A Família mais estranha do mundo

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Estava caindo. As luzes piscavam ao meu redor. Mas que luzes eram essas?
Era um turbilhão de emoções. Via objetos flutuando ao meu redor, ainda em queda. Via fotografias e vislumbres do passado, presente, futuro e algo meio distorcido. Algo como uma realidade distorcida e assustadora. E nesses vislumbres, eu via vultos. Via algo como uma grande sombra.
Eu não havia parado de cair. O buraco parecia não ter fim. Parecia não ter fim. Até que, com um enorme estrondo, uma voz ecoou, fazendo com que todo o local vibrasse.

- A Scvritvs Aloe Precælets. A Scvritvs Aloe Precælets.

"As trevas prevalecerão. As trevas prevalecerão."

O buraco estava ficando menor, e uma luz despontava ao que parecia ser o final. Então a luz começou a brilhar, mais forte e cada vez mais forte. Minha pele começou a queimar e a arder, e por fim, com uma explosão, acordei do meu pesadelo. Pro meu infortúnio, eu estava com as mãos queimadas.

Antes de qualquer coisa, me chamo Oliver Kings. Tenho 17 anos, e desde que completei essa idade tenho tido sonhos estranhos. Que são como visões. Em alguns tem monstros estranhos, enormes serpentes,
ogros. E em certas ocasiões eu acordo sangrando e com marcas pelo corpo inteiro.
Meu psicólogo, Paul, diz que
não é nada, que são apenas pesadelos e que eu não precisava me preocupar.
Meus pais, Karen e John Kings, não me entendem. Eles preferem acreditar em qualquer coisa que meu psicólogo diz.
A única que me entende é a minha avó Eme. Ela parece saber o que eu sinto. Ela me conta histórias de sonhos que tinha quando era jovem, e ninguém acreditava. Todos diziam que não era nada demais, mas ela nunca se esqueceu de seus horríveis pesadelos.
Além da minha avó tenho dois amigos que me entendem. E quando digo entendem, quero dizer que eles realmente entendem. Eles passam pela mesma coisa. Carol Elizabeth, minha melhor amiga, e Nathan Kings, meu primo e melhor amigo. Ambos passamos pelas mesmas coisas, pesadelos, arranhões, marcas por todo
corpo. Ninguém acredita no que dizemos, então guardamos tudo e sofremos calados, contando apenas com a ajuda da
minha avó e meu Professor Elliot.

Era uma Segunda de manhã, e acordei eufórico, pois era meu ultimo dia de aula. Normalmente nesse dia não fazemos nada. Ficamos conversando com os amigos e não precisamos nos preocupar com professores pegando no nosso pé com trabalhos exercícios e provas. Era literalmente um bom dia para se ir para a escola.
Acordei. E, num pulo, me levantei da cama e me dirigi ao quarto de Nathan.
Ele mora com meus pais e eu, pois seus pais morreram em um acidente de avião quando ele tinha sete anos. Após uma falha nos motores, jato particular no qual eles viajavam, despencou em uma floresta próxima ao lago Michigan.
Ele estava no quarto ao lado do meu e já estava acordado, porém ainda não tinha se levantado. Como o bom primo que sou comecei a puxar os cobertores:

- Charliiee! | resmungou meu primo enrolado nos cobertores. | espera só mais cinco minutinhos.

- Na-na-ni-na-não. Levantando grandão. Andaa. | disse pra ele. | Vamos nos atrasar e Carol não vai gostar nem um pouco.

- Não quero me levantar.

Ele não levantava de jeito. Foi então tive uma brilhante idéia.
Fui ao banheiro e peguei um copo que estava sobre a pia, enchi-o até a boca e me dirigi para o quarto de Nathan. Ele ainda estava fazendo birra para não levantar. Estava coberto dos pés a cabeça então puxei o coberto e joguei a água em seu rosto.

- Haaaaa! | exclamei com um sorriso em meu rosto embora soubesse que aquilo não ia acabar bem.

Nathan levantou em um pulo, e estava todo encharcado, mas estava sorrindo. Ele parecia não ter se importado com o fato de eu ter jogado água em seu rosto. Ele apenas disse ainda com o sorriso no rosto:

- Corra garotinho, corra muito.

Sai do seu quarto às pressas, desci as escadas escorregando pelo corrimão, mas Nathan foi mais rápido e como num pulo me alcançou e me agarrou pelas costas. Nós dois caímos e rolamos pelo chão.
Ele havia pegado o creme de barbear e estava passando pelo meu rosto.E por um longo momento só se escutava as risadas histéricas de nós dois pela casa. Foi quando uma voz grave falou do alto da escada:

- Posso saber o que os dois estão fazendo com essa gritaria a essa hora da manhã? | meu pai havia acordado e estava descendo as escadas devagar, ainda com sono.

- Nada demais tio John. Só estávamos brincando um pouco antes da aula. | disse Nathan rapidamente abafando o riso.
Meu pai se aproximou de Nathan e estendeu a mão. Nathan rapidamente entendeu e entregou o frasco para ele.
Ele não estava bravo ele apenas deu um sorriso maldoso, e olhando para Nathan e eu, apertou o spray e começou a jogar na nossa cara. Ele deu uma risada e exclamou: - Por essa vocês não esperavam!
Então a gritaria começou novamente, só que dessa vez meu pai gritava conosco como se fosse um adolescente, o que foi bem legal.

- Mas que barulheira é essa?! | dessa vez era minha mãe.

Todos paralisaram e minha mãe desceu as escadas até nós.

- Não é nada demais querida. | disse meu pai abafando o riso.

- Me dá. | disse minha mãe estendendo a mão e meu pai entregou o frasco, mas antes que subisse para guardar o creme, ela se virou, e sorrindo, espirrou o creme de barbear na cara dele e saiu correndo escada acima. Meu pai subiu correndo atrás dela rindo.

- Ok Nathan, hora do café.

A Lenda Do Guardião - TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora