Capítulo 9 - Festa

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Se eu tivesse que definir meu colega de quarto em duas palavras, seriam "Metrossexual" e "Mulherengo". Ele passou a tarde quase toda falando sobre mulheres e sobre o quanto ele era bonito. Era um completo tagarela, que só fechou a boca quando caiu num cochilo profundo no meio de sua história em como quase ficou com uma artista famosa, mas foi barrado por um segurança que segundo ele era um "atrapalhador da paixão".

Eu não sabia de onde ele tirava tanta maluquice, mas confesso que era divertido ficar perto dele. Apesar de as vezes ele me irritar com algumas coisas, ele trazia um ar descontraído, o que seria bom para eu relaxar um pouco. Foi justamente para relaxar, e também conhecer melhor as pessoas quem eu passaria aqueles seis meses, que eu aceitei o convite dele para ir a festinha de começo de ano.

"Já sabe o que vai usar?" perguntou Sowon, depois de contar um pouco do meu dia para elas.

Estávamos na lanchonete que ficava logo à frente da universidade tomando sorvete. Pedi para as meninas me entregarem a mala lá, já que não confiava nem um pouco em Ricky perto das minhas meninas.

"Ah... Vou tentar pensar no que meu irmão usaria, eu acho." respondi, brincando com a colher em minha taça de sorvete.

"Xiumin Oppa costuma ser estiloso, já tem alguma combinação em mente?" perguntou Umji, antes de tomar um gole de seu milk-shake.

"Talvez uma camisa branca, uma calça social da mesma cor e um sapatênis que a gente comprou que é bem a cara dele." respondi, ainda brincando com a minha colher de forma pensativa.

Senti as meninas me observarem por um tempo.

"Algo está te incomodando, não é?" minha irmã perguntou.

Respirei fundo. Muitas coisas estavam me preocupando, mas elas não precisavam saber disso. Resolvi dizer algo que não era o maior dos meus problemas, mas definitivamente havia me deixado incomodada.

"Hoje mais cedo, enquanto eu falava com você, uma garota ficou me olhando de longe como uma cara estranha." respondi, não tirando os olhos da minha taça.

"Estranha como?" Sowon perguntou.

"Sei lá, estranha." dei com os ombros, "Ela parecia um pouco confusa, surpresa, não sei."

"Talvez ela tenha te achado bonito?" comentou Yerin.

"Olha só! Yul arrasando corações no primeiro dia na Universidade!" SinB brincou.

Rimos de seu comentário.

"É, espero que tenha sido isso mesmo. Não consigo nem imaginar se alguém descobre que eu não sou meu irmão." eu disse, rezando para que o caso fosse o que SinB disse.

"Relaxa, unnie! Vai dá tudo certo!" Yerin disse.

"Yerin tem razão, temos que nos manter positivas!" disse Yuju.

Sorri com todo o apoio e positividade que vinha daquelas meninas. Eu realmente não sei o que seria de mim se elas não estivessem ali.

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Já era noite e eu me arrumava para a "festinha de abertura das aulas". Confesso que era complicado colocar aquela peruca sozinha, mas ao menos havia conseguido da forma correta. Coloquei a roupa que eu havia dito para as meninas, e já havia terminado de passar a maquiagem masculina que Eunha me deu. Confesso que eu estava de fato um rapaz ajeitado, e cheiroso também. Meu irmão havia me dado seu perfume favorito, e eu tinha que admitir que ele tinha bom gosto.

Sai do banheiro para ver meu colega de quarto penteando seu topete a frente do espelho. Aquele era definitivamente seu lugar favorito do quarto, bem, depois da cama.

"Finalmente saiu do banheiro, hein?!" ele disse, não parando de "emoldar" seu topete.

Aparentemente, eu não era a única, ou o único, que havia caprichado nas vestimentas e perfume.

"Que horas que começa lá, mesmo?" perguntei checando as horas no meu relógio.

"Começa às 8, mas relaxa que chegar atrasado é chique!" ele disse, agora ajeitando sua jaqueta de couro.

"Em que cultura?" arqueei uma sobrancelha.

Ele se aproximou de mim, e deu um tapinha no braço antes de pegar sua carteira na escrivaninha mais à frente.

"Na minha, cara!" ele respondeu.

Ricky colocou sua carteira no bolso direito de sua calça, e olhou um pouco mais em seu espelho de mão, depois disso, se virou para mim dizendo:

"Bora?!"

"Sim, vamos!" peguei meu casaco e minha carteira e acompanhei meu colega para fora do quarto.

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A festa seria na área verde da universidade, bem perto dos campos esportivos. O lugar estava cheio de gente, mesas com bebidas por todos os lados, mas também havia algumas cheias de petiscos, o que me deixou contente já que eu não aguentava beber nada de barriga vazia, principalmente quando eu precisava manter um disfarce.

"Ei, cara! Olha só o tanto de gatas!" ele cutucou minhas costelas com o cotovelo.

Olhei da direção que ele olhava, e de fato havia muitas moças bonitas por ali. Na verdade, havia pessoas bonitas em geral estudando naquela universidade.

"Ah, olha só aquela loira! Mano, eu piro numa loira!"

Eu ri, pensando que seria melhor ele nunca conhecer minha versão feminina.

Passei em uma mesa e peguei um ponche, enquanto meu novo amigo preferiu pegar uma cerveja mesmo.

"Na moral, olha só quem não para de olhar pra gente!" ele me cutucou, e eu demorei um pouco até olhar pra onde ele apontava.

Acabou que a moça que ele disse que não parava de olhar para nós era justamente a garota que havia me olhado estranho mais cedo. Engoli a seco. Será que ela estava de fato suspeitando de alguma coisa?

"Quem é ela?" resolvi perguntar, já que Ricky parecia demonstrar que já conhecia a garota.

"É a Solar, melhor amiga da minha irmã. É uma gata, mas nunca me deu bola!" ele disse, antes de beber um gole de sua cerveja, "Ela era mó obcecada por um guri aí, mas aí ele deu um pé na bunda dela e ela ficou um tempo sem procurar ninguém. Eu até tentei dar um ombro amigo, mas ela disse que eu era um tarado que cheirava a cheetos e bala de menta!"

Olhei para cara dele, que ainda observava de longe a moça da qual falávamos a respeito.

"Menta e cheetos é mó bom, véi! Nem sei porque ela reclama!" ele resmungou.

"Então por que ela está olhando pra cá?" perguntei, ainda preocupada com a possibilidade dela ter alguma suspeita sobre meu disfarce.

"Se ela estivesse com outro olhar eu diria que minha irmã teria pedido pra ela ficar de olho em mim, mas com essa cara que ela está, parece mesmo que ela está de olho em você!"

Engoli a seco. Será que ela de fato havia suspeitado de algo?

Ela é o CaraOnde histórias criam vida. Descubra agora