Otabek havia estendido a toalha xadrez na sombra da grande árvore ao lado do trailer, tinham devorado toda a torta de cereja e agora descansavam. O moreno estava sentado com a cabeça do russo sobre suas pernas, lhe acarinhava entre os fios. Observava as nuvens daquele final de tarde, pensando em como chegaram até ali. Em poucos meses Yuri tinha se tornado parte essencial de seus dias, e tê-lo ali, em seus braços, depois de tudo que tinham passado, era quase surreal.
Para ele, Yuri era apenas o homem expressivo e carismático, que podia ser bastante rabugenta vez ou outra, mas que tinha o coração mais puro do mundo. Era engraçado pensar em como os pensamentos sobre uma pessoa poderia mudar depois de conhecê-la. Antes, quando via Yuri pelos outdoors e capas de revistas, via apenas uma casca, e embora Yuri tentasse preservar sua imagem e não deixar que quase nada de sua vida pessoal escapasse pelos tabloides, a imagem que Otabek moldara do loiro era totalmente diferente da de agora. O via como alguém seco, sem alma. Um boneco que fazia exatamente o que lhe mandavam, e não tinha opinião própria.
Mas agora, o conhecendo por inteiro, sabendo como ele era tão humano quanto qualquer um, e que possuía tanto sentimentos direcionados a si, pensava que as coisas aconteceram exatamente como deveriam acontecer.
– Você está muito pensativo. – Yuri disse depois de uns minutos em silêncio.
– Estava pensando em como viemos parar aqui...
– Ah, foi assim, você parou sua moto em minha frente e disse: Vai subir ou não? – Otabek sorriu, baguçando-lhe os cabelos – O que é isso?
Tinha o envelope que Otabek colocara na cesta em mãos e o segurava contra o sol, numa tentativa de ver seu interior.
– São suas fotos!
Otabek pegou o envelope e sem pressa alguma começou a abri-lo, a verdade era que estava bastante nervoso. Não sabia como Yuri reagiria as imagens, e não queria, que o loiro se afastasse novamente de si. Também não queria vê-lo novamente na situação que ficara depois de ver a primeira foto, perguntava-se se tinha sido uma boa ideia leva-las aquele piquenique... estavam num clima gostoso, não queria estragar o momento.
– Pelo amor de deus, me dá logo esse envelope. – Yuri pegou novamente o objeto, tirando as fotos de dentro e descartando-o sobre a toalha.
Passaram-se alguns minutos de silêncio, enquanto o cantor analisava com calma cada foto, sem expressar emoção alguma, apenas as folheavam, voltando para o início, de novo e de novo.
A primeira era a que Yuri já conhecia. Deitando de bruços sobre a cama de Otabek, os cabelos na época tão longos, esparramados para todos os lados, as costas despidas tinham marcas de arranhões e chupões, lembranças na noite que tiveram.
Na segunda, Yuri cantava na lanchonete de waffles. A foto foi tirada de longe, era possível ver a pequena movimentação que se formou em frente a jukebox, e o loiro com os cabelos escondidos debaixo de um boné, usava sua costumeira calça preta, justa demais na visão de Otabek e com alguns rasgos, e uma camiseta tão grande que o fazia parecer ainda menor. Ainda assim, pela expressão captada em seu rosto naquela imagem, via-se o quão feliz estava, com o microfone em mãos, cantando de olhos fechados para aquela - ainda que pequena -, plateia, parecia estar em casa.
Na terceira, estava sentado no velho balanço que tinha embaixo da árvore que agora estavam. De costas, balançava-se ao alto, quase flutuando sobre os girassóis que faziam daquela foto quase uma obra de arte. Era a favorita de Otabek, não por ver Yuri tão à vontade em seu lugar favorito no mundo, mas porque quando guardou o celular e se posicionou a sua frente depois de impulsioná-lo ainda mais alto no balanço, o loiro tinha o sorriso mais lindo que o cazaque já vira, e aquele momento ficaria guardado para sempre em seu coração.
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Paparazzi
FanfictionYuri estava cheio daquela vida. Tudo que queria era andar pelas ruas como uma pessoa comum e viver da sua música, como sempre sonhou. Mas cada lugar em que pisava deixava claro que nada poderia ser normal pra ele. Será que não podia mesmo? Durante u...