oi sumida

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destranquei o fecho, apenas entreabrindo uma fresta da porta para verificar o lado de fora.

ela me encarou com um olhar cansado e meio apreensivo de quem sabia que tinha me deixado preocupada; lembro de cada vez que me senti assim por conta dela.

o seu rosto franzido, típico de quando estava com saudades me provocava calafrios reconfortantes. senti meu corpo mais relaxado, ao vê-la ali na minha frente, ver que ela estava "bem" me acalmava. mas eu ainda não tinha decidido se ficava feliz por ela ter aparecido, ou começava a cobrar explicações por ter sumido.

optei pela primeira opção... as explicações acabavam vindo depois. desprendi a pequena corrente para poder abrir a porta por completo e ela entrar...

fiquei segurando a maçaneta analisando sua entrada. as roupas dela estavam amassadas e o cabelo bagunçado, como sempre. principalmente quando se "arrumava" com pressa; eu amava aquele estilo despojado e meio desajeitado.

deduzi que devia ter passado rápido em sua casa depois de ficar trabalhando no escritório. elaborando algum tipo de evento, resolvendo algum problema ou coisa parecida na galeria.

nely logo me abraçou encaixando seu nariz em meu pescoço e inspirando meu cheiro de banho recém tomado, e eu expirei alívio...

então ela começou a explicar seu "sumiço", dizendo que se ocupara com uma exposição diferente que haveria naquela mesma semana; de um artista ainda desconhecido, quadros minimalistas, algo assim meio cult, não sei.

confesso que não prestei muita atenção nessas informações, só conseguia observá-la falando. fitava sua boca, suas feições todas se modificando quando lembrava de contar algum detalhe dos seus dias.

em poucos instantes minha saudade não cabia mais em mim, aquele abraço não era suficiente .

- me desculpa não ter retornado suas ligações - falou ainda me abraçando. - meu celular deu problema... o que fez tudo demorar mais ainda pra ser resolvido. - foi explicando agora me olhando nos olhos, passando verdade. - encurtaram o prazo da entrega do catálogo que eu mal tinha começado, tive que me apres... - interrompi me aproximando para beijar sua boca pálida, devido a umidade que devia estar fazendo lá fora.

constatei a temperatura quando nossos lábios se encostaram e senti os dela quase gélidos. seu hálito com requisios de café foi se misturando com o meu de pasta de dente e cigarro junto, formando um frescor único dentro de nossas bocas. - espera... - ela tentou se desvencilhar do beijo. - shhh - emiti para que ela continuasse calada e continuei a beijando até seus lábios se tornarem quentes como os meus.

depois que cedeu completamente aos meus beijos agarrando minha nuca com as duas mãos, uma vontade provocá-la me invadiu. tirei suas mãos de mim e me separei do seu corpo com um leve movimento. ela me assistiu e tentou segurar a borda do meu roupão, fiz com que falhasse na tentativa e saí a puxando pelo braço, na direção do quarto. ela obedeceu, reconhecia meus momentos de dominação; pude, inclusive, ouvir uma leve risada e a olhei de canto de olho seriamente, repreendendo seu comportamento.

ela se deu conta que eu não estava brincando, mas também gostava de provocar; fincou seus pés no chão do corredor, nos fazendo parar abruptamente no meio do percurso. em seguida me envolveu com força por trás, pressionando minha cintura contra sua barriga, afastou meus cabelos para um lado só e beijou a extensão nua do meu pescoço. sua mão estava descendo rumo a minha virilha, mas novamente repreendi seu gesto segurando sua mão com força. ergui o outro braço, levando a mão até os cabelos em sua nuca, puxei-os para trás a fazendo arfar e interromper a série de mordidas que aplicava na minha pele, então a vi fechar os olhos e sorrir ao mesmo tempo; um sorriso leviano de quem sabia exatamente o que viria a seguir.

virei o corpo, colando nossos quadris. desabotoei sua camisa social aos poucos enquanto depositava leve mordidas e sugadas nos centímetros da pele vulnerável, macia como sempre.

ela não se atreveu mais a colocar as mãos em mim, mas meu corpo pedia por isso.

entrelaços (conto lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora