Acorde,Julieta!

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Hoje completo quinze anos de vida. Minha mãe sugeriu uma viagem. Não uma viagem dos sonhos, como os jovens atualmente costumam fazer. Uma viagem simples, para o interior, com alguns parentes.

Estávamos indo normalmente. Eu estava conversando com a minha melhor amiga pelo celular enquanto minha mãe dirigia concentrada.

Até um certo momento.

Não me lembro muito bem do que aconteceu, mas me recordo de sentir o meu corpo girar e cacos de vidro voarem pelo carro. Uma dor aterrorizante e uma grande quantidade de sangue em diversos lugares. Não consigo mais enxergar. Meu olhos estão se fechando lentamente. Sinto um cerrar nas pálpebras e não tenho forças para abri-la. Adormeci.

>Seis meses depois<

Sinto uma luz forte incomodar meus olhos. Ponho a mão sobre o rosto tentando tapá-la, mas parece inútil. Logo abro os olhos e percebo estar em um hospital. O que houve?  Viro levemente a cabeça e vejo uma figura no canto do quarto. Não me era familiar.

— Vejo que finalmente acordou. – aparentava alívio em me ver acordar.  

— Desculpe, mas quem é você? –ele riu. 

— Jonathan, o seu irmão. – ele sorria, mas eu permanecia séria.

— Eu não tenho irmãos. –disse apenas. Mas logo voltei a falar. – Onde está minha mãe? 

— Olha, lamento ter que dizer assim, mas sua mãe morreu e eu sou seu novo responsável a partir de agora. 

— Como sei que posso confiar em você? 

— Não sabe. Mas vai ter que lidar com isso. –disse friamente. 

Eu não quero morar com ele. Não conheço ele. Como posso saber se está falando a verdade? Eu apenas quero ir para casa e ficar com a minha mãe em paz. Pensei. 

— Como vim parar aqui?–voltei a falar ainda cheia de dúvidas. 

— Não se lembra?–assenti em negação. – Bom, você sofreu um acidente de carro, grave, e entrou em coma. Já se fazem seis meses que você estava desacordada. Sua mãe não resistiu e eu fui chamado para cuidar de você.  

— Eu quero ir para casa.  

— E iremos.–ele chamou um médico que logo entrou assinando umas papeladas e dizendo que eu poderia ganhar alta e sair ainda hoje, pois não estava ferida e não tive nada grave. Exceto alguns arranhões, mas nada sério. 

Saímos do hospital e entramos no carro de Jonathan. Chegamos em casa e eu não reconhecia mais aquele lugar. Me é familiar, mas as lembranças sumiram. As que ficaram eram poucas e fracas. Então não sei mais em quem confiar. 

Subi as escadas e vasculhei quarto por quarto em busca de fotos ou algo que me fizesse lembrar. Entrei em um quarto e ao abrir a gaveta me deparei com um diário velho. Devia ser do Jonathan, mas não me importei muito. Apenas abri e comecei a ler a primeira frase quando Jonathan apareceu rapidamente e tomou o diário da minha mão.  

— Regra básica: Jamais mexa nas minhas coisas. Entendido?

Assenti assustada.

– Ótimo, agora vamos comer.

Descemos em direção à cozinha.

Quase não comi. Estava muito assustada e confusa. Apenas subi para o meu quarto e deitei na cama fitando o teto branco enquanto deixei milhões de pensamentos percorrerem cada parte da minha pequena cabeça. 

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