— Bom. Já são 10:00h, o almoço está pronto, vou deixar o quadro que me pediram. Ok Lúcifer? — disse Glenn saindo da cozinha e indo em direção ao quarto com Lúcifer o seguindo.
Ele se trocou vestindo uma calça com os joelhos rasgados e alguns outros cortes pela calça, uma bota e uma camiseta xadrez sem mangas e um boné de aba reta que originalmente era branco, mas ele havia feito mandala no mesmo. Então seguiu ao seu ateliê.
— Qual quadro era mesmo?
Logo Lúcifer foi em direção a um dos quadros jogados no chão e se sentou em frente a um deles.
— Obrigado. Era este mesmo. — pegou, pôs em uma embalagem, pegou sua bicicleta e saiu."... e se sentou no chão em frente a um deles."
Ao chegar na casa. Um modelo antigo, com uma bela varanda. Logo se aproximou e bateu na porta.
Uma bela moça o atendeu. E logo gritou:
— Papai, o pintor!
Ela parecia ser nova, uns 12 ou 13 anos.
Seu pai logo veio ao encontro dela. Era um homem alto, careca e gordo. E tinha um bigode, aquele bigode supremo, que nem me disse o Glenn em um certo dia.
— Bem vindo rapaz, entre por favor. — disse simpático o homem com uma voz grave de dar medo.
Glenn entrou e seguiu com o homem até um escritório um pouco sinistro. Com cores cinzas, muito neutro.
Ele tirou o quadro de sua mochila e estendeu ao grande homem de bigode grosso.
— Quanto custa?
— R$ 250,00.
— Espere um momento. Ágata! Pode trazer a carteira do papai, por favor? — quase gritou o homem. Uma voz que ecoou no cômodo quase vazio.
Enquanto a garota não chegava, Glenn deu uma olhada ao redor e não pode se segurar, então falou:
— Esse seu escritório é meio macabro.
— Como assim? — perguntou o homem.
— Só tem cinza aqui. — então começou a caminhar tocando nas poucas coisas que ali haviam — essa sua mesa fica tão solitária aqui no meio, a papelada desorganizada e aquela pequena árvore no canto da parede também não ajudam.
— E o que posso fazer? Sou viúvo, passo o dia trabalhando e não tenho tempo para isso. Você teve sorte de me pegar em casa. Fora que não sou bom com decoração.
— Se quiser posso arrumar para você. — disse Glenn que passava os dedos sobre a mesa estando de costas para o homem e virando o olhar para ele de leve. Aquela velha cara de interesse — Posso repintar seu escritório. Ajeitar a mobília e trazer algumas esculturas para cá. Também sou escultor.
Então a menina chega com a carteira e entrega aos homem e fica encarando o quadro nas mãos do seu pai.
— Não sei. Não tenho muito tempo pra te supervisionar, também acho meio inútil ter algo apenas por beleza. Como já disse, tenho que trabalhar. Não tenho tempo para isso.
— O senhor sabia. Que trabalhar em um canto confortável te faz trabalhar melhor? — perguntou Glenn perto do homem fechando sua mochila.
— Sei, mas...
— Papai, o que é isso? — perguntou a garota apontando para o quadro.
— É um quadro meu amor.
— É lindo. Quero um assim também.
— O que você acha de eu pintar o escritório do seu pai, pequena? — perguntou Glenn se abaixando de frente para ela.
— Acharia uma boa idéia. Aqui é meio sinistro e sem cores.
— Ok, ok. Você me convenceu, te deixo redecorar meu escritório. Quanto cobra?
— Bom, já que você já é freguês eu posso fazer um desconto. Faço por 2 mil.
— Isso está muito caro!
— A única coisa que eu preciso de você é os 2 mil e a tinta, e como já disse, você já é freguês, então te dou uma escultura de graça e a obra entregue em duas semanas.
— Que tipo de escultura?
— Uma escultura de madeira da sua filha em tamanho real.
— Aceitável.
— Quando posso começar?
— Compro as tintas amanhã. Vou buscar minha filha na escola hoje e você pode ir comigo e iremos na sua casa para a escultura. Vai demorar muito?
— Só preciso tirar algumas fotos dela. No máximo 30 minutos. Faço um molde dela no notebook.
— Que bom, é que tenho que voltar a trabalhar. Me encontre aqui as 16:30h, tudo bem?
— Mais é claro.
Glenn, pegando seu dinheiro partiu para casa.
— Você vai lucrar bastante com isso. — disse Wolf numa imagem pela TV após Glenn se jogar sobre o sofá.
A imagem estava borrada, como uma TV sem sinal e apenas uma voz e uma sombra quase imperceptível aparecia no fundo.
— Vou sim. — respondeu Glenn pondo Lúcifer em seu colo e fazendo carinho nele.
— Mas você poderia ganhar mais com isso.
— Você sabe que eu não roubo ninguém. Já assistiu aquele anime, No game No life?
— Sim.
— Tipo aquilo. Eu não roubo, uso estratégias para lucrar mais sem as pessoas perceberem. Eu não minto.
— Ai ai. Só você mesmo.
— Vou comer alguma coisa, depois a gente se fala.
— Ok. Até mais Glenn. — disse Wolf e a TV voltou ao normal onde passava jogo.
Glenn se levantou e foi almoçar, restava apenas esquentar a comida que já estava fria e após comer se pôs a dormir numa rede armada na sua varanda.
O tempo passou e Glenn foi acordado 15:50h quando Wolf fez seu celular alarmar com o volume máximo.
— Acorda. Já são 15:50h.
