Um pequeno pedaço do paraíso

24 5 8
                                    

   Me lembro bem de uma grande amizade que tive. Aquele cara era muito foda. Ele vivia no próprio mundo, um mundo intocável, e quem se atrevesse a fazê-lo mau, teria que sentir a fúria daquele desgraçado vingativo.
   Seu nome era Glenn Owen, ele perdeu os pais ainda criança, seu pai morreu de depressão após sua mãe morrer de câncer. Então foi forçado a viver com os tios, pessoas legais. Com eles, Glenn aprendeu a tocar violão e foi extremamente incentivado no seu dom na arte. Aquele filho da puta desenhava bem pra cacete, vocês não tem idéia. Porém, os tios deles foram assassinados por se envolverem em dívida. Então ele e a filha deles foram levadas a um orfanato, ela foi adotada, mas ele não, então dois meses depois ele fugiu e começou a ganhar dinheiro desenhando e tocando por . Agora, ainda com isso, consegue sustentar a si mesmo sem problemas algum.
   Esse cara tem muitas idéias loucas, sua opinião, criatividade, lábia e habilidades são coisas de outro mundo.
  
   - Você toca muito bem cara. - disse uma garota loura se aproximando dele.
   Me lembro que nesse dia tínhamos apostado que eles não conseguia levar três meninas pra casa.
   Naquele momento, ele guardava seu violão e juntava seu dinheiro do chapéu e o colocava na cabeça.
   -  Muito obrigado. - respondeu ele ajeitando seu cabelo e olhando sorrateiramente todo o corpo da garota.
    - Vamos Iza. - disse a amiga dela se aproximando. Uma bela morena de cabelos cacheados.
   - Mary, esse é aquele garoto que eu havia te falado. O... foi mal, esqueci seu nome.
   - Glenn... Glenn Owen. - respondeu ele pondo seu violão não costas e soltando um leve sorriso para a amiga dela. Sabe aquele sorriso seguido daquele olhar que dizem "cacete, como você é gostosa", nesse nível de perversão mesmo. Esse era o sorriso dele.
   - Isso. Isso aí mesmo.
   - Ele é mais bonito do que você havia dito, Iza. - disse Mary mordendo a ponta dos lábios e retribuindo aquele sorriso.
   - Muito obrigado, modéstia sua. -respondeu ele.
   - Tem algo para fazer agora? - perguntou Mary.
   - Bom, não tenho horário pra chegar em casa. Querem beber um pouco?
   - Era exatamente isso que iríamos fazer. - respondeu Iza.
   Logo eles saíram, Iza de um lado, Mary do outro e nosso protagonista safado no meio. Seguiram a um bar do outro lado da praça em que estavam, Glenn tinha "amizade" com a dona do bar, se é que me entende. Então ela permitia que mesmo ele sendo de menor, ele comprasse bebidas alcoólicas. Logo que compraram saíram dali voltando a praça e se sentaram em um bando numa parte escura da praça embaixo de uma árvore grande.
   Cada um tinha duas garrafas. E adivinha. As duas tinham tolerância 0 a álcool, ficaram bêbadas no primeiro gole e loucas no quinto.
   E sabe o que ele estava fazendo? Simples. Estava se aproveitando. Estava em um beijo triplo e se aproveitando para passar aquela clássica mão boba por elas.
   Mas não era esse o problema. O problema maior chegou logo em seguida.
   - Que porra é essa!? - gritou o namorado de Iza acompanhado pelo namorado de Mary que puxou as duas dali.
   - Que porcaria é essa Mary? - perguntou o namorado de Mary. Ela pode responder pois estava bebada suficiente para parecer drogada.
   - Seu filho da puta! - gritou o namorado de Iza que logo seguiu em direção a Glenn que soltou um leve sorriso, mas não o sorriso safado, e sim aquele clássico sorriso de psicopata que diz: "pode vir seu desgraçado, vou fuder sua vidinha miserável". E foi o que ele fez. Ainda sentado, quando o cara seguiu para acertar um soco no meio do seu rosto, ele segurou o soco e se virou deixando o punho passar um pouco e juntando uma das garrafas fazias bateu no rosto do rapaz. Uma batida. Uma batida foi o necessário pra quebrar a garrafa e o cara cair desmaiado.
   Logo o outro soltou a garota e seguiu para cima e logo foi atingido por vários chutes na barriga, mas ao conseguir segurar a perna de Glenn o empurrou na direção do bando. Uma multidão começava a se formar ao redor deles, mas ninguém reagia. Logo Glenn pôs uma de suas mãos no banco e se apoiou sobre ela, assim subindo sua perna em um chute certeiro no outro cara que deslocou sua mandíbula e ele caiu no chão.
   Logo Glenn se levantou, pôs seu violão nas costas, juntou a única garrafa que ainda sobrara e seguiu em direção ao rapaz que socorria o desmaiado e sussurrou em seu ouvido: "quando os guardas chegarem diga que eles estavam bêbado e começaram a brigar, ok Billy? Aqui a última garrafa". Então entregou a garrafa a ele e saiu.
