Capítulo Cinco

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Emily


O final de semana havia passado, mal dava para acreditar que Beckett e eu ficamos tão próximos em tão pouco tempo e que já estávamos no meio da semana. Nós passamos incontáveis horas conversando. Falando sobre tudo, era como se o assunto nunca acabasse. Ele me fazia sorrir como uma besta para o celular praticamente o dia todo e a noite também. Nós meio que estávamos grudados um no outro.

Respondíamos-nos assim que dava. E mesmo que em algum momento eu ou ele não podíamos responder imediatamente e só ia responder horas depois não havia problema nisso. Nós retomávamos a conversa de onde tínhamos parados. Como eu trabalho e ele também havia vários momentos em que estávamos ocupados.

Na segunda de manhã eu havia acordado atrasada, e a culpa era toda de Beckett por me manter conversando com ele madrugada adentro. Eu quis xingá-lo por me privar do meu sono. E foi o que eu fiz logo após enviar minha mensagem de "Bom dia". Quando eu apertei o botão para mandar o meu cumprimento, eu não me senti ansiosa. Não tive aquela sensação de medo que sempre sentia quando enviava algo com o pensamento que ele não responderia. Foi natural. Como se eu enviasse mensagens de "Bom dia" para ele todos os dias.

Pode parecer bobo, mas naquele momento eu tive a certeza que eu obteria minha resposta. Eu simplesmente tive a certeza que ele iria responder todas minhas mensagens. Naquele momento eu me dei conta que Beckett virou uma pequena parte da minha vida.

E quando sua resposta veio com um "Bom dia querida" eu tive minha confirmação.

Simples assim.

Nós mantivemos contato por toda semana, até mesmo inventamos outro jogo bobo que consistia em mandar uma foto do exato lugar em que estávamos parados. Podíamos pedir a foto a qualquer momento e tínhamos que ser honestos sobre nossa localização. Completamente idiota, mas eu tenho que dizer que me senti um pouco mais próxima dele com essa brincadeira. Houve um momento que eu pedi para ele me mandar uma foto de onde ele estava, e o idiota me mandou uma foto das calças dele abaixadas em torno de suas pernas. Ele estava no banheiro. Eu ri até faltar ar em meus pulmões e o chamei de nojento.

Não trocamos fotos intimas – apesar de ele ter pedido apenas para me irritar – nem trocamos fotos em que mostrasse nossa aparência. Essa era meio que uma regra. Teríamos que ficar por conta de nossa imaginação.

E assim nós levamos, conversando e nos conhecendo aos poucos.

– x –

O horário do almoço se aproximava e eu gostaria muito de simplesmente ficar trabalhando em meu mais novo projeto – que era uma grande conta a propósito – mas eu tinha que encontrar minha mãe para almoçar. Eu fui contratada para decorar uma nova boate que ia inaugurar em apenas quatro meses. Acontece que a proprietária é uma supermodelo que está fazendo disso um grande negocio e ela demitiu a antiga designer no meio do projeto porque segundo ela "seus espíritos não batiam". Azar para pobre coitada, mas sorte para mim que assumi. O único problema era que eu tinha um prazo pequeno até a inauguração então eu preferia mil vezes focar em meu trabalho do que encarar um almoço com minha mãe.

Eu não tinha escapatória. Estive fugindo dela por toda semana, mas nas quintas-feiras mamãe vem para o centro para se encontrar com umas amigas do clube do livro, e eu não tinha como correr. Então quando ela me ligou me convidando para almoçar e não aceitou um não como resposta fui obrigada a aceitar.

Pego o telefone em minha mesa e aperto o ramal da minha assistente para chamá-la. Na Designart eu tenho meu próprio escritório e minha própria assistente, é com certeza a parte em que mais amo na empresa.

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