A boate estava cheia. Centenas de corpos suados, extasiados pela bebida, pessoas dançando e se divertindo, alheias aos problemas que tinham fora daquele lugar. Ali a única coisa que importava era a música.
Era a isso que Yuri se agarrava enquanto segurava de forma possessiva a barra de segurança que separava o camarote da pista de dança. Lá em baixo, Otabek gesticulava e gritava, implorando para que o loiro o ouvisse, sempre dizendo que sentia muito e pedindo desculpas. Já fazia um mês, um mês que o maldito paparazzi o tinha seduzido, levado para a cama e tirado fotos dele em momentos constrangedores, fotos não, foto. Porque a única imagem daquele final de semana que foi a mídia foi a capa daquela revista. E Yuri perguntava-se se Otabek teria sido estúpido e tirado apenas uma foto, ou se estava esperando o preço do cantor aumentar. O pensamento o enjoava.
O fato era que após esse incidente, o russo parou de se esconder, estava dando aos malditos vermes o que eles tanto queriam. Deixava-se ser fotografado em todo tipo de situação, desde vomitando em um beco após beber tudo o que tinha direito em uma balada, a estar fazendo sexo com seu dublê nos bastidores do videoclipe.
Os três primeiros dias após ter conhecido Otabek, foram como o inferno, Yuri se amaldiçoava por ter sido tão bobo, tão infantil e ingênuo, por achar que alguém iria se aproximar dele sem interesse em sua carreira... E o fato de o moreno não o deixar em paz não ajudava. Otabek havia se plantado em frente a seu prédio, implorando para que o loiro o deixasse se explicar.
Explicar o que? Que ele era um merda de Paparazzi, que o havia seduzido, manipulado e se aproveitado? E pensar que Yuri tinha se aberto com ele, falado de seus sentimentos em relação a carreira e futuro. Patético.
Agora estava ali, na mesma boate em que se conheceram, o fotógrafo tinha sido DJ, e após passar o comando da mesa para outro profissional, tinha se posto abaixo do camarote do russo.
Yuri se odiava por o olhar, por se deixar abalar com sua presença, por ter de se segurar para não descer até lá e abraçá-lo, porque quando ele fechava os olhos, ele ainda sentia o gosto de whisky com menta da boca do outro na sua, e isso o enlouquecia. Como podia pensar nele desse jeito depois de ter sido usado?
E era pra não se sentir assim, que ele estava sempre bebendo, se drogando, e tentando manter a mente o mais longe que podia de Otabek.
— No que tanto pensa gatinho? - sentiu duas mãos geladas entrando por sua camisa, lhe acariciando a cintura, enquanto tinha o pescoço e nuca beijados.
— Alex, você trouxe? - perguntou virando-se para o loiro atrás de si, encarando seus orbes verdes - Eu preciso Alex, preciso agora!
— Eu trouxe, mas acho que você já bebeu demais, não é uma boa!
— Ah, pelo amor de deus, você vai ficar me regulando agora, porra?
— Tudo bem, mas você terá que me recompensar - sussurrou em seu ouvido, causando-lhe um arrepio de excitação, correu os olhos para a pista, a procura do fotógrafo, mas ele não estava mais lá.
Caminharam entre beijos até banheiro, Yuri sentia-se bem na companhia de Alex. Ele o proporcionava métodos de manter a mente longe de Otabek, e o russo agradecia por isso.
Tinham se conhecido meses antes do incidente com o Cazaque, durante as gravações de um videoclipe, Alex era ridiculamente parecido com Yuri, e por isso, fora escolhido para ser seu dublê.
Depois do ocorrido com Otabek, Yuri passou a beber muito. Preferia estar chapado a ter que pensar em tudo que tinha acontecido, toda vez que se sentia sóbrio, o moreno estava lá, em seus pensamentos, fazendo-o se sentir fodidamente quente, para depois lembrar-se da maldita foto na revista e se sentir um lixo. Foi quando Alex apareceu com uma seringa, dizendo que aquilo faria Yuri se sentir bem, que ele não precisaria mais pensar em nada, e como o fraco que era, ele aceitou. O efeito da droga era sempre instantâneo, e Yuri se perdia no nada, que aquela sensação o proporcionava.

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Paparazzi
FanfictionYuri estava cheio daquela vida. Tudo que queria era andar pelas ruas como uma pessoa comum e viver da sua música, como sempre sonhou. Mas cada lugar em que pisava deixava claro que nada poderia ser normal pra ele. Será que não podia mesmo? Durante u...