— Ok. Acordei. Valeu. — respondeu Glenn se levantando rápido e indo tomar um banho.
Ao terminar foi se vestir. Usava uma camisa sem mangas totalmente preta, sem desenho algum, uma bermuda rasgada e uma bota jeans.
— Por que você sempre sai tão enfeitado?
— Não é enfeitado Wolf, é meu estilo. E gosto é uma coisa indiscutível. — respondeu Glenn pondo em suas mãos um par de luvas sem dedos preta com detalhes em azul.
Logo pegou seu skate longboard e seguiu na direção da casa do homem que já o esperava do lado de fora. Glenn havia chegado 16:29h.
— Que pontual. — disse o homem se levantando para por seu carro para fora.
— Não gosto de atrasos. Mania de virginiano, se é que me entende. — completou Glenn se aproximando do carro do homem que já o ligação para sair — Posso por meu long no porta malas? Não gosto de deixar ele nas casas alheias.
— Sinta-se a vontade. — respondeu o homem destravando o porta malas.
Glenn entrou e eles seguiram até a escola de onde a filha do homem estudava.
Chegando lá, as turmas ainda não haviam sido liberadas, então o homem resolveu apresentar a escola a Glenn, já que quando não estava trabalhando, estava naquela escola com sua filha.
Os corredores vazios, cheios de armários e bem limpar refletia o brilho das lâmpadas no piso.
O homem comentava sobre o último baile que teve naquela escola enquanto Glenn observava o que havia dentro das salas, até encontrar uma sala de música e resolver parar para ver.
Dentro da sala não havia muita coisa, apenas alguns poucos instrumentos de percussão espalhados e um grande piano com uma pequena moça sentada sobre ele, sua voz aguda, calma e melodiosa adentrou firme nos ouvidos de Glenn ao ouvi-la cantar. Ela não usava o uniforme da escola e sim um lindo vestido rosa com preto com uma sapatilha de bailarina nos pés.
— Pelo visto se encantou pela professora de música. — disse o homem vendo que Glenn havia parado.
— Não. Só pela voz dela mesmo.
— Sim, é muito linda.
— Papai! — gritou a filha do homem indo em direção a ele correndo.
— Oi filhote. Foi liberada mais cedo?
— Sim, a professora viu você passando pelo corredor e me liberou. O que estão fazendo?
— Glenn se encantou pela sua professora de música.
— Ela é muito linda moço, se quiser converso com ela pra ver se dá certo vocês dois.
— Querida, eu não preciso que ninguém marque nada para mim, se eu quero ficar eu mesmo digo. Ok?
— Ok. — respondeu ela atenta.
— O que está havendo aqui? — perguntou a moça descendo do piano.
— Tia Sarah! — gritou novamente a garota correndo para abraças a professora.
— Oi Ágata. Saindo cedo denovo? — perguntou a professora retribuindo o abraço.
— A culpa é do papai que chega sempre cedo.
— Quem é esse? — perguntou a professora olhando para Glenn.
— Me chamo Glenn. — respondeu.
— Ele me fez um quadro e logo fará uma escultura da minha filha. Por isso veio comigo.
— Que legal. Um artista. — respondeu ela.
— E também músico e cantor. — completou Glenn.
— Deveríamos fazer um dueto qualquer dia desses. — disse a professora.
— Quem sabe.
— Aos sábados temos aulas comunitárias de música, poderia vir para mostrar seus talentos.
— Vou ver meu tempo. Ando meio ocupado ultimamente, principalmente agora que vou trabalhar para ele.
— Vamos? Tenho que voltar ao trabalho. — disse o homem já ficando um pouco impaciente.
— Vamos. — respondeu Glenn cumprimentando a professora e se retirando com eles e indo para casa.
— Só um minuto, vou buscar uma coisa. — disse o homem entrando em sua casa.
Logo um grupo de religiosos passou, possivelmente vindo de um culto e uma pequena garota de cabelos louros e cacheados se despediu do grupo e foi em direção a casa ao lado.
— Aquela é a Ashley, nossa vizinha. — disse Ágata ao ver que Glenn não tirava os olhos da garota.
— Nome bonito. — respondeu Glenn.
— Parece que não foi o nome que te chamou atenção.
— Foi sim.
— Você não tem namorada?
— Prefiro não ter. Mas poderia.
— Por quê?
— Porque eu não quero. Prefiro apenas eu e meu gato. Não é tão difícil de lidar.
Antes de Ágata pudesse continuar a conversa, seu pai retornou, então seguiram a casa de Glenn.
Chegando lá, ele os levou a sua sala de carpintaria e pegou seu notebook e uma câmera.
— Fique aqui. — disse Glenn pondo Ágata sobre um pequeno carpete no centro da sala.
Começou a tirar várias fotos dela de todos os ângulos possíveis. Cima, Baixo, direita, esquerda, costas, frente, etc.
— Pronto. — disse Glenn.
— Só isso? — perguntou o homem.
— Sim. Agora do paço pro notebook e crio uma forma dela com as fotos que tirei.
— Então já estamos liberados?
— Sim.
Glenn os acompanhou até a porta e ao voltar, pegando uma xícara de café se jogou sobre o sofá com seu notebook sobre as pernas começou a editar criando a forma de Ágata.
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A Ascensão de Glenn Owen
RomanceGlenn Owen perdeu seus pais muito novo e foi forçado a viver com seus tios que pouco tempo depois foram assassinados, portanto, forçado a viver sozinho, Glenn usou de seus talentos para se sustentar. Agora como músico, escultor e pintor, ainda d...