian tinha uma exposição na La Perle Noire marcada para dali a alguns meses e precisava de muitos quadros para garantir que ele fosse o artista principal. É claro que precisaria de muitas modelos e já que a maioria das suas eram europeias ou asiáticas, era necessário achar algumas agora em Nova Iorque. Mas isso não significava que ele tinha que abrir mão dos seus critérios. Não tinha problema algum se alguma modelo se sentisse atraída por ele, desde que não cruzasse o limite do profissionalismo.

Depois de dar um jeito nos quadros e pinceis, ele foi à sala para ligar para o pai, mas nem precisou, pois deu de cara com Marco e Charlotte já bem instalados no sofá, degustando uma garrafa de vinho.

— Sei que fiquei longe por um tempo, mas achei que bater ainda fosse um hábito. — Disse ele ao se aproximar dos pais. Tinha um sorriso no rosto, mas a alfinetada estava valendo.

— Somos seus pais. — Marco levantou-se para abraçar o filho. — Não precisamos dessas formalidades.

Christian abraçou-o de volta, mas não deixou o assunto morrer.

— E se eu estivesse ocupado com alguma garota?

— Não me importo de ver suas modelos, Christian. — Charlotte imitou o marido, apertando o filho num abraço de urso. — Aliás, eu gostaria de ver uma de suas sessões.

Christian preferiu não dizer à mãe o quanto isso seria inadequado.

— Eu poderia não estar pintando a menina.

O Bilionário Perfeito (SBI #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora