NINA - A VADIA | REPOST

5. Poças d'água

ÀS VEZES QUANDO AS PESSOAS TEM RAIVA, elas choram, gritam com qualquer um ou começam a tremer tentando não agir impulsivamente. No caso de Nina ela treme, fica tão perceptível que seu rosto fica vermelho e sempre acaba com ela parada em qualquer lugar normalizando a sua respiração.

Mas como esse ataque de raiva aconteceu na escola, após Felícia apagar a única prova que tinha contra Jack no seu celular, Nina não podia parar ali e respirar. Ela tinha que sair dali, mas a multidão de pessoas na sua frente a impediam de correr, isso a deixava cada vez mais irritada. Tinha que sair daquele inferno, se ela soubesse que seu dia na escola iria ser assim, nem faria questão de se levantar da cama na parte da manhã.

Quando finalmente conseguiu sair, muitas pessoas olhavam para ela, bem provável que seja por causa de seu rosto vermelho, mas ela não se importou praticamente correu, durante seu percurso de ódio acabou esbarrando em dois dos idiotas que jogaram bolinhas de papel nela no pátio, não deu a mínima para o que eles disseram sobre ela. Nina apenas caminhou para a sua casa, quando Nina fica brava ela anda muito devagar, por mais que pense que está praticamente correndo ela está andando igual a uma tartaruga.

— Nina! Quer carona?

Ela olhou para o lado e viu Bruce dentro do seu carro, como era um amigo confiável Nina não pensou duas vezes antes de aceitar a sua carona.

— O que aconteceu? – Ele perguntou preocupado, já que o semblante dela estava sombrio demais. Ela não respondeu, apenas ficou esfregando as mãos tentando amenizar os tremores causados pela raiva. — O que aconteceu Nina?

Ela balançou a cabeça negando, não queria se abrir, estava com muita raiva para conseguir dizer alguma coisa.

— Posso colocar uma música?

Bruce ligou o rádio e colocou na música "Love is a battlerfield – Pat Benatar", a cada batida da música Nina ficava mais brava, queria socar os dentes perfeitos da Jack e destruir a reputação dele e de Felícia.

Ela estava brava, sua reputação estava no lixo e todas as pessoas que falavam com ela era apenas para xingar e chamá-la de vadia ou algo pior, ela ainda não pensava em como iria sair dessa, mas aquela música estava agitando os pensamentos mais odiosos de sua mente.

— Essa música tocou no baile da oitava série.

Bruce falou tentando quebrar o gelo, mas não ajudou. Nina se lembrava do baile, lembrava que ela e a Felícia escolheram vestidos iguais, mas de cores diferente, porém o vestido da Nina foi emprestado para a Felícia porque o dela "não havia ficado bom", então Nina foi obrigada a ir ao baile com um vestido velho da sua mãe, e isso só deixava ela muito brava. Pois nunca de fato viu as maldades da Felícia na sua vida como estava vendo agora. Durante o caminho Bruce tentava animá-la e até comprou milkshakes de morango para ela, mas Nina estava irritada e não entendia como Felícia podia ser tão horrível com ela e como ela foi uma burra por nunca perceber isso. No carro tocava várias músicas, mas Nina não estava nem ai, queria se vingar.

— Nina, por favor, fale comigo.

Ela não cedeu, desligou o rádio e ficou vendo a estrada. Tinha algumas poças de água na rua e ao longe ela viu Felícia descer do Audi de Jack, aquela cena deixou ela possessa de fúria e bateu no porta luvas do carro e Bruce gritou um "Ei!!" a repreendendo pelo tapa.

— Bruce acelera! – Nina falou em um tom ameno, talvez baixo demais.

— O que? Por quê? – Bruce perguntou olhando rapidamente para ela.

— Vai Bruce! – Dessa vez ela foi clara o suficiente para ele ouvi-la.

E ele obedeceu mesmo sem entender nada, e quando eles chegaram bem próximo dos dois idiotas, Nina não precisou falar nada, Bruce entendeu o recado e passou o carro na poça d'água jorrando em Felícia, e quando Jack se virou para reclamar Nina jogou o seu copo de milk-shake nele apontando o seu dedo três. Foi tudo muito rápido, mas ver como eles estavam foi o suficiente para parte da raiva que ela sentia se esvair do seu corpo. Aquilo foi muito bom, mas ainda queria fazer mais alguma coisa com eles. No seu coração sentia que foi pouco em comparação ao que eles fizeram com ela.