semblante de tristeza e alegria

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Era o dia da mudança, e eu, Natan, não estava exatamente animado. Teria que dizer adeus aos amigos da escola, no meu último dia naquele lugar onde tanto gostava de brincar e até de cochilar nas aulas chatas. Sentado em um banco, aguardava minha mãe me buscar, já que a aula havia terminado.

Quando ela chegou, entrei no carro e fiquei em silêncio, criando um desconforto para ela, acostumada com um filho falante. A viagem de carro para outra cidade seria demorada, então ela tentou puxar assunto.

— E aí, está animado para ver a casa nova? — disse ela com um sorriso no rosto.

— Um pouco — respondi encarando os pés.

— Filho, vai ser legal. Seu pai e seu irmão já estão lá esperando. Pelo menos, teremos um ensino melhor, e lá seu pai ganhará mais dinheiro.

— Eu sei, mãe. Mas é difícil deixar meus amigos para trás.

— Entendi, mas não se preocupe. Você fará novos amigos.

— Tudo bem, então. — Dei um sorriso forçado.

Chegando lá, descemos do carro após estacionar na garagem. Parei, olhando para a casa com uma expressão duvidosa.
Estava um pouco nervoso. A casa era maior que a minha antiga, e havia muitas outras ao redor. Senti minha mãe pegar minha mão e me levar para dentro. Quando ela abriu a porta, vi meu irmão mais velho e meu pai carregando caixas com alguns pertences nossos. A casa ainda estava bagunçada devido à mudança, mas lá fora já estava bem bonito; até as plantinhas da mamãe estavam arrumadinhas.

Então, olhei para ela.

— Mamãe.

— Oi?

— Onde é meu quarto?

— Em cima, querido. Pode ir lá.

Subi as escadas o mais rápido possível, vi uma porta entreaberta, empurrei e logo percebi que minha cama estava arrumada. Tudo estava decorado de forma diferente, com tons de azul e um tema espacial. Era lindo. Joguei minha mochila na cama, abri a janela de frente para a rua, onde vi um garoto no quintal da casa em frente. Seria minha chance de fazer um novo amigo.

Troquei de roupa, tirei o uniforme da antiga escola e coloquei algo mais confortável. Desci para pedir à mamãe para sair.

— Mamãe. — Ela arrumava a estante da sala com algumas fotos.

— Oi, bebê.

— Não me chame de bebê. — Fiz bico.

— Haha, mas você ainda é meu bebê. — Ela passou a mão na minha bochecha.

— E... Mas já sou grandinho, fiz 9 anos e tenho um quarto só para mim. — Lembrei que na antiga casa dormia com meu irmão.

— Está bom, mas fala o que você quer.

— Er... Posso brincar lá fora com um menino da casa da frente?

— Ah, você diz o filho dos senhores Jones, é claro que pode.

— Obrigado, mamãe. — Saí correndo de casa e atravessei a rua, olhando para os dois lados antes. Ao chegar lá, vi o garoto com alguns carrinhos.

— Oi.

— Oi, qual seu nome?

— Meu nome é Natan, e o seu?

— O meu é Rodrick, Rodrick Jones.

Mágoas do passado (infância e fim de adolescência)Onde histórias criam vida. Descubra agora