Acabou que a garota que havia me olhado estranho pouco provavelmente conhecia meu irmão, e não parecia ter suspeitado do meu disfarce, o que era um grande alívio. Por outro lado, ela estava claramente atraída por mim, e tudo o que eu conseguia pensar era o quão errado aquilo podia dar.
A moça agora tinha a mão dela em meu ombro, e me olhava com um olhar conquistador (que pra mim estava mais pra assustador, levando em conta minha situação), enquanto se aproximava lentamente. Seu salto a fazia ficar um pouquinho mais alta do que eu, mas reparei que ela parecia maior a cada momento. Foi aí que eu reparei que eu estava me encolhendo e me afastando a cada centímetro que ela se inclinava para frente.
Foi aí que eu tive a ideia perfeita para sair daquela situação. Fingi esbarrar o braço num rapaz que estava passando, fazendo que todo meu ponche derramasse sobre mim.
Vi ela dar um pulo para trás, e logo depois gritar com o rapaz que nem se quer havia parecido reparar que havia esbarrado no meu braço, (apesar de que foi exatamente o contrário que havia acontecido).
"Está tudo bem, está tudo bem!" repeti, tentando impedi-la de arrumar confusão.
"Ai, não! Você está todo molhado!"
Ela correu para pegar alguns guardanapos e logo passou eles na minha roupa numa tentativa falha de me secar.
"Está tudo bem! Obrigado, mas não precisa!" eu disse tentando pará-la, mas ela insistia.
"Aquele idiota nem pediu desculpas! Olha só! Sua roupa branca agora ficou toda manchada!"
"Está tudo bem! É sério! Nada que uma boa lavada não resolva!" eu disse, tentando fazer com que ela parasse de esfregar aqueles guardanapos em mim.
A questão é que quando eu tinha tido aquela ideia, eu esqueci o quão transparente minha camisa branca poderia ficar, e com ela a minha faixa e meu tronco feminino.
"Então é melhor você trocar de roupa! Eu já me sujei com esse ponche, se não deixar essa camisa de molho logo, diga adeus a sua camisa!" ela disse, finalmente parando de esfregar minha camisa.
Aquela não era uma má ideia, era muito arriscado ficar com aquela camisa molhada/transparente ali, trocá-la seria uma boa ideia para eu não me arriscar ainda mais.
"Você tem razão, melhor eu tirar essa camisa." eu disse, analisando o estrago que minha roupa havia ficado. Havia um pouco de ponche na minha calça também.
"Eu acho uma excelente ideia..."
Percebi que ela tinha outras intenções com aquela frase, e eu não sabia se ria ou me assustava com aquilo.
"Vou pro meu quarto, preciso trocar de roupa." eu disse, indo deixar meu copo vazio numa mesa um pouco perto.
"Eu vou com você!" ela disse quase que num pulo, "Quero dizer... Pra você não ter que voltar sozinho pra festa."
"Obrigado, mas não precisa."
"Por favor! Não quero que você desista de voltar e acabe ficando no quarto assistindo algum filme sozinho." ela pediu fazendo bico.
Aquilo era exatamente o que eu ia fazer, a diferença era que eu iria assistir alguma série na Netflix enquanto pedia uma pizza.
"Não precisa, sério." eu insisti.
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As amigas da minha irmã estavam certas quando diziam que eu era bem trouxa. Depois de tanto insistir, eu não aguentava mais ficar ali levando o risco de alguém notar a minha faixa ou outra coisa que pudesse fazer suspeitar que eu era uma garota. Então deixei a moça me acompanhar.
Garotas não eram permitidas no dormitório masculino, muito menos naquele horário, mas ela insistiu que estava todo mundo na festa ou em seus quartos e ninguém iria reparar que ela estava ali. Ela disse que iria pegar minhas roupas e levaria para lavanderia ao sair dali, e já que eu não sabia onde a lavanderia era, eu acabei deixando ela me acompanhar até o dormitório também.
Podia se exagero meu, mas confesso que eu tinha receio que aquela garota me atacasse a qualquer momento, ela parecia bem "direta" digamos assim, mas já que eu não queria perder aquela roupa (eu não tinha tantas peças do Yul assim), acabei tentando me manter positiva e simplesmente andar a uma certa distância da garota.
Cheguei até a porta e enquanto eu pegava a chave do meu bolso e destrancava a porta, pude notar com minha visão periférica que a moça mordia o canto de seu lábio enquanto me observava. Confesso que aquilo me assustou um pouco, mas logo a vi desviando o olhar para seus próprios sapatos, e dando uns dois passos para trás.
Abri a porta, e quando disse para ela me esperar um pouco, ela entrou de uma vez no quarto e fechou a porta. Naquele momento meu corpo congelou e eu a encarei assustada.
"Eu sei que eu disse que não tem ninguém nos corredores a essa hora, mas também não podemos abusar da sorte, né?!" ela explicou, provavelmente reparando minha reação assustada.
Respirei aliviada ao notar que ela não saiu de perto da porta. Pelo o contrário, ficou bem ao lado da mesma e manteve seu olhar para o chão. Eu poderia dizer que ela estava agindo com timidez, mas não parecia o caso, ela parecia confiante demais para aquilo. Talvez ela não estivesse tentando me assustar mais ainda? Bem, eu esperava que aquele fosse o caso, pois eu ficaria agradecida.
Fui até minha gaveta procurar alguma roupa para vestir para a festa, afinal, a garota não iria me deixar ficar ali, isso eu já havia aceitado. Peguei uma camisa azul e uma calça preta, não podia arriscar usar roupas claras novamente, e entrei no banheiro, fazendo questão de trancar bem a porta e deixar a chave no buraco da fechadura, só por precaução.
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Ela é o Cara
FanficXiumin havia conseguido a vaga que tanto queria e havia lutado para conquistar, porém, uma fatalidade atrapalha seus planos. Numa tentativa maluca de não ver o sonho de seu irmão ir por água a baixo, Moonbyul, com a ajuda de sua irmã e suas amigas...