Prólogo

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  A tempestade se formou alaranjada no céu. Todos pararam seus veículos no acostamento da rodovia para admirar a beleza do céu que clariava durante a noite sem produzir som algum.
   No pinheral descia brutalmente acompanhado do raio que o camuflava, o homem de pele pálida despido a encontrar-se com o chão de terra batida, enquanto suas asas cobriam-lhe o órgão genital.
As penas brancas se soltavam conforme levantava-se ocasionando algumas falhas, enquanto a dor causada pelo leve ferimento na parte inferior da asa esquerda o deixava trêmulo.
   Escorava-se entre as árvores por não obter forças em sua pernas para equilibrar-se sobre o chão. Faziam anos que não lembrava como era caminhar, pois tudo a sua volta era a força divina.

"Deus, por que feres-me assim? Eu sei que errei, mas todos esses anos que passaram, eu fiz de tudo para consertar o meu erro. Sabes que não quero deixar de estar ao seu lado, pois fui criado como seu soldado para cumprir suas missões."

   Ele fitava o céu tentando obter algum diálogo com Deus. Lágrimas banhavam sua face, pois não sabias como sobreviver sozinho; outrora, quem permaneceu ao seu lado em sua primeira vinda à terra é quem havia ensinado-lhe, contudo, somente um pouco sobre a vida humana, qual fora a garota em qual esvairou-se na lúxuria do prazer.

"Deus? Perdoa-me do pecado que cometi. Eu não sei sobreviver neste mundo!"

   Nem se quer uma vez, houve retorno do céu. O anjo caído sentou-se sobre a terra a abraçar seus joelhos entre lágrimas copiosas, quais faziam-o soluçar, cobrindo-se com suas asas enquanto o som produzido da copa das árvores ecoavam no local.
   O vento se tornava mais forte, e pela primeira vez, sentiu frio. Novamente tremia enquanto seus pelos do braço se eriçavam com a friagem. Sem forças, acabou por adormecer aos pés de um pinheiro.

Doce Anjo Caído Onde histórias criam vida. Descubra agora