Prólogo

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— Alô?

— Helena?

— Matt? O que foi?

— Nós precisamos conversar.

*'*'*'*'*

Estou trancada dentro de um banheiro de um bar no centro da cidade. Meus ombros tremem de tanto chorar e meus olhos estão inchados. Consigo ver as sombras dos passos de Rachel, mas não abro a porta. Ela diz coisas que não consigo entender por causa da música que está vindo da caixa de som presa a parede perto da porta de entrada.

Era para ser uma noite de comemoração. Eu e Rachel terminamos o Ensino Médio, finalmente, então achamos uma ótima idéia irmos comemorar. Mas então, no meio da noite recebo uma ligação do meu namorado – agora ex-namorado –, dizendo que quer terminar o nosso relacionamento de quase dois anos.

Eu não entendo porquê. Nós sempre nos demos muito bem, eu sempre estava presente em tudo e fazia de tudo para deixá-lo feliz.

— Hele, eu sei muito bem o que você está pensando agora. — Vejo os sapatos vermelhos de Rachel pararem em frente a porta e me encolho mais. — Pode parar agora mesmo. A culpa não foi sua. Não fique pensando que você não fez o suficiente, porque você fez.

— Mas ele terminou nosso relacionamento. — Choramingo.

— Eu sei, Hele. — Ouço seu suspirar. — Não quero deixar você pior, mas Matt não era um santo. Sabe, eu não vou ficar surpresa se ele tiver terminado esse namoro por que conheceu uma garota que o chamou atenção. Você sabe...Matt é um pegador.

— Eu sei. — Seco minhas lágrimas. Mesmo sendo namorada dele, eu sabia muito bem que ele não conseguia se manter com alguém por muito tempo. — Mas é que dói tanto.

— Sempre vai doer, Hele.

— Sendo assim, não quero mais me apaixonar. O amor é muito complicado. — Fiz uma careta quando ouvi uma risadinha de Rachel.

— Eu acho isso meio impossível, querida. Você sempre vai se apaixonar, querendo ou não. Pode ser que você até não perceba quando isso acontecer.

— Existe alguma pessoa que vai nos fazer perceber que o amor vale a pena? — Pergunto.

— Hum...bem, existe claro. Mas não é fácil achá-la. — Ela respira fundo antes de continuar. — Eu mesma, procuro a minha pessoa já faz algum tempo.

— E não achou?

— Bom, confesso que teve algumas vezes que eu realmente achei que tinha achado a pessoa certa, mas eu estava errada. Então eu decidi que não vou mais atrás da pessoa certa.

— Não? — Ergui meu rosto e olhei para a porta.

— Não. A pessoa certa nunca vem até nós quando estamos a procura dela. Ela só vem quando estamos mais distraídas, quando, por um momento, esquecemos dela.

Me levanto, ajeitando a barra do meu vestido e abrindo a porta.

— Eu vou achar a minha pessoa certa?

Rachel sorriu e me abraçou.

— Claro que vai. Você só precisa ter um pouco de paciência.

Abraço-a mais forte e agradeço por ter uma amiga como Rachel. Ela é incrível.

— Agora, vamos lavar esse rosto. Nossa noite não pode acabar só por causa daquele idiota. — Ela me leva até a pia e eu lavo meu rosto. Rachel prende meu cabelo e passa um pouco de maquiagem em meu rosto. — Pronto.

Há uma bebida em minha mão esquerda e Rachel dança ao meu lado, seus olhos fechados enquanto ela aprecia a música. Tomo um gole da bebida e vou até o balcão entregar o copo. Volto até Rachel e recomeço a dançar.

Rachel tem razão. Nossa noite não pode acabar por causa de Matt. A dor ainda está presente mas com o tempo eu posso esquecê-la. Vou me reerguer novamente e quando vir Matt eu vou dizer orgulhosa de mim mesma: “Eu consegui te esquecer, Matt”.

— Gosta de Bastille?

Virei meu corpo em direção a voz e me deparei com dois pares de olhos castanho-avermelhados.

— Ah, eu gosto muito. — Dei um pequeno sorriso. Percebi que Rachel abrira os olhos e nos espiava discretamente. Ele também sorriu para mim, e foi então que notei o piercing que ele tinha na boca. Não desviei os olhos por um tempo. Matt também tinha um piercing na boca.

— Você não parece muito bem. — Ele disse, inclinando um pouco a cabeça para o lado.

— Não, eu estou bem. — Pisquei meus olhos. Esqueça o Matt, Helena. — Eu sou Helena.

— Nicholas.








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