Havíamos acabado de chegar à escola, juntamente com a minha avó Eme (A pessoa mais legal que conheço), em um Corola 98 azul escuro com rodas cromadas.
Minha avó usava uma jaqueta de couro preta estilo punk e por baixo uma camisa que dizia: CLUBE VIKING DAS APOSENTADAS; uma calça jeans normal e um All Star azul. Tinha um colar de contas brancas: presente da sua mãe; e um par de brincos simples que aparentavam ser rubis. E pra finalizar usava óculos escuros.
Minha avó tinha uma vida normal, exceto pelos pesadelos que tinha quando era mais nova, assim como Carol,
Nathan e eu. A mãe dela dizia que eram apenas pesadelos, assim como meus pais. Mas, assim como eu, ela sabia que aqueles sonhos não eram simplesmente pesadelos.- Hey garotos. | disse vovó. | Estão ansiosos pro último dia de aula?
- Sim vovó. | respondeu Nathan.
- Tentem não arrumar confusão ou brigas, à menos que roubem seus lanches.
- Ok vovó. | dissemos em uníssono, Nathan e eu.
- Agora apressem-se porque preciso ir à uma reunião de paraquedismo e depois vou arrancar uma grana
daqueles velhinhos jogando poker.
Nós amávamos muito a vovó Eme, ela era demais. Nos despedimos e nos dirigimos para a escola.
Nathan e eu usávamos o uniforme escolar (Que era bem simples) cinza que dizia - ESCOLA ELEMENTAR
DE DEEPVALLEY- e trazia nas costas o emblema da escola: uma coroa de louros e uma coruja ao centro.
Havia também o nome da escola ao redor da imagem (Basicamente o emblema era uma homenagem a
Atenas, deusa da sabedoria e estratégia).
A escola não é tão grande, já que a cidade só consta com cem mil habitantes.
Normalmente temos o costume de esperar Carol no pátio principal, mas hoje ela havia chegado primeiro. Estava sentada em uma das escadas lendo o livro de sua saga preferida "As crônicas de Gelo e Fogo". Seu cabelo ruivo cacheado caia sobre seu rosto, bloqueando praticamente qualquer tentativa de vê-lo. Suas bochechas são cheias de sardas, ela usava uma camisa social branca por cima do uniforme (Ela gosta de usar
camisas masculinas, bom pelo menos combinam e a deixam mais linda), uma calça jeans rasgada nos joelhos
e um tênis da marca Vans.- Hey Carol.
- Oi Oliver. Hey Nathan| disse Carol nos encarando com um ar de cansaço em seu rosto.
Eu não havia reparado
que ela estava usando óculos escuros.- Como foi sua noite Carrie?| disse Nathan sem tirar seus olhos do seu GBA, provavelmente estava jogando Pokémon Fire Red.
- Foi difícil. Os pesadelos continuam a piorar Nat. E eu não consigo pegar no sono após isso.
- Como foi dessa vez Carrie?| perguntei.
Carrie começou a nós contar:- Eu havia acordado em um beco, em um vilarejo, acho que era o século XV, era medieval. Pessoas corriam de um lado pro outro. As chamas engoliam tudo, queimando casas, celeiros e igrejas. Mas havia algo diferente. O fogo era verde.
- Fogo Grego. | disse Nathan interrompendo, mas sem tirar o olho do seu jogo.
Por incrível que parece ele conseguia prestar atenção em varias coisas ao mesmo tempo.- Continuando…| Carol disse| Havia também uma coisa grande, algo como uma sombra que engolia tudo o que via pela frente. Quanto mais ela se aproximava mais eu sentia como se alguém estivesse socando meus olhos. Eu não
conseguia mais enxergar, então comecei a correr, tropeçando em tudo. Senti uma garra passando em minhas
costas. Cai. Minha respiração ficou pesada, e a sombra me engoliu.Eu não dei muita importância aos seus óculos escuros, até que ela os tirou.
(Lembra que eu falei que quando acordamos dos pesadelos aparecem marcas pelo corpo? Então, guarde bem isso).
Seus olhos estavam roxos, fora as olheiras, seus lindos olhos verdes agora não pareciam tão lindos. Foi então que percebi também marcas em seu ombro.
Nathan finalmente desligou seu Nintendo e olhou pra mim e em seguida olhou pra Carrie. Com um olhar desanimado ele soltou um suspiro e levantou a
camisa que revelando um buraco de bala. Mas esse marca não era normal, ela tinha queimaduras ao redor, como se a bala tivesse explodido antes de entrar em contato com a sua pele.- Suponho que seja minha vez de mostrar as minhas marcas.
Tirei as luvas que estava usando, tirei as ataduras e mostrei as queimaduras nas minhas mãos.
- Enfim| disse Carrie| ninguém liga pra isso mesmo, somos três adolescentes com sonhos estranhos e marcas por todo corpo.
-Super normal. | completo com um sorriso no rosto. | Vamos, a aula já vai começar.
A primeira aula era de Matemática, e a Carol amava Matemática. Ela era genial, conseguia fazer cálculos enormes e complicados de cabeça. Ela era
realmente incrível.
Os horários foram passando até que chegou a aula de história. Nosso professor se chamava Caleb O'brien. Ele era um cara alto, pardo, tinha barba e um corte militar. Ele tinha em suas mãos uma caixa. Carol, Nathan e eu corremos até a mesa dele.- Então... Você trouxe? | perguntei.
Sr. O'brien apenas sorriu e abriu a caixa. Ficamos de queixo caído quando vimos o que tinha dentro.
- Como vocês pediram, duas espadas. | disse ele.
- Posso empunhar? | Nathan pediu.
- Claro! Apenas, tome cuidado, ok?
- Obrigado sr. O'brien. | disse feliz e eufórico.
Então ele começou a brincar com a espada, enquanto sr. O'brien pegava a outra para nos mostrar.
- Qual é a história dessas espadas? | perguntei.
- Bem, elas são espadas que foram usadas por uma ordem de templários, cruzados, cavaleiros que serviam a Igreja. Elas foram perdidas em batalha, mas eu às encontrei ano passado em uma escavação. Elas parecem possuir um tipo de pod... | um barulho interrompeu a sr. O'brien. Tubos de ensaio estavam aos pedaços no chão.
- Nathan! | disse sr. O'brien sorrindo.
- Me desculpe.
- Ok, vamos guardar isso.
Pelo resto da aula o sr. O'brien nos contou sobre ordens e grupos que protegiam a civilização e os povos, e buscavam a paz entre as várias regiões do mundo.
O sinal tocou. A aula tinha acabado, e ficamos desapontados. Então ele disse:- Vocês poderiam levar as espadas até o meu carro no estacionamento dos fundos? Eu preciso falar com o diretor.
- Sim! | dissemos em uníssono, Carol, Nathan e eu.
- Obrigado pessoal.
Carol foi na frente, Nathan e eu fomos atrás levando as espadas. Chegamos no estacionamento dos fundos e nos aproximamos do carro do sr. O'brien. Foi nesse momento em que tudo aconteceu. O chão começou a borbulhar e a girar, e uma forma foi surgindo em meio a poça de asfalto derretido.
Um monstro de três metros de altura surgiu da poça, com braços longos e garras enormes. Ele investiu contra Carol, mas ela pulou e desviou-se.
Instintivamente Nat e eu pegamos as espadas e corremos na direção de Carol para tentar protegê-la.
O monstro criou uma bola de asfalto derretido e jogou.- Abaixem-se! | gritei.
A bola de asfalto passou por cima de nossas cabeças e acertou o carro que estava logo atrás.
- Aquele não era o carro do sr. O'brien? | perguntou Carol.
- Espero que não! | disse Nat.
Eu precisava fazer algo. Então girei a espada e cortei o braço do monstro. Ele soltou um grunhido ensurdecedor. Achei que tinha adiantado, mas estava errado. Seu braço decepado começou a tomar a forma de um martelo, e foi nessa hora que o sr. O'brien apareceu, e ao ver o mostro largou as coisas e correu em nossa direção.
O monstro levantou o braço-martelo e girou em nossa direção. Sr. O'brien se jogou na frente, mas o impacto foi forte o suficiente para acertar nós quatro.- Sr. O'brien... Cof, cof. | perguntei, mas ele estava desacordado.
Olhei em volta e vi que Nathan e Carol também estavam desacordados. O monstro estava se aproximando. Eu estava fraco, mas mesmo assim tentei me arrastar pra longe (péssima idéia). Ele enfiou as garras no meu antebraço. Soltei um grito de dor, pois o asfalto derretido havia entrado em contato com a minha pele. Minha visão ficou embasada. O mostro levantou o braço-martelo. É o meu fim, pensei comigo mesmo. Foi então que um machado voou em sua direção, decepando sua cabeça.
Uma figura com chifres e um escudo no braço se aproximou de mim.- Vovó Em... | então desmaiei
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Lenda Do Guardião - Trevas
AventuraTrês jovens se encontram à beira de um perigo. Onde descobrem que são dotados de grandes poderes herdados de uma ordem milenar. E agora precisam fazer de tudo para salvar o mundo, e todos os que amam, das trevas. Embarque numa aventura com mistério...