   E como previsto, logo a polícia chegou. Billy havia jogado um pouco de álcool sobre eles e forçado o deslocado a beber, que estava atordoado de mais pra revidar e incapaz de falar.
   Glenn seguiu para um canto um pouco afastado, guardou seu chapéu dentro da capa do violão e começou a tocar como se nada estivesse acontecido. Porém, um dos guardas chegou para falar com ele lhe perguntando o que havia acontecido, mas calmamente ele responde: "não sei direito, estava meio ocupado, mas possivelmente deve ter sido bebida, sabe como são os jovens de hoje."
   - Obrigado pela contribuição. - disse o guarda que logo se retirou e levou os 4 jovens à delegacia de menores.
   - Você vai ficar me devendo essa. - disse Billy trazendo a garrafa de álcool com ainda um pouco. Vinha bebendo e deu o resto a Glenn que terminou de beber.
   - Você é meu mano Billy. Já sabe como retribuo favores dos meus manos. É só dizer quem quer.
   - Depois conversamos sobre isso.
   - Já vou, Lúcifer deve estar com fome. Esqueci que guardei a comida dele em outro lugar.
   - Beleza. Até depois. -
   Eles se cumprimentaram, Glenn pegou novamente seu chapéu e seu violão e seguiu até o bar onde guardara sua bicicleta. O mesmo bar onde comprara as bebidas.
   - Se metendo em encrenca denovo Glenn? - perguntou a dona do bar.
   - Nada de mais, só uns idiotas levando chifre.
   - Você deveria parar de procurar encrenca.
   - Não dá. Já faz parte de mim. - disse se aproximando dela e a encarando como se fosse a beijar.
   - Você é louco moleque.
   - Não quer aparecer lá em casa hoje?
   - Não dá, tenho um encontro pra hoje.
   - Poxa, que chato. - disse ele saindo com a bicicleta - Mesmo assim, qualquer dia, se quiser aparecer por lá, é sempre bem vinda. - então montou e saiu.
   Como disse, Glenn era muito safado e um puto ninfomaníaco. A dona do bar tinha 29 anos e Glenn 17, mas não era à idade que interferia daquela moça parecer ter cara de 18, uma de 18 bem gostosa por acaso.
   Logo que chegou em casa. Ao entrar, Lúcifer, seu gato preto dormia sobre o sofá e ao ouvir o bater da porta acordou e subiu nas costas do sofá e o encarou.
   Sua casa era bem grande, cheia de móveis e quadros espalhados por toda ao casa. No teto da sala grafitado uma grande rosa em mandala totalmente cheia de cores feita por Glenn.
   - Adivinha quem brigou e saiu impune mais uma vez? - perguntou Glenn indo em direção ao gato que se afastou dele como se estivesse com raiva dele, o que era verdade - me desculpa cara, eu esqueci que deixei sua comida em outro canto. Vem, seu chato do cacete. - então jogou seu violão no sofá e seguiu em direção a cozinha e abriu um dos armários e pegou a ração de gato e pôs no prato sobre a mesa e logo Lúcifer foi comer. Então Glenn pegou uma caixa de leite dentro da geladeira e bebeu um pouco e depois pôs num outro prato para Lúcifer.
   Aquele gato preto daquele desgraçado era muito inteligente, tinha um pelo grande e muito macio. O desgraçado colocava comida para si mesmo e viveria sozinho se fosse preciso. Mas Lúcifer tinha um amor de cão para com o dono, ele amava o Glenn.
   Logo Glenn se sentou encima da mesa e ao beber começou a conversar com o gato.
   - Cara. Que droga, perdi uma aposta com o Wolf denovo. Daqui a pouco ele vai ligar pra saber e vou ter que pagar 100 reais a ele. Porra. - Lúcifer o encarou e sua expressão parecia feliz, como se quisesse rir e logo voltou a beber seu leite - Vai te fuder Lúcifer. Vou tomar um banho. Não estou afim de comer. Bebi um pouco, só quero me deitar.
   Logo ele seguiu ao banheiro e se banhou e ao sair estava apenas de cueca e usando uma camisa velha e bem grande do AC/DC. E seguiu até seu quarto e Lúcifer seguiu atrás dele.
   Seu quarto era pintado todo de preto e nas paredes cheios de desenhos simples feitos de branco, mas o maior deles o próprio Glenn sentado tocando violão e ao lado do desenho uma grande coleção de violões. No teto desenhado uma galáxia, com planetas, estrelas, aliens, poeira cósmica e tudo mais. Ele era apaixonado pelo espaço.
   Logo ao se deitar, Lúcifer se deitou ao lado dele e logo os dois dormiram.
   Isso foi um pequeno pedaço da vida de Glenn Owen. Como dizia ele: "Um pequeno pedaço do paraíso"

A Ascensão de Glenn OwenOnde histórias criam vida. Descubra